Títulos atrelados à inflação no curto prazo devem ser mantidos até o vencimento neste momento
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) é o índice oficial de inflação usado pelo governo brasileiro e medido pelo IBGE. O último dado oficial da inflação, de fevereiro desse ano, aponta a taxa em 1,31%. No acumulado de 12 meses, o índice encontra-se em 5,06%. Então, pensando no curto prazo, de 1 a 2 anos de acordo com as fontes consultadas, será que vale a pena investir em títulos atrelados à inflação?
Esse tipo de produto não é o mais recomendado para esse período considerado menor, caso o investidor pense em usar parte do retorno financeiro antes do vencimento. “No curto prazo, esses títulos, como o Tesouro IPCA, por exemplo, estão sujeitos à marcação a mercado. E isso significa que o valor do título pode oscilar conforme as expectativas de inflação e taxas de juros”, comenta Marcos Piellusch, professor da FIA Business School.
O que é marcação a mercado |
A marcação a mercado é uma atualização que o mercado financeiro faz todos os dias nos preços dos ativos. Ou seja, com ele é possível saber quanto o investidor receberia se fosse vender um título hoje, por exemplo. |
Segundo o especialista, se houver alta nas taxas de juros ou mudanças nas expectativas inflacionárias, o preço desses títulos pode cair. “O que leva a possíveis perdas para quem deseja resgatá-los antes do vencimento”, acrescenta.
Nova Selic vem aí
Nesta segunda-feira, o Itaú indicou que o Comitê de Política Monetária (Copom) vai elevar a taxa Selic em um ponto percentual esta semana. Depois, o banco projeta duas altas de 0,50 ponto percentual e então será o fim do ciclo atual de alta. Se essa projeção se confirmar, a Selic chegará a 15,25% ao ano.
Para Lucas Buffon, especialista em investimentos e sócio da GT Capital, dá para se proteger contra esta variação dos títulos atrelados à inflação no curto prazo. “Basta manter o ativo até o vencimento previsto. Desta maneira, o investidor irá receber o valor acordado inicialmente”, afirma.
Geralmente, esses investimentos possuem uma taxa prefixada, além do IPCA, que aí sim pode variar.
Quais títulos atrelados à inflação são interessantes agora
Então, com a ideia de manter esse tipo de investimento até o seu vencimento, alguns títulos podem sim entrar na carteira de períodos mais curtos.
Tesouro IPCA+ 2026 ou 2027
De acordo com Buffon, os ativos IPCA+ rentabilizam o investidor com a inflação no período e mais uma taxa fixa acordada na hora da compra do ativo.
“A escolha desses títulos deve-se a sua segurança, liquidez e à proteção contra a desvalorização da moeda e do poder de compra do consumidor. Sendo assim, esses investimentos são boas opções, pois oferecem rentabilidade acordada com a inflação, protegendo o investidor de um modo eficaz”, argumenta.
Fundos de renda fixa atrelados à inflação
Fundos desse tipo investem em uma carteira diversificada com alguns títulos IPCA+. E isso reduz as oscilações.
Afinal de contas, o investidor aplicará em um produto com vários ativos juntos.
Ou seja, enquanto um ativo cai, por exemplo, outro pode subir ou se manter estável, o que acaba equilibrando perdas e ganhos.
“Além disso, esses fundos de renda fixa atrelados à inflação apresentam maior liquidez do que um título individual. E pela mesma justificativa: contam com vários ativos dentro do portfólio”, argumenta Daiane.
A especialista também chama a atenção para um ponto desse tipo de investimento. “Se a inflação continuar alta e as taxas de juros caírem, esses fundos podem se valorizar no curto prazo. No entanto, a cobrança de taxas de administração e performance pode reduzir a rentabilidade líquida. E mais: caso os juros subam, o preço das cotas (dos títulos) pode cair”, alerta.
De olho no horizonte de investimento
Um ponto fundamental na hora de investir é ter clareza sobre o prazo de vencimento do título. Vale saber, aliás, que o longo prazo no mercado financeiro é considerado acima de 5 ano.
“Os títulos atrelados à inflação funcionam melhor quando carregados por períodos maiores, pois permitem capturar o efeito da correção pela inflação de forma mais consistente. Por isso, para quem precisa de liquidez no curto prazo, o risco de perdas pode ser maior. Além disso, é importante alinhar o investimento ao objetivo financeiro”, explica Andressa Bergamo, especialista em mercado de capitais e sócia-fundadora da AVG Capital.
Diversificar sempre
E antes de escolher qual o melhor título atrelado à inflação é o melhor, vale reiterar por aqui aquela boa premissa de alinhar as aplicações financeiras ao perfil de risco do investidor e do horizonte de investimento.
“Para objetivos de curto prazo, priorizar a segurança e a liquidez é essencial. Embora títulos atrelados à inflação sejam excelentes para preservar o poder de compra no longo prazo, eles podem não ser os mais indicados para períodos curtos. E isso devido a sua sensibilidade às condições de mercado. Por isso, é interessante sempre considerar a diversificação da carteira e, se necessário, consultar um profissional de investimentos para orientações personalizadas”, finaliza o professor da FIA.
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