Copom deixa porta aberta para desacelerar alta dos juros em maio, dizem analistas

Bancos divergem sobre tom do comunicado; percepção sobre as pressões inflacionárias está no centro do debate

O tom do comunicado do Copom, divulgado na noite desta quarta-feira (29), foi alvo de discordância entre grandes bancos. Economistas apontaram percepções diferentes sobre o texto, especialmente no que diz respeito à inflação. Contudo, eles concordaram que foi deixado espaço para a desaceleração da política de alta de juros ainda no primeiro semestre.

No começo da noite da quarta-feira (29), o Copom decidiu de forma unânime subir os juros em 1 ponto percentual, como sinalizado na reunião de dezembro.

“Não haveria como não ser duro o tom, porque já estava precificado. Quanto mais duro soasse, maior seria a ancoragem das expectativas”, avalia Caio Megale, economista-chefe da XP.

A XP também chamou a atenção para o fato de que está confirmada a alta de 1 ponto percentual para março. Mas deixa “portas abertas em maio” para “desacelerar (a alta dos juros)”. Outros bancos, como BofA, Itaú e Santander também destacam que o Copom “não forneceu qualquer guidance para as reuniões seguintes.

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    Contudo, há discordâncias centrais na interpretação dos bancos em relação ao tom dado ao comunicado.

    Santander e Itaú veem tom mais brando

    O Santander avaliou que esse tom veio “nos detalhes, um pouco mais dovish do que imaginava”, nas palavras de Marcos Caruso, economista do banco.

    Caruso destaca que o comunicado passou a colocar a guerra comercial que pode ser travada por Donald Trump como “risco baixista para preços”.

    “O trade war, que pode surgir com Trump, pode ser desinflacionário, pela via de comércio (global) mais fraco e condições financeiras mais apertadas”, avalia.  

    Da mesma maneira, o Itaú Unibanco enxerga o comunicado “com um viés mais brando”. O banco também menciona projeções “mais moderadas” do Copom para a inflação.

    O Itaú diz ainda que o Copom reagiu “de forma contida” ao que chama de “deterioração das expectativas de inflação nas últimas semanas – a pior registrada entre reuniões do Copom em mais de dez anos”.

    O BofA também menciona que a visão do Copom em relação à pressão sobre os preços é branda.

    Estabilização depois de junho

    O BofA diz ainda que espera dois aumentos adicionais de 50 pontos-base nas reuniões a serem realizadas imediatamente após a de março (maio e junho).

    Então, as altas “devem ser suspensas até a terceira reunião de 2026, quando o comitê deverá começar a cortar as taxas”, avalia o banco.

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