Banco Central aperta o passo e taxa Selic vai subir 0,50 p.p. na próxima quarta-feira

Segundo bancos, juros vão fechar 2024 em 11,75%, mas economia deixa trajetória incerta para o ano que vem

Edifício sede do Banco Central, em Brasília (DF). Foto: Beto Nociti/BCB

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) vai aumentar em 0,50 ponto percentual a taxa Selic na próxima quarta-feira (6). Com isso, vai levar os juros básicos da economia dos atuais 10,75% para 11,25% ao ano.

Essa é a expectativa unânime dos principais bancos privados do país (Itaú, Santander, BTG e Bradesco). Além do banco digital C6 e do banco francês BNP Paribas.

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Segundo as instituições, a Selic deve encerrar o ano em 11,75%, com mais uma alta em dezembro. No entanto, se os economistas fecham 2024 com mais consensos do que discordâncias, o cenário muda para o que vem.

Com um horizonte turvo para a economia brasileira, e um cenário absolutamente incerto quanto ao próximo presidente dos Estados Unidos, as casas se dividem. Há o bloco que não prefere opinar. O grupo que se mantém como estava no mês passado. E há quem já aposta que o ano será duro e, assim, de mais aperto monetário.

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Os bancos, assim, concordam que da última reunião do Copom, em setembro, para esta, de 06 de novembro, houve piora generalizada das expectativas para a economia. Os destaques negativos ficam com a inflação, medida pelo IPCA, e com o câmbio.

As projeções do relatório Focus, organizado pelo BC, indicam que a inflação esperada para 2024 avançou de 4,35%, em setembro, para atuais 4,55% – acima, portanto, do topo da meta estipulada pela autoridade monetária. Assim como a de 2025, que subiu de 3,95% para 4,0%.

Da mesma forma a cotação do dólar frente o real. A moeda americana, em setembro, era comercializada a R$ 5,40 e, nesta sexta-feira (1), encerrou negociada a R$ 5,86, maior patamar para a divisa americana frente a brasileira desde maio de 2020.

Cenário para 2025 será mais difícil

Em janeiro de 2025, na primeira reunião do ano que vem, as apostas majoritárias dos bancos também envolvem nova alta de 0,50 p.p. A coisa começa a ficar mais incerta a partir de março.

O Santander, por exemplo, ainda aposta que a Selic terá sua última alta do atual ciclo em março, na casa de 0,25 p.p. A expectativa da instituição é de que os juros se mantenham estáveis em 12,50% ao ano até dezembro de 2025.

O C6, no entanto, espera que no ano que vem a Selic comece a cair e encerre o período comportada em 10%.

Já o BNP Paribas acaba de atualizar suas projeções, com um cenário mais pessimista. O banco agora acha que os juros básicos vão contar com duas altas sucessivas de 0,50 p.p., em janeiro e em março, fechando 2025 acomodado em 12,75% ao ano.

“Essa revisão reflete um cenário de inflação persistente, impulsionado por um mercado de trabalho aquecido, políticas fiscais expansivas e expectativas inflacionárias que continuam acima da meta até 2027”, escrevem Fernanda Guardado, que lidera o time de economia do banco para a América Latina, e Laiz Carvalho, economista para o Brasil.

Selic: taxa de atividade econômica quente

Todas as instituições reconhecem que a economia brasileira segue em expansão. Os economistas pontuam dados recentes, que indicam crescimento robusto no terceiro trimestre de 2024. Além disso, aumento no crédito (principalmente para famílias) e queda na taxa de desemprego para 6,4% – o menor nível histórico.

No entanto, os núcleos de inflação nos serviços permanecem elevados, próximos de 5% ao ano. E o aumento nos preços de alimentos e eletricidade devido à seca também pressionam o IPCA.

“A perspectiva não mudou significativamente desde a última reunião”, apontam os analistas econômicos do BTG, Claudio Ferraz, Bruno Balassiano e Bruno Martins.

Segundo eles, o mercado convive com a tríade atividade resiliente, mercado de trabalho robusto e inflação corrente acumulada em 12 meses acima do limite superior da banda. “As expectativas de inflação (estão) desancoradas com um ambiente externo desafiador”, apontam em relatório.

Risco fiscal

A trajetória dos gastos públicos, causa da atual onda de mau humor do mercado com o governo federal, também é apontado com risco na inflação implícita, que desemboca em perspectivas de alta para a Selic.

“Persistem dúvidas significativas em relação ao cenário fiscal, apesar de sinais de que medidas de contenção de despesas serão anunciadas à frente”, aponta o BTG.

No Santander, a economista chefe Ana Paula Vescovi espera que essas medidas, combinadas, tenham impacto potencial de cerca de R$ 40 bilhões a R$ 50 bilhões para 2025 e 2026.

“Será importante verificar a credibilidade dessas medidas e se elas podem ser aprovadas até o final de 2024, para entrar em vigor no próximo ano”, ela diz.

Por tudo isso, no Itaú Unibanco, a trajetória para a taxa de juros está aberta. “Para as próximas reuniões, em um contexto de volatilidade elevada, as autoridades devem manter em aberto o ritmo dos eventuais ajustes futuros e magnitude total do ciclo”, escreve o economista-chefe da instituição, Mario Mesquita.

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