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Selic vai voltar a subir? Veja como fica a renda fixa se o BC elevar os juros
O mercado aposta que a Selic pode subir a partir de setembro, com estimativas de que a taxa de juros atinja 12% ao ano em 2025. Especialistas recomendam que investidores de renda fixa se preparem para possíveis mudanças. Títulos pós-fixados seguirão a variação dos juros, enquanto prefixados e IPCA+ podem sofrer com a marcação a mercado. Investidores devem considerar o prazo e perfil de investimento para minimizar riscos e aproveitar oportunidades.
Empresas citadas na reportagem:
Nas últimas semanas cresceu a aposta em parte do mercado que a Selic vai subir a partir de setembro, diante de uma possível necessidade do Banco Central de trazer a inflação de volta para a meta. Há divergências na amplitude das altas que seriam necessárias, mas casas como ASA, XP, BTG e Legacy Capital estimam que a taxa de juros deve iniciar 2025 passando de 10,50% para algo próximo a 12% ao ano.
Embora o presidente do BC, Roberto Campos Neto, tenha esfriado as expectativas da alta dos juros durante um evento na terça-feira(20), especialistas avaliam que o investidor deve se preparar para tomar boas decisões na composição das carteiras.
Selic vai subir? Entenda o que está em jogo
Em entrevista à Inteligência Financeira, Leonardo Costa, economista do ASA, cita três razões para a possível alta: atividade doméstica forte, inflação corrente acima da meta e expectativas de inflação desancoradas.
“As expectativas para a inflação futura estão consideravelmente acima da meta estabelecida pelo BC. Esse descontrole das expectativas implica em maior dificuldade para a desaceleração da inflação, já que empresas e consumidores passam a ajustar preços e salários em antecipação à inflação esperada”, afirma.
Para o ASA, o BC deve subir os juros em 0,25 ponto percentual já em setembro. Posteriormente, duas altas de 0,5 ponto até o final do ano e uma última de 0,25 ponto em janeiro. Portanto, com a Selic encerrando 2024 em 11,75% ao ano, passando para 12% ao ano na primeira reunião do Copom de 2025.
Relatório do Itaú BBA divulgado na segunda-feira (19) aponta que o mercado precifica hoje uma Selic média de 12% em 2025. “Com mais juros no curto prazo, taxas nos trechos longos arrefeceram”, escrevem os analistas do BBA.
No entanto, há quem aposte que esse aumento possa ser temporário. Uma vez que as expectativas de inflação voltem aos patamares que se espera, o Copom retomaria o ciclo de cortes. “Conseguindo reancorar as expectativas, é possível que o BC volte a cortar juros inclusive no ano que vem”, afirma Fabiano Zimmermann, head de renda fixa do ASA.
Anote essa informação, falaremos dela mais adiante e vai ser importante para suas decisões de investimento.
Sendo assim, o que você, investidor, pode esperar para a sua carteira caso essas expectativas para a Selic se confirmem? Por exemplo, qual seria o impacto sobre os seus investimentos em produtos de renda fixa?
Como a taxa Selic afeta os investimentos em renda fixa?
A taxa Selic afeta os principais produtos de investimento em renda fixa, embora isso aconteça de maneira distinta. Dessa maneira, produtos pós-fixados, prefixados e indexados à inflação sofrem impactos diferentes caso a taxa de juros seja elevada ou reduzida.
Por exemplo, títulos pós-fixados atrelados à Selic seguem a variação dos juros. Se a Selic vai subir, os rendimentos desses títulos também vão. “O investidor que já comprou um pós-fixado ele vai ter uma taxa de juros futura mais alta. Então ele vai conseguir ganhar com isso”, afirma Gustavo Corradi Matos, CIO da Medici Asset.
Por outro lado, títulos prefixados ou IPCA+ do Tesouro Direto possuem marcação a mercado. O que torna esse cálculo um pouco mais complexo, uma vez que depende da taxa contratada versus a que está sendo negociada no mercado no momento.
Se os títulos disponíveis ficarem mais interessantes que os que se têm em carteira, algo que acontece com alguma frequência em momentos de taxa de juros, o investidor que têm títulos mais curtos pode ver seu rendimento ser reduzido ou até se converter em prejuízo.
Selic vai subir? Expectativas para a marcação a mercado
No entanto, aí vem o pulo do gato: se for possível, pode ser recomendável que o investidor evite se desfazer dos títulos. Caso os juros de fato voltem a cair, esse cenário pode se reverter. Além disso, caso o investidor leve o título até o vencimento ele garante a rentabilidade do momento da aplicação.
“Quem tiver títulos mais curtos, se as taxas subirem os títulos vão se desvalorizar. Seria um bom momento para entrar, mas não seria um bom momento para sair, por sofrer com a marcação a mercado”, explica Filipe Arend, head de renda fixa da Faz Capital.
“De toda forma, o investidor que travou 11% ao ano de rentabilidade em um título prefixado, mesmo com uma inflação de 4,5% ao ano, ele garantiu uma boa taxa caso ele leve esse título até o vencimento”, completa Arend.
Por outro lado, para os títulos de vencimento mais longos a expectativa é que o movimento resulte em valorização. “Em relação aos títulos prefixados e inflação, os que tenham vencimento maior que 2026 podem se beneficiar do movimento de flattening da curva”, avalia Fabiano Zimmerman, do ASA.
Dessa maneira, a avaliação é que esse cenário, caso se confirme, pode tornar mais atraentes para o curto prazo os títulos pós-fixados. Além disso, para prazos acima de 2 anos, os títulos prefixados ou atrelados à inflação.
Cuidados para o investidor
Um ponto importante é que o investidor tenha sempre em mente seu prazo de investimento e perfil de investidor. Isso uma vez que com a incerteza do cenário e o sobe-desce dos juros nos próximos anos, a tendência é de volatilidade nos títulos elegíveis para a marcação a mercado.
“Continuam válidos os alertas em relação a marcação desses títulos (pré e inflação), que irão continuar apresentando volatilidade mais elevada em casos de mudança de cenário, como visto recentemente”, argumenta Zimmermann, do ASA.
“O investidor deve ajustar o duration do investimento dele não só para o objetivo do investimento, mas também com o perfil de investidor. Quanto maior o duration, maior será a volatilidade ao longo desse tempo”, completa Filipe Arend, da Faz Capital.
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