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Ações ou títulos públicos: o que vale mais a pena e como escolher
O investidor não precisa passar por uma “escolha de Sofia” e optar pela renda fixa ou pela variável. Afinal, uma carteira de investimentos com uma boa composição pode contemplar diferentes ativos financeiros. Tudo depende, contudo, do seu tipo de perfil, prazos de vencimento, objetivos e apetite ao risco.
Na renda fixa, o retorno sobre o valor investido já é indicado na hora da compra e a rentabilidade é baseada em indicadores como a taxa básica de juros, a Selic (atualmente em 10,50% ao ano), na inflação do Índice de Preços ao Consumidor (IPCA, que está em 4,50% no acumulado de 12 meses) ou em uma taxa de juros predefinida.
No primeiro semestre deste ano, a renda fixa bateu recorde de captação em R$ 337,9 bilhões, conforme dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Já a renda variável tem maior risco, porque o retorno é imprevisível. Em contrapartida, os ganhos podem ser maiores. Entre os ativos financeiros de renda fixa estão ações, fundos de investimento (FII, FIP, FIA etc.), fundos de índice (ETFs), BDRs e criptomoedas.
O relatório semestral “Onde investir em 2024?”, feito pelo Ágora Investimentos, mostra que o mercado de renda variável brasileiro permanece com um ambiente otimista. “Alternativamente, o nosso (pequeno) mercado sempre representou algo como 1,60% do valor global das ações – e hoje, por conta de alguns percalços (dentre eles a escalada recente do dólar), representamos menos de 1%.”
O documento ainda aponta que os dados recentes sobre a economia nos EUA e os discursos dos dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sugerem uma trajetória mais positiva da inflação por lá, além de uma perspectiva de corte de juros neste segundo semestre. Esse cenário, conforme o relatório, pode trazer um impacto relevante no mercado de renda variável brasileiro.
“Repare que, desde que as taxas de juros americanas começaram a subir, o prêmio exigido pelos investidores para se posicionarem em ações brasileiras disparou: passando de uma média de 5% em relação à renda fixa ao longo dos últimos anos, para mais de 11% em períodos de maior estresse – atualmente essa figura situa-se acima dos 7%”, diz trecho do documento.
Qual vale a pena?
Para o especialista em investimentos no Ágora, Gabriel Tossato, o investidor precisa entender, antes de qualquer decisão, quais são os seus objetivos financeiros, o seu perfil e o apetite ao risco. Sem esse passo no autoconhecimento, não há como iniciar um investimento, seja em renda fixa ou variável.
“A questão não é ações ou títulos públicos num sentido restritivo. O primeiro passo para o investidor é saber o seu perfil. É ter um autoconhecimento para entender sua tolerância ao risco e qual o prazo que pretende no investimento, se será a curto, médio ou longo prazo”, afirma.
“Não existe melhor ou pior, mas sim, o que o investidor pode esperar e o que ele precisa buscar de retorno, dado risco que ele tolera”, diz Gabriel Almendra, líder do segmento Wealth São Paulo da Warren Investimentos.
“Em determinados momentos, o mercado nos dá algumas oportunidades interessantes nessas diversas classes de ativos. Exemplo: vimos títulos do Tesouro brasileiro com rendimentos reais de quase 6,5% a.a., é muita coisa. Nesses momentos, vale aproveitar as oportunidades.”
Como escolher em qual investir?
No geral, uma carteira de investimentos balanceada costuma ter os dois tipos de ativos financeiros. Por isso, não há espaço para uma “escolha de Sofia”, mas sim um balanceamento dos seus objetivos para encarar os diferentes cenários econômicos.
“As carteiras no geral têm a maior parcela de alocação em renda fixa. Já para perfis mais dinâmicos e arrojados, que têm maior apetite a risco, tem uma inclinação maior para os indexados à inflação, como IPCA+. Nos perfis conservadores e moderados, tem uma presença maior dos títulos de renda fixa e indexados ao CDI, sendo a maior parte no pós-fixado”, explica Tossato.
Na renda variável, ele conta que os investimentos seguem uma volatilidade imprevisível e a composição da carteira faz a diferença nessa hora.
“Isso vai se alterando, é cíclico. É algo que ocorre de forma gradual e envolve muita imprevisibilidade. Então, ter uma alocação diversificada pode passar por diferentes cenários econômicos. Uma parcela da carteira pode ficar melhor e outra parte pode não ter um melhor momento, mas assim o investidor pode aproveitar diversos cenários com uma posição balanceada.”
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