Dólar x bolsa: qual a relação entre essas duas variáveis?

Ter ativos descorrelacionados na carteira pode ajudar a melhorar os ganhos e reduzir os riscos

Detalhe da nota de dólar. Foto: Javier Ghersi/Getty Images
Detalhe da nota de dólar. Foto: Javier Ghersi/Getty Images

Ibovespa sobe, dólar cai. Ibovespa cai, dólar sobe. Quem começa a acompanhar o mercado pode se perguntar por que esses dois indicadores tão importantes costumam se movimentar em direções opostas.

Mas por que isso acontece e como aproveitar essa relação para montar sua carteira de investimentos?

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“Dólar e bolsa têm uma correlação inversamente proporcional. Não é uma relação exata, mas acontece de uma forma geral”, diz Larissa Frias, planejadora financeira do C6.

“Isso acontece pelo princípio básico da economia, que é demanda versus oferta. Quando a gente enxerga uma entrada grande de dólar aqui no país, você tem uma oferta muito grande e a cotação cai. Geralmente, esse volume acaba direcionado para investimentos no país de forma geral, como para as empresas listadas. E o Ibovespa acaba tendo o movimento contrário. Via de regra, quanto mais capital estrangeiro vem para cá, o um investimento na nossa bolsa está mais atrativo e ela acaba sendo valorizada”, diz Larissa.

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Percepção de risco

Para Rachel de Sá, chefe de economia da Rico, fica mais fácil entender essa relação quando se olha para a taxa de câmbio do real contra o dólar.

“Nesse caso, a gente não vai ver uma relação oposta. A gente vai ver que muitas vezes, quando a bolsa cai, a gente também vê o movimento de queda do real, da nossa moeda se desvalorizando”.

Outro fator que explica a relação inversa entre dólar e bolsa tem a ver com a percepção de risco no mercado.

“A pandemia foi um exemplo super claro de aversão a risco, globalmente. A gente não sabia o que ia acontecer no mercado, então essa incerteza fez com que indicadores mais seguros fossem os mais procurados pelos investidores. E o dólar é um dos ativos mais seguros, e a renda variável acaba ficando em segundo plano nesses momentos”, diz a planejadora.

“Então como ativo financeiro, a moeda vai refletir a percepção de risco de investidores em relação aos ativos daquele país. Então, se tem uma percepção de risco mais elevada em se investir no Brasil, você tende a ter um movimento dessa precificação”, diz Rachel de Sá.

“O que qualquer investidor mais desgosta é de incerteza. Então quanto mais incerteza doméstica, mais isso é precificado nos nossos ativos, incluindo tanto ações negociadas na nossa bolsa, quanto a nossa moeda.”

Ou seja, em momentos de mais incerteza, os investidores – não só as pessoas físicas, mas também os grandes players institucionais – tendem a se abrigar na segurança do dólar em detrimento da bolsa. Com menos dinheiro na bolsa, as cotações das ações tendem a cair.

Por outro lado, se o momento é de otimismo com a economia, os investidores destinam uma parcela maior do seu capital à bolsa de valores, fazendo com que a cotação das ações suba.

Vale dizer, entretanto, que nem esses ativos sempre se movimentam de forma oposta. Não é impossível ter um momento de dólar e bolsa em alta, apesar de isso não ser o mais comum nos mercados.

Como usar isso para montar minha carteira?

“Quando a gente fala de portfólio, sempre falo da diversificação. E diversificação não é só buscar uma quantidade de produtos diferentes, mas estratégias diferentes, que se complementem”, diz Larissa.

“Quanto mais eu conseguir ter uma correlação negativa dentro da minha carteira, mais diversificada ela estará. Quando tenho essa dinâmica – de quando um ativo sobe, outro cai – eu consigo minimizar o risco do portfólio e maximizar o potencial de ganho.”

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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