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Copom pode colocar aumento da taxa Selic em setembro no radar? O que dizem Bradesco, Itaú, BTG e XP
O Copom (Comitê de Política Monetária) abriu na terça-feira (30) a reunião para definir a nova taxa básica de juros que irá vigorar no país nos próximos 45 dias. Tudo indica, pelo consenso do mercado financeiro, que a Selic será mantida mais uma vez em 10,50% ao ano.
Por isso, as atenções ficarão concentradas no comunicado que será divulgado com a decisão, no começo da noite desta quarta-feira (31). Está no radar dos agentes financeiros a possibilidade de o comitê sinalizar que não descarta um aumento da Selic entre os próximos passos.
Entre os fatores citados pelas instituições financeiras estão os riscos fiscais, a piora do câmbio e a expectativa de inflação desancorada. Na véspera, o Boletim Focus mostrou uma piora nas estimativas para o IPCA no fim de 2024 e no encerramento de 2025.
Agora, as projeções estão em 4,10% e 3,96%, respectivamente. Ou seja, acima da meta de 3% ao longo do horizonte.
Selic a 10,50%: os próximos passos do Copom
Para o Bradesco, sem surpresas, o Copom irá manter a taxa básica de juros no atual patamar. Diante de um cenário desafiador, o banco não vê brecha para uma retomada do ciclo de cortes da Selic. Pelo menos até o término de 2025.
“Se por um lado, os dados correntes de inflação seguem benignos, por outro, as expectativas de inflação em patamar elevado e a depreciação cambial devem elevar a projeção de inflação no modelo do Banco Central”, anota o Bradesco.
“O comunicado da decisão será importante para balizar as expectativas sobre os próximos passos da condução da política monetária. Nossa projeção atual é de que os juros ficarão estáveis neste ano e no próximo”, indica o banco.
Na visão do Itaú Unibanco, o Copom deve renovar a promessa de vigilância. Bem como afirmar que avaliará se a estratégia de manutenção da política monetária em patamar contracionista por tempo suficiente será capaz de assegurar o processo de desinflação e reancoragem das expectativas.
Em outras palavras, o banco não descarta um cenário em que o comitê aponte a chance de voltar a aumentar a taxa Selic.
“Um possível sinal mais duro, mas inteiramente cabível, seria a descrição de um balanço de riscos assimétrico para cima. Acompanhada da afirmação de que o comitê não hesitará em retomar o ciclo de ajuste (para cima)”, destaca o Itaú.
“Acreditamos, ademais, que uma minoria do comitê já deve ter tal avalição do balanço de riscos. O que tende a aparecer no ciclo de comunicação associado à próxima reunião do Copom”, acrescenta o banco.
Elevação dos juros em setembro?
Dessa maneira, em linha com Bradesco e Itaú, o BTG Pactual avalia que não faltam razões para o Banco Central sinalizar maior preocupação com o rumo dos juros. Sobretudo com a evolução da desancoragem das estimativas de inflação e um dólar forte frente o real.
Contudo, se o Copom explicitar agora a assimetria no balanço de riscos, o banco acredita que o colegiado estará se amarrando a uma alta de juros na próxima reunião. Caso este desequilíbrio permaneça até setembro.
“Em outras palavras, se a projeção de IPCA no horizonte relevante da política monetária continuar desancorando (hoje está 40bps acima da meta no cenário de referência) com um reconhecimento prévio de assimetria, obrigará o Copom a reagir sem titubear. Se perguntar não ofende: este cenário de elevar a taxa Selic em setembro, caso necessário, é unânime entre os diretores?”, observa o BTG.
“Sem resposta clara para o questionamento acima, entendemos que a comunicação virá com tom mais duro. Mas sem explicitar tais assimetrias, a fim de o comitê comprar graus de liberdade para a próxima reunião do Copom”, prossegue a instituição.
“Vale lembrar que, em setembro, se tornou consenso o início do ciclo de corte de juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos). Este movimento deve trazer alívio aos preços nos mercados emergentes. Podendo contribuir para uma apreciação do real e, por consequência, para um arrefecimento das expectativas de inflação”, completa o banco.
Curva de juros agora
A XP entende que o Copom irá trazer um comunicado mais duro em relação aos próximos passos da Selic. Em suma, conforme a plataforma de investimentos, o colegiado tende a enfatizar a necessidade da política monetária contracionista por tempo suficiente. Para consolidar o processo de desinflação e ancorar as expectativas em torno de suas metas.
“Caso nosso cenário base se concretize, esperamos uma estabilidade na parte curta da curva de juros, dado que o mercado espera, com mais de 90% de probabilidade, que a Selic permaneça inalterada nessa reunião. Mas com viés altista já precificado na curva”, projeta a XP.
“Além disso, os vencimentos intermediários e longos também já refletem um cenário mais restritivo de política monetária. Poderá, inclusive, haver um certo alívio destes vértices, a partir da sinalização de um Copom mais técnico e comprometido com a meta de inflação”, continua a casa.
Por outro lado, avalia a XP, se as projeções de inflação da entidade vierem abaixo do que o mercado espera, e o tom do comunicado for mais brando, é possível que a ponta longa da curva apresente algum movimento de alta. Logo, com o mercado apostando em um Copom mais leniente com a inflação.
Já no caso dos votos, após ruídos gerados sobre a credibilidade na condução da política monetária, a questão do dissenso parece ter sido superada por agora, acredita a corretora.
Então, a XP vê o cenário de Selic estacionada em 10,50% ao ano e sem brechas para mais cortes adicionais. Aliás, a plataforma também coloca na radar possibilidade de um aperto adicional na taxa básica de juros.
“Parece que não só chegamos ao final do ciclo de afrouxamento, mas que a continuidade mais provável desse caminho é para uma retomada de alta, ao invés de nova flexibilização no curto prazo”, diz o relatório.
Como fica a renda fixa
Por último, a instituição destaca que continua com visão positiva para a renda fixa de maneira geral. Principalmente para títulos atrelados à inflação (IPCA+).
“As taxas de juros nominais permanecem elevadas, acima de dois dígitos, e as taxas reais (acima da inflação) estão em patamares ainda mais interessantes, em nossa opinião”, observa o texto.
“Adicionalmente, as projeções indicam que a inflação deve permanecer acima do centro da meta de 3% nos próximos dois anos. Por fim, ainda é necessária cautela, com os riscos locais e globais a serem monitorados, o que favorece a alocação em ativos como a renda fixa”, completa a casa.
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