Carteira protegida contra volatilidade? Analista recomenda ‘investimento 50-30-15-5’; entenda

Reduzir a volatilidade nos investimentos é fundamental para quem busca consistência e previsibilidade nos retornos. A volatilidade mede a variação dos preços dos ativos ao longo do tempo e neutralizá-la pode ser um grande desafio. Especialmente para investidores com objetivos de curto e médio prazos. Manter um portfólio protegido contra oscilações bruscas do mercado exige estratégias bem estruturadas, que equilibrem risco e retorno de forma eficiente.
Por que é importante reduzir a volatilidade nos investimentos?
Segundo Matheus Lima, analista de investimentos e sócio da casa de análise Top Gain, um portfólio com alta volatilidade pode comprometer significativamente o capital investido, dificultando a recuperação em momentos de crise.
“Quedas abruptas podem levar a perdas expressivas e, muitas vezes, o investidor acaba tomando decisões impulsivas, como vender ativos no pior momento possível. Ter uma estratégia bem definida para reduzir a volatilidade é fundamental para garantir retornos consistentes e minimizar impactos negativos do mercado”, explica o analista.
Além disso, estratégias que reduzem a volatilidade ajudam a manter a disciplina do investidor, evitando movimentos motivados por pânico ou euforia. Para reduzir a volatilidade de um portfólio, é necessário adotar uma combinação de abordagens. Entre as principais estratégias, Lima destaca algumas.
Estratégias para reduzir a volatilidade
Diversificação de ativos
A diversificação de ativos é a estratégia mais conhecida para mitigar riscos e suavizar oscilações do mercado. O conceito central é distribuir os investimentos entre diferentes classes de ativos, setores econômicos e regiões geográficas, evitando a concentração excessiva em um único tipo de investimento.
A alocação entre renda fixa (Tesouro IPCA+, CDBs, debêntures), renda variável (ações, ETFs, FIIs), commodities e até criptomoedas pode reduzir a volatilidade, pois cada classe de ativos responde de forma diferente a cenários econômicos.
Além disso, investir em setores distintos, como tecnologia, saúde, consumo e infraestrutura, evita que o portfólio seja excessivamente impactado por crises setoriais. Diferentes horizontes de investimento também ajudam a balancear o portfólio, garantindo liquidez no curto prazo sem comprometer oportunidades de longo prazo.
Gestão ativa da carteira
A gestão ativa da carteira permite ajustes conforme as condições do mercado mudam, ajudando a manter o equilíbrio do portfólio. O rebalanceamento periódico é essencial para evitar que a valorização ou queda de determinados ativos altere o perfil de risco da carteira, garantindo que ela permaneça alinhada com a estratégia inicial. O acompanhamento contínuo do cenário macroeconômico também é fundamental para antecipar mudanças e tomar decisões estratégicas antes de grandes oscilações.
Uso de derivativos para proteção
“Ferramentas como contratos futuros e opções podem ajudar a reduzir perdas em períodos de alta volatilidade”, explica Lima. Uma das formas mais comuns, a de opções de venda (PUTs), funcionam como um “seguro” para ações, permitindo ao investidor vender o ativo a um preço previamente determinado, independentemente de quedas bruscas no mercado.
Exposição internacional
Investir em ativos de diferentes países ajuda a mitigar riscos econômicos específicos do Brasil e reduzir a volatilidade. A exposição internacional é uma forma eficiente de diluir riscos e acessar oportunidades de investimento que não estão disponíveis no mercado local.
Alguns exemplos são os ETFs internacionais, fundos globais, além de bonds e títulos públicos de outros países, como os Treasuries dos EUA ou bonds corporativos, que oferecem proteção contra oscilações da economia local.
De uma forma geral, destaca Lima, uma boa diversificação pode evitar que uma queda em um determinado setor comprometa todo o portfólio.
“Além disso, ativos como ouro e fundos imobiliários tendem a ter baixa correlação com o mercado de ações, o que ajuda a suavizar as oscilações.”
Como montar uma carteira mais equilibrada?
Para quem busca reduzir a volatilidade, Lima sugere um modelo de portfólio moderado-defensivo, que equilibra segurança e potencial de valorização.
Renda fixa (50%) |
30%: Tesouro Selic e Tesouro IPCA+ |
20%: CDBs, LCIs, LCAs e debêntures de alta qualidade |
Renda variável (30%) |
20%: ações de grandes empresas e ETFs diversificados |
10%: fundos imobiliários |
Ativos reais e alternativos (15%) |
10%: ouro e commodities |
5%: criptomoedas |
Hedge e Derivativos (5%) |
Contratos futuros e opções para proteção estratégica |
Esse modelo pode ser ajustado conforme o perfil do investidor. Os mais conservadores podem aumentar a parcela de renda fixa, enquanto investidores mais arrojados podem destinar uma fatia maior à renda variável e ativos alternativos.
“Independentemente do perfil, o mais importante é ter um planejamento sólido e manter a disciplina. A volatilidade sempre existirá, mas com uma estratégia bem definida, seus impactos podem ser significativamente reduzidos”, conclui Lima.
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