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Economistas defendem que a alta da Selic em setembro pelo Copom pode reduzir taxas de longo prazo, beneficiando investimentos. A decisão é vista como positiva para o crescimento e pode ajudar na redução das expectativas de inflação e na apreciação do câmbio.
“O crescimento vai ser em torno de 2,5% [em 2024] mesmo com aumento de juros. Mas a gente pode ter uma queda das expectativas de inflação para frente, com redução do risco, que pode baixar a ponta longa da curva de juros. O que vai ser muito bom para novos investimentos”, afirmou Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual.
Solange Srour, diretora de macroeconomia para o Brasil do UBS Global Wealth Management, concordou. “Subindo os juros agora, teria um efeito muito positivo para o mercado. Vai ter a visão de que o BC está fazendo o que deve ser feito. As expectativas de inflação, pelo menos, param de subir e, eventualmente podem cair, quando houver mais certeza sobre a desaceleração da atividade e de uma política fiscal menos expansionista”, afirmou.
“O câmbio pode apreciar, porque vai ter um diferencial de juros maior, mas com prêmio menor, de uma âncora monetária restabelecida, e isso, eventualmente, vai ser bom até para o crescimento”, continuou.
Próxima reunião do Copom no foco
Srour disse que “trazer essa âncora monetária em um momento em que não temos âncora fiscal é o mínimo necessário”. Ela ressaltou que o país precisa, na verdade, das duas âncoras. “Mas, se não tem a fiscal, a coisa realmente fica na monetária.”
Por isso, disse Srour, a próxima reunião do Copom será “muito crucial”.
Tanto Srour quanto Mansueto esperam uma alta de juros em setembro. David Beker, chefe de economia e estratégia para Brasil do Bank of America (BofA), também presente no debate, tem uma avaliação diferente.
“A gente não acha que o BC tem de subir juros. Acho que o Brasil é, sim, muito passageiro do global, e a gente vai entrar em um ciclo de afrouxamento monetário global”, disse.
“Na hora em que o Fed [Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos] começar a reduzir os juros, outros países vão também”, afirmou. Esse cenário global pode trazer pressões desinflacionárias às economias, segundo Beker.
“Mas, no limite, o que estamos dizendo é que o juro no Brasil não está baixo”, afirmou. Ele reconheceu que há dificuldade de definir exatamente o juro neutro (aquele que não acelera nem contrai a economia), “mas, na nossa visão, o juro hoje está acima da neutralidade”, disse.
Com isso, ao mesmo tempo em que o cenário externo trouxer ventos desinflacionários, a economia brasileira também vai desacelerar ao longo do tempo.
“A discussão é qual a velocidade de convergência para a meta [de inflação]”, afirmou Beker, ponderando que há dúvidas se o BC conseguirá, no horizonte de 18 meses, levar essa inflação para a meta de 3%, que é “bastante ambiciosa”, afirmou Beker.
“A nossa visão é que vai ser um processo gradual, mas, dado o contexto global e dado que o juro está acima da neutralidade, a gente acha que o BC tem de manter o juro por um período suficientemente longo”, concluiu.