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O que Homer Simpson pode ensinar (ou não) sobre finanças e investimentos
5 regras que você pode tirar dos erros e acertos do anti-herói de Springfield
No começo de 2023, tivemos a confirmação: Os Simpsons vai durar, pelo menos, até a temporada de número 36. O seriado é um dos mais longevos da história. Trata-se da sitcom animada mais longa já registrada, certificada pelo Guinneess.
Eu, particularmente, gosto do humor surreal e ácido de Os Simpsons. Sou capaz de citar dezenas de frases do Homer Simpson de cabeça. Para qualquer situação da vida, há um momento de sabedoria do pai de família de 39 anos. Por caso, essa é minha idade no momento em que escrevo este texto. Só de Simpsons, são mais de 30 anos.
No campo financeiro, essa sabedoria também se manifesta. Homer e sua turma têm muito a nos ensinar sobre finanças pessoais, organização financeira, empréstimos e até investimentos. Mesmo que, muitas vezes, o ideal seja fazermos o exato oposto do que os personagens amarelos fazem.
Marge e Lisa talvez sejam as únicas exceções na insana cidade de Springfield. Não é coincidência que elas sejam vistas por seus conterrâneos como chatas e metódicas demais. Em terra de cego, que tem um olho (ou quem não tem um giz de cera enfiado no cérebro) é rainha.
Então vamos a elas, as principais lições financeiras e de investimentos de Os Simpsons. Quero deixar claro que essa lista não esgota todas as referências a dinheiro no seriado. Daria para escrever um livro sobre o assunto.
No episódio “Homer versus Patty e Selma“, Homer conta aos companheiros de Bar do Moe que investiu no mercado futuro de abóboras.
“Nesse ano, eu investi em abóboras. Elas têm subido durante todo o mês de outubro, e eu tenho a sensação de que elas vão chegar ao pico por volta de janeiro e BUM! É aí que eu pego minha grana!”
A piada não é tão clara para os brasileiros, mas faz sentido para os americanos. Outubro é o mês do Halloween nos Estados Unidos, uma data comemorativa em que se celebra a colheita de vários vegetais, dentre eles, as abóboras. A febre por elas é tão grande que até o Starbucks faz um café especial com sabor de abóbora. Além, claro, das decorações que muitos americanos fazem usando essas frutas.
Para Homer, o correto seria sair desse investimento ANTES de outubro. Porque depois disso, a temporada de Haloween acaba e o preço das abóboras cai. Por isso, preste muita atenção à possível sazonalidade de certos investimentos. Sejam eles ações ou quem sabe entrar de sócio em um negócio, preste atenção aos períodos de maior demanda, que tendem a gerar picos nos preços de ativos, e também às quedas.
Disco Stu é um personagem secundário do seriado que é fanático por disco music. Na décima-primeira temporada, ele tenta convencer Homer a investir em álbuns desse estilo de música. O raciocínio dele é o seguinte: as vendas de música disco cresceram 400% até o ano de 1976. “Se essa tendência continuar… Hey!”. Ele sugere que a curva continuará crescendo, gerando muitos ganhos para os investidores.
A temporada em questão foi ao ar entre 1999 e 2000. Nessa época, a disco music já tinha se tornado uma vaga lembrança, assim como Os Embalos de Sábado à Noite, filme icônico da época. Assim como no primeiro exemplo, aqui temos mais um exemplo de como podemos ser enganados por números, gráficos e aparentes tendências.
De fato, quem investiu em música disco nos anos 70 deve ter ficado rico. Mas, para conseguir lucrar com o estilo dançante, era necessário ter conhecimento profundo do mercado musical. Para nós, a lição é: não se arrisque em áreas que você não domina. Ou nas quais não esteja muito bem assessorada.
O exemplo de Disco Stu pode parecer óbvio e ridículo, mas podemos ser enganados em situações parecidas sem nem perceber. Sempre desconfie de promessas mirabolantes. Quando se trata de investimentos, milagres não existem.
Homer trabalha na usina atômica de Springfield e, na terceira temporada, ficamos sabendo que ele e vários funcionários têm ações da empresa. Quando se espalha o boato de que o dono da usina, Senhor Burns, talvez a venda para um grupo de investidores alemães, o preço das ações dispara.
Impulsivo, afobado e ignorante, Homer resolve vender suas ações por míseros US$ 25, o que comprou apenas uma cerveja especial no bar do Moe. Seus colegas de trabalho, que aparentemente estavam melhor informados, ganham pequenas fortunas com a venda de suas ações. Lucram o suficiente para comprar carros novos e até fazer cirurgia plástica.
A lição que Homer aprende – será que ele aprende alguma coisa?- é: ter boas informações a respeito dos seus ativos é essencial para não cair em roubadas e não tomar prejuízo. Homer vendeu suas ações por um preço muito baixo e cedo demais. Se tivesse bom aconselhamento, teria conseguido criar uma reserva de emergência, algo que sua esposa, Marge, desejava muito.
Às vezes a gente guarda nosso suado dinheiro para comprar algo com que sempre sonhamos. Ou queremos dar um presente especial. No entanto, precisamos tomar cuidado: nem sempre o preço nominal é único gasto que teremos.
Homer aprende essa dura lição na terceira temporada, quando resolve presentear sua filha, Lisa, com um pônei. Na tentativa de obter perdão de Lisa, a quem havia magoado, Homer se enrosca financeiramente sem pensar nas consequências.
Comprar o animal é apenas o primeiro gasto: é necessário abrigá-lo em um estábulo, providenciar comida, limpeza e aulas de equitação para Lisa. Sem conseguir dar conta das despesas, Homer se vê obrigado a arranjar um segundo emprega. Começa a trabalhar no turno da madrugada no mercadinho Kwik-E-Mart. Dormir? Nem pensar? Os boletos do pônei (e os da casa) não param de chegar.
Por isso, tenha cuidado ao realizar sonhos. Não são raros os casos de pessoas que ganham grandes quantidades de dinheiro e acabam perdendo tudo rapidamente. Comprar uma casa dos sonhos, um carro chique ou um avião podem se tornar pesadelos. Alguns bens geram despesas altíssimas depois que você os adquire. Homer tentou realizar o sonho de Lisa, mas não percebeu que precisaria de muito mais dinheiro para manter o pônei.
Os Simpsons não são conhecidos em Springfield por serem uma família rica. Por isso, Lenny Leonard, um dos melhores amigos de Homer, pergunta a ele de onde tira tanto dinheiro para bancar suas anuais festas de Mardi Gras, o carnaval celebrado em New Orleans e outras cidades americanas. Estamos na vigésima temporada da animação.
Homer Simpson responde que descobriu um “segredo” financeiro, chamado home equity loan. Basicamente, trata-se de um empréstimo que uma pessoa faz dando sua casa ou apartamento como garantia. Resumindo, se você não paga a dívida, perde sua moradia.
Mas Homer não entendeu muito bem o que estava fazendo e “explica”: “Eu pego um monte de grana e a casa é quem fica com a conta!”. Lenny ainda tenta argumentar, dizendo que não é bem assim que a coisa funciona, mas é ignorado. É claro que os Simpsons acabam perdendo a casa e a trama do episódio se desenrola a partir disso.
A lição que Homer Simpson não aprende é: antes de tomar um empréstimo, fazer um financiamento, investir ou assinar qualquer contrato, faça de tudo para entender as minúcias do compromisso que está assumindo. Todo compromisso financeiro tem prazos, taxas, porcentagens e diversos detalhes que podem atrapalhar sua vida. Fique sempre muito atento.
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