A Selic vai baixar mais? Saiba quais são as vantagens de uma taxa de juros em queda
Governo comemora o tão esperado corte
“A Selic vai baixar?” A pergunta que não queria calar finalmente obteve uma resposta. Desta vez, positiva. O consenso do mercado era de que finalmente a taxa iria cair após a reunião que terminou nesta quarta-feira (2). E foi o que aconteceu.
O Copom do Banco Central deu início ao provável ciclo de cortes da taxa após sete reuniões consecutivas em que a manteve estacionada. Os dirigentes da autarquia reduziram a taxa em 0,50 ponto porcentual. A Selic foi de 13,75% para 13,25% ao ano. Trata-se de um processo que pode levar o juro básico da economia para o patamar de 12% até o final do ano.
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Enquanto o governo comemora o tão esperado corte, você pode estar se perguntando: quais as vantagens para a minha vida com a taxa básica de juros mais baixa? Confira a seguir.
Entenda o cenário da queda
A Selic encontrava-se no alto patamar de 13,75% desde agosto de 2022. Esse juro nas alturas era uma forma de controlar a inflação, pois desestimula o consumo e deixa o crédito mais caro. Porém, é mais recessivo, afetando o crescimento da economia e a geração de empregos.
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Ao fim da reunião do dia 21 de junho, o Copom emitiu um comunicado para explicar por que optou por manter a Selic em 13,75%.
“O comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária e relembra que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, ressalta a nota.
Inflação em queda
Como o país registra a menor inflação acumulada em 12 meses desde setembro de 2020, governo, empresários e centrais sindicais pressionavam pela queda da Selic. De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a inflação “está muito controlada”. Isso, disse ele, daria um espaço “extraordinário para o Brasil crescer mais e gerar mais oportunidades”.
“As vantagens de a Selic cair agora, pensando nos últimos anos, é que esse conservadorismo do BC levou a inflação para um patamar mais baixo. Se tivesse começado a cortar no começo do ano, talvez a economia, que já vai rodar acima de 2% neste ano, crescesse até um pouco mais e as pessoas talvez tomassem um pouco mais de risco nas aplicações”, afirma Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
Mas afinal, no cenário atual, quais são as vantagens da queda da Selic?
Crédito mais acessível
Todos os bancos se baseiam na Selic para definir as taxas de juros cobradas por empréstimos. Sendo assim, quando há uma queda na Selic, a tendência é de que as instituições financeiras acompanhem e diminuam as taxas de juros. Isso acaba tornando o crédito mais acessível para a população.
“No longo prazo, a economia real vai ter mais impacto com a queda da Selic. Muito porque você começa a ver financiamentos mais baratos em automóveis e imóveis, por exemplo. Nas compras de eletrodomésticos, as parcelas começam a ficar mais fáceis de se colocar no orçamento doméstico, então, isso também é um benefício”, destaca Gustavo Cruz.
Compra de imóveis
O crédito imobiliário é uma das atividades que serão impactadas positivamente com o recuo da Selic. Entretanto, mesmo com a queda de 0,50 ponto percentual, o reflexo não será imediato. Isso porque a taxa de financiamento leva em consideração uma variedade de outros encargos que vão além da Selic.
Aquecimento da economia
O governo defendia a queda da Selic porque deseja que o dinheiro circule e aqueça a economia. O ministro da Fazenda disse na sexta-feira (28), em São Paulo, que “os ventos estão favoráveis” no país, mas que ainda é preciso que o Copom baixe os juros básicos da economia. Na ocasião, Haddad celebrava a queda do desemprego e a elevação da nota do Brasil pela agência de classificação de risco Fitch.
De acordo com o ministro, apesar de o índice de desemprego estar abaixo da média dos últimos anos para o mês, “a economia está sofrendo um processo de desaceleração por conta do juro real na casa de 10%, o que é quase o dobro do país que mais cobra juros depois do Brasil”.
“Os ventos estão favoráveis. O mundo está olhando para o Brasil com outros olhos e outra percepção. E está mais do que na hora de nós alinharmos a política fiscal e monetária para o Brasil voltar a sonhar com dias melhores”, disse Haddad durante entrevista coletiva.
Segundo André Fialho, analista de renda fixa da Genial, “a principal vantagem de a Selic cair agora é um pequeno alívio para a economia real”. Isso, afirma ele, irá baratear em algum nível a tomada de recurso e pode gerar estímulo na atividade econômica.
“Com esse patamar de juros já contracionista por algum tempo, e com a inflação já dando sinais concretos de arrefecimento, não há nenhuma desvantagem em reduzir a taxa Selic neste momento”, analisa Fialho.
Selic vai baixar mais? Bolsa ganha força
Se a tendência de queda da Selic se confirmar nas próximas reuniões, a renda fixa, aos poucos, pode perder atratividade. É aí que entra em cena a bolsa de valores, que voltaria a ser uma boa alternativa para investidores em busca de maior rentabilidade no longo prazo.
Os juros mais baixos sinalizam aumento de consumo e da produção das empresas, que estão diante de capital mais barato para novos investimentos. Por consequência, o maior interesse dos investidores nas corporações de capital aberto eleva as cotações das ações.
Jayme Carvalho Jr., economista e sócio da SuperRico, pontua que a provável queda da Selic pode melhorar “um pouco a bolsa porque as empresas pagam muitas despesas financeiras e marginalmente as despesas financeiras vão ser menores”.
“Mas ainda não é um cenário de crescimento, de uma economia com tanta inovação que permita a gente aumentar a nossa alocação estratégica de bolsa no longo prazo”, pondera o economista.
Quer saber um pouco mais sobre o que acontece com o seu bolso quando os juros caem? Confira o que dizem os especialistas sobre o impacto da queda da Selic nos médio e longo prazos em investimentos, consumo e financiamentos.