Questões climáticas: a COP 28 passou. E agora?

A COP28 aconteceu em um mundo onde os eventos climáticos extremos ocorrem com maior frequência

Os anos 80 e 90 foram marcados por diversos eventos geopolíticos e econômicos que impactaram de forma ampla culturas, modos de vida/consumo e de produção.

Dessa forma, essas transformações, seguiram ecoando nas décadas seguintes, moldando e transformando as novas realidades.

Como exemplo, apesar de ter seu início na época das grandes navegações, o termo globalização se consolida nesse período, sendo constantemente utilizado para ilustrar os desenvolvimentos aqui semeados: quedas de barreiras tarifarias, avanço do chamado livre-mercado e diluição de fronteiras.

A primeira Convenção das Partes foi também efetivada nesse período, um ano após a elaboração do acordo entre os signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima para realização de encontros anuais com a pauta referente à situação climática global que se deu em 1994.

Para chegar até essa convenção, um longo caminho foi percorrido: realização da Convenção de Estocolmo (1972), criação do IPCC – Painel intergovernamental para as Mudanças Climáticas (1988) e o encontro ECO-92, sendo este o maior evento dessa agenda climática realizado até então no mundo.

Questões climáticas: uma agenda dinâmica

Dessa maneira, nascia assim, em 1995, uma agenda dinâmica, ampla e desafiadora para endereçar os problemas e oportunidades oriundos das questões climáticas com seus eventos extremos afetando diferentes demandas socioeconômicas globais.

Deste então, discussões sobre gases de efeito estufa, metas de redução, participação de economias emergentes e fundos de auxílio tem constado na pauta dessas conferências que teve no final do ano passada a sua 28° realização.

A COP28 aconteceu em um mundo onde os eventos climáticos extremos ocorrem com maior frequência e a temperatura global segue subindo acima das expectativas.

Assim, foram 198 países reunidos debatendo como fazer frente a essa realidade, promovendo alternativas pragmáticas que enderecem essas questões.

Fica claro, dessa maneira, o senso de urgência corroborado pela publicação da primeira Avaliação Global durante o evento, mostrando um desvio de rota quando o comparamos com o plano traçado pelo Acordo de Paris sobre a elevação da temperatura global, firmado em 2015 na COP21.

Incêndio florestal atinge o Pantanal. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Nesse sentido, o documento traz uma reflexão importante sobre um endurecimento dos países em relações a suas NDCs (Contribuição Nacionalmente Determinada – meta de redução de emissão dos gases de efeito estufa de cada país).

Esforço rumo a uma economia sustentável na questão climática

Os esforços para a realização da chamada transição rumo a uma economia sustentável também foi ponto central, pois, apesar de refletir um caminho factível, o seu desenvolvimento gera a sensação de conforto no sentido de um caminho que está sendo trilhado, mas que ao mesmo tempo pode ser perigoso dada a velocidade empreendida.

Assim, recentemente, o Fórum Econômico Mundial publicou a 18° edição do seu Relatório de Riscos Globais classificando estes por gravidade no curto e longo prazo.

São reais os riscos em ambos os horizontes quando pensamos nas questões climáticas, uma vez que praticamente dominam ambas as listas.

Isso, junto aos demais elementos que já estão mapeados bem como a ocorrência frequente dos eventos climáticos extremos, reforça a importância de trilharmos a transição.

Fica claro que tão importante quanto falarmos e trilharmos a chamada transição é a velocidade com que entregamos esses resultados.

A transição ao mesmo tempo em que se mostra o caminho viável, não pode criar uma zona de conforto quando pensamos em avanços, e dessa forma o debate da velocidade necessária se torna relevante.

A próxima COP29 será no Azerbaijão sendo que a COP30, a ser realizada em 2025, já está confirmada para acontecer em Belém, no Brasil.

Mais do que esperar esses grandes fóruns para os debates, devemos refletir como podemos atuar em nosso dia-a-dia fomentando não só a transição, mas influenciando positivamente a sua velocidade.

Estar atento a essa agenda quando pensamos em nossos investimentos é algo importante, não somente do ponto de vista de risco, mas também das oportunidades para alocação de investimentos que tragam exposição a essas grandes tendências.

Você está atento?