O que os eventos de tecnologia podem ensinar aos investidores?

Novas ideias, inteligência artificial e impacto no trabalho: como tudo isso pode mexer com seus investimentos

Eventos Tech valem a pena? A reposta rápida é SIM! Os eventos focados no setor podem ser muito ricos – tanto do ponto de vista de conteúdo, quanto do ponto de vista de networking. Na minha coluna da Inteligência Financeira deste mês, contarei o que rolou no principal evento da indústria e quais foram meus aprendizados. Vamos nessa?

Web Summit

O mês de maio foi marcado por diversos eventos no mundo de tecnologia. Sem dúvidas o maior foi o Web Summit Rio de Janeiro, evento originalmente de Portugal, que fez sua primeira versão internacional no início do mês.

Foram 4 dias, 22 mil pessoas, 91 nacionalidades, 21 palcos e bastante conteúdo de qualidade. A versão carioca da maior feira de tecnologia da Europa contou com o Itaú BBA como um dos principais patrocinadores.

Entre os palestrantes, destaque para Ben Goertzel, cientista cognitivo e entusiasta do tema do ano, inteligência artificial. Além dele, passaram pelo palco principal Meredith Whittaker, presidente do Signal Foundation, Milton Maluhy, CEO do Itau Unibanco, Eric Acher, fundador do fundo de venture capital Monashees – entre outros executivos da indústria.

O tema central foi novamente a inteligência artificial. Se engana quem acha que o tema está batido, tem muita coisa ainda por vir. Eu, particularmente, aprendi bastante pois escutei outros pontos de vista.

Meredith Whittaker, do Signal Foundation, trouxe diversos insights que ainda não estavam no meu radar. Para ela, a maioria das startups que se vendem como especialistas de IA, está na verdade licenciando a tecnologia e infraestrutura de uma big tech e dando uma outra roupagem a ela, e assim criando um novo produto ou serviço.

Para a executiva, as startups não são “donas” de nenhuma tecnologia, e o poder segue na mão das big techs – e isso é um problema.

A inteligência artificial é um subproduto de conhecimentos agregados da internet. Uma das formas mais comuns de gerar dado é através dos anúncios online que são capazes de captar uma variedade de informações quando são exibidos às pessoas. Quais são as principais empresas por trás desses anúncios? Amazon e Google – ou seja, ficamos em um loop infinito – sempre voltamos às big techs.

Outra fala que chamou bastante atenção foi a do CEO do GitHub, Thomas Dohmke. Dohmke afirma que o futuro da codificação será a “era do desenvolvedor 10x”. Ou seja, atualmente, 46% do código pode ser escrito pelos assistentes de AI como Chat GPT ou Copilot.

Sendo assim, 10 dias de trabalho de um desenvolvedor poderá ser feito em um único dia, ao passo que 10 horas será feito em uma hora e 10 minutos, em um único prompt.

Não ache que todos nós perderemos nosso trabalho do dia para noite, ao passo que a IA melhora nossa produtividade e automatiza processos – ela pode falhar, e é aí que o humano intervém e assume o controle. Ganha quem souber usar esse tipo de ferramenta.

A importância do fator humano

Por fim, isso me leva a um ponto que me marcou muito – e que foi justamente na fala do CEO do Itaú Unibanco. Ao falar sobre centralidade no cliente e inovação, Maluhy frisou a importância do componente humano. Em um momento que abordamos apenas do que é “high tech”, o “touch” segue sendo de extrema importância.

A colocação me fez refletir que quanto mais a tecnologia evoluir, mais o componente humano (quando bem treinado junto à essas tecnologias) será importante. Afinal, existem situações em que o toque humano é insubstituível.

A meu ver, essa fala também é uma resposta para a minha provocação inicial. Os eventos de tecnologia que juntam as pessoas, e as incentivam a trocar ideia ao vivo, valem muito a pena. Existem trocas que, quando retiramos a naturalidade da interação ao vivo, simplesmente não acontecem. Além disso, esses eventos proporcionam um conteúdo que (por mais que estejam disponíveis em vídeos na internet) a gente não iria consumir se não fosse no evento.

O que os investidores têm a ver com isso?

Bom, e o que isso tem a ver com o mercado financeiro? Simplesmente TUDO! Investidores devem ficar de olho nas novas tendencias, como inteligência artificial e produtividade, pois as empresas que souberem aproveitar isso, terão ganhos importantes em rentabilidade – e, como consequência, deve impactar seus preços em bolsa.

Além deste ponto, a inteligência artificial otimiza os processos internos de uma instituição financeira. Dois que já estão muito claros que serão impactados: análise de crédito e o atendimento ao cliente.

Falando mais especificamente, a IA é útil na prevenção de fraudes, no atendimento aos clientes de forma personalizada, e nas recomendações de investimento com base nos hábitos de consumo de cada um. Fica muito claro então que ela traz vantagens para todos os agentes.

Do ponto de vista do usuário, a experiência fica mais fluida, uma vez que o atendimento será específico para as necessidades de cada um. Por outro lado, as instituições ganham na eficiência.

Olhando para o lado de infraestrutura, com todas essas ferramentas, o mercado financeiro pode mudar significativamente: desde a forma como as corretoras operam até com as bolsas funcionam. As oportunidades são infinitas. Seguimos acompanhando!