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Sergio Vale, da MB Associados: possibilidade de alta de 0,50 da Selic em setembro aumenta e deve se consolidar após PIB forte no 2º trimestre
O crescimento do PIB do 2º trimestre acima do esperado favorece revisões para cima e pavimenta o caminho para o Banco Central subir a taxa Selic agora em setembro. A avaliação é de Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.
Antes de tudo, a consultoria elevou de 2,4% para 2,8% a projeção de expansão da economia brasileira em 2024.
Para Vale, tirando a agropecuária, que está passando por um ano de ajuste, a alta de 1,4% do PIB no 2º trimestre se deu de forma generalizada.
“Especialmente o consumo das famílias e o investimento tiveram expansão importante no trimestre”, observa.
Dessa maneira, o economista aponta que a aceleração desses dois itens, parte importante da demanda doméstica, “vai se tornar um bom problema para o Banco Central”.
“Esse crescimento acelerado, acima do potencial, pressionará os modelos do banco em direção a mais inflação”, afirma.
Selic vai subir
Então, Sergio Vale traça o cenário que tende a culminar em um aperto monetário adicional. Em outras palavras, a taxa Selic deve ter um novo ciclo de altas pela frente.
“Com bandeira vermelha afetando a conta de energia, o IPCA já chega a 4,5% este ano. Considerando que a bandeira permaneça até o final do ano”, comenta o economista.
“Se adicionarmos a pressão de demanda que vem acelerando, o BC não terá alternativa a não ser subir os juros em setembro. A chance maior era de 0,25. Mas a possibilidade de alta de 0,50 aumentou e deve se consolidar”, aponta Vale.
Crescimento do PIB acima do esperado é sustentável?
Sobre o que esperar da atividade econômica agora, Sergio Vale avalia que o terceiro trimestre caminha para ter um resultado forte também.
“Dados de julho mostram uma economia crescendo em ritmo talvez mais forte até do que o segundo trimestre, analisando especialmente a indústria e o crédito. A expansão do PIB no terceiro trimestre deve ser novamente de 3,3% (ritmo anualizado)”, projeta.
Ao responder sobre qual a fonte de expansão do PIB, o economista cita entre os fatores a expansão fiscal.
“Isso coloca em dúvida a sustentabilidade desse crescimento, que nos remete ao segundo mandato de Lula e ao governo Dilma. Em que a mentalidade era expandir o gasto público para estimular o crescimento”, diz Vale.
“As consequências fiscais negativas foram aparecendo ao longo do tempo e o preço pago foi alto. Não estamos replicando na mesma intensidade aquele período, mas a ideia de que a política fiscal deve ser um puxado do crescimento permeia o governo”, alerta ele.
“Com isso, corre-se o risco de chegarmos em 2026, ano eleitoral, com a economia desajustada pelos exageros cometidos nos primeiros anos de mandato”, completa o economista.
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