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Saída de Campos Neto do Banco Central pode favorecer queda maior da Selic?
A decisão do Copom de reduzir a Selic para 10,50% ao ano foi marcada sobretudo pela divisão do colegiado. Enquanto quatro indicados pelo presidente Lula foram favoráveis a uma queda de 0,50 ponto percentual, outros quatro nomeados na gestão Jair Bolsonaro defenderam um corte de 0,25 ponto percentual.
Coube então ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o voto de minerva pela queda menor da taxa básica de juros. Justamente Campos Neto que deixará o comando do BC no fim de 2024.
Assim, diante do racha no Copom, o mercado se questiona agora quais serão os próximos passos da política monetária. Principalmente porque o comitê deixou de sinalizar o que pretende fazer na próxima reunião, marcada para 18 e 19 de junho.
Foco na ata
Para o Itaú Unibanco, embora dividido, o colegiado concordou com a avaliação de viés de alta, de forma geral, sobre as perspectivas de inflação. Ainda que espere a divulgação da ata, o banco sinaliza que o atual ciclo de cortes da Selic está perto de acabar.
“Com certeza saberemos mais sobre a opinião das autoridades com a divulgação da ata, na próxima terça-feira”, diz o Itaú. “No momento, esperamos outro movimento de 25 pontos-base na próxima reunião, com chance não-nula de ser o último do ciclo”, avalia o banco.
Qual vai ser a Selic terminal?
Nesse sentido, a XP também que considera que, apesar da decisão dividida, o Copom parece mais consensual em relação ao futuro.
Conforme a plataforma de investimentos, o colegiado destacou que “a política monetária deve se manter contracionista” e acrescentou que “a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”.
“A falta de uma orientação explícita para o futuro (forward guidance) representa um elemento hawkish, em nossa avaliação, sugerindo que o Copom poderia até (não é o nosso cenário) interromper o ciclo de flexibilização na próxima reunião, se necessário”, comenta a XP.
“Olhando adiante, prevemos dois cortes adicionais de 0,25 pp e taxa Selic terminal de 10,00%. Consideramos que esse patamar de juros seria suficiente para levar a projeção de inflação do Copom para a meta, embora isso dependa da dinâmica dos principais determinantes da inflação, como a taxa de câmbio e as expectativas de médio prazo”, completa a casa.
Tem espaço para mais cortes?
Ainda sobre o que esperar dos rumos da política monetária, o Banco Inter também não descarta a chance de a Selic permanecer no patamar de 10,50%.
“O Copom indicou que os próximos passos dependem da consolidação da desinflação e ancoragem das expectativas em torno da meta. Nesse sentido, pode-se ler o comunicado com um tom um pouco mais hawkish, pois a próxima decisão poderia ser inclusive de uma pausa”, observa o Inter.
“No entanto, considerando a dissidência e a preferência de membros pelo corte de 0,50 p.p. e as expectativas de inflação que apontam a tendência de queda até 2025, esperamos que o Copom continue reduzindo a Selic, agora no ritmo de 0,25 p.p. até o final de 2024 para 9,25%”, continua o banco.
“Além disso, com expectativa de juros maiores, que já foram precificadas pelo mercado, podemos ver uma desaceleração mais acentuada da atividade, revertendo a incipiente melhora no mercado de crédito observada no primeiro trimestre”, completa a instituição.
Sucessão de Campos Neto
Por último, a Ativa Investimentos analisa como a saída de Campos Neto da presidência do Banco Central pode mexer com os juros no Brasil. E a avaliação da casa é que o ciclo de cortes da Selic pode continuar em 2025.
“Passamos a apostar na manutenção em 10,50% por todo 2024. Assim, passamos a segunda parte da avaliação, na qual apostamos que o ciclo baixista de juro deverá ser retomado a partir da primeira reunião de 2025”, projeta Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa.
“A divisão da decisão deflagra que o grupo dovish está insatisfeito com o ritmo do pace, o que em final de ciclo traz grandes implicações para a taxa terminal. Deste modo, apostamos que a partir de janeiro, quando os indicados por Lula formam maioria, deveremos ter uma retomada do ciclo baixista”, prossegue o especialista.
“Com o hiato de juro brasileiro estimado ao redor de 158 bps pelo BC, apostamos que haveria novos 125 bps, a fim de preservar, pelo menos, algum grau de restrição de política monetária. Deste modo a taxa seria baixada até 9,25% ao longo de 2025 ao ritmo de 25 bps, patamar que será mantido até o final do ano que vem”, finaliza Sanchez.
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