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O Banco Central aumentou a Selic para 10,75% ao ano, retomando a credibilidade na condução da política monetária. A decisão foi unânime e visa combater a inflação. O Copom destacou que a atividade econômica e o mercado de trabalho estão mais dinâmicos do que o esperado. A inflação continua acima da meta para 2025 e 2026. A alta da Selic é vista como um compromisso firme de convergência da inflação à meta.
A decisão de aumentar os juros no Brasil em 25 pontos-base, para 10,75% ao ano, nesta quarta-feira (18) é vista pelo mercado financeiro como uma “retomada” de credibilidade da instituição na condução da política monetária.
O BC, na visão dos agentes, firmou um compromisso de combate à inflação após ruídos entre o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o indicado à presidência da instituição para 2025, Gabriel Galípolo. A decisão pelo aumento da Selic foi unânime, o que agradou investidores.
Decisão do Copom de aumentar Selic mira inflação
O Copom (Comitê de Política Monetária) anunciou em comunicado que o novo ritmo de ciclo de alta da Selic deve ser “ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”.
Assim, o foco do comunicado do Copom, divulgado nesta quarta-feira (18) foi a convergência da inflação para a meta. O comitê, então, apontou que dados do mercado de trabalho e atividade econômica têm “apresentando dinamismo maior que o esperado”.
O hiato do produto, indicador do BC que mede o possível crescimento potencial da atividade econômica e pressões inflacionárias, virou para o campo positivo.
Além disso, os últimos dados de IPCA mostram que a inflação continua acima da meta da autoridade para 2025 e 2026, de 3%.
Ao final de 2025, nas projeções do BC, o índice de inflação deve ir a 3,7%. No primeiro trimestre de 2026, fim do chamado “horizonte relevante” do BC, o IPCA deve chegar a 3,5%
Para agentes do mercado financeiro, o comunicado do Copom veio com tom mais duro, ou hawkish. Claudia Moreno, economista do C6 Bank, destaca que a mensagem é de que existe um risco altista para a inflação, e que o BC provavelmente deve aumentar a Selic para além das expectativas do Boletim Focus.
O aumento da taxa de juros para 10,75%, apesar de esperado, elimina dúvidas de agentes econômicos sobre o combate à inflação após a saída de Campos Neto.
Mas trouxe um direcionamento mais claro da política monetária e reduz ruídos sobre a troca de comando do BC.
Para Julio Hegedus Neto, economista da ConfianceTec, a postura do BC reforça a ancoragem de expectativa e credibilidade do BC. “A decisão foi unânime, o que nos leva a acreditar que a decisão dividida (em maio) foi um erro de cálculo dos membros”
Já Flávio Mattos, head de renda fixa e câmbio da BB Asset, afirma que o aumento da Selic “é de grande legitimidade” para o Banco Central.
“A alta da Selic marca a retomada de credibilidade do Banco Central, independente do grau do aumento”, afirma Mattos.
O diretor e economista da Nomos, Beto Saadia, concorda com o especialista da BB Asset.
Para Saadia, a votação unânime ajuda a mitigar “riscos políticos”. O lado negativo é a falta de um guidance do Copom para o que vem a seguir.
“É um comunicado que cada vez menos se compromete. Isso é importante em alguns aspectos, mas as incertezas também são grandes”, diz Saadia.
“Temos uma queda de juros nos Estados Unidos vindo bem acima do que esperávamos semanas atrás. Isso também ajuda o trabalho do BC de colocar a inflação na meta”, conclui.