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Postura do Copom aumenta risco da Selic terminal cair menos em 2024
O comunicado do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central na noite de quarta-feira (20) foi visto por agentes do mercado financeiro como um alerta de que a Selic terminal projetada para 2024 pode ficar acima do esperado.
O risco, segundo economistas, é de que a taxa nominal de juros brasileira termine o ano em patamar superior a 9%, patamar terminal para os juros segundo projeções do Boletim Focus, que coleta estimativas do mercado financeiro para os principais indicadores da economia.
O tom do comunicado, que acompanhou a decisão do BC de cortar a Selic em 0,50 ponto percentual, foi lido como “duro”, ou “hawkish“, no linguajar da Faria Lima. Em relação ao documento divulgado em sua última decisão, o Copom retirou projeções de mais de um corte de 0,50 p.p. à frente.
Risco de Selic acima de 9% ganha força com Copom em alerta
O viés de risco para uma Selic mais alta em 2024 ganhou força entre economistas da Faria Lima. O motivo principal foi a alteração do trecho do comunicado em que o Copom projetava futuros cortes da Selic.
Em janeiro, o Copom projetou cortes de 0,50 p.p. por duas reuniões seguidas. Dessa vez, o BC sinalizou apenas mais um corte para a apenas para a reunião seguinte.
Rodolfo Margato, economista-chefe da XP, diz que “de forma geral, o comunicado veio mais hawkish“.
“Havia uma discussão muito importante no mercado financeiro sobre a manutenção do plural (futuros cortes) na parte de orientação futura do Copom. Devido às incertezas do cenário global e também na conjuntura doméstica, conforme explicitado pelo colegiado, houve a opção por maior ganho de liberdade na condução da política monetária”, diz o economista.
O comunicado do Copom não alterou as projeções da Selic terminal de 2024 para a XP. A corretora prevê um juro de 9% ao fim deste ano. Contudo, Margato indica que o documento coloca “uma assimetria altista” para uma taxa maior.
Ou seja, o viés de alta para (a Selic) acima de 9% ganha probabilidade.”
Rodolfo Margato, economista-chefe da XP
Já para Luca Mercadante, economista da Rio Bravo, o BC nota que “há mais incerteza no cenário externo, com a possibilidade de juros mais altos nos países desenvolvidos”. Para a economia brasileira, a pressão contra o corte de juros vem da inflação subjacente, de setores como serviços. ,
“As mudanças do comunicado representam uma postura hawkish da autoridade monetária, pelo menos na visão dos investidores. Boa parte esperava que a sinalização para múltiplas reuniões permanecesse no texto”, diz o especialista.
Mercado não muda projeções apesar de comunicado
Junto à XP, outras casas de investimentos não mudaram a projeção para a Selic terminal em 2024. Ou seja, apesar de ter um tom “duro”, o comunicado do Copom não alterou o plano de voo da Faria Lima.
Leonardo Costa, economista da ASA Investments, afirma que mantém a projeção da casa de 8,5% para a Selic até o final deste ano. “Seguimos com a aposta de continuidade do ciclo com cortes de 0,50%, com taxa terminal de 8,5%”, completa.
“Vamos esperar a ata para fazer eventuais alterações, mas o risco hoje está para uma terminal mais elevada que a nossa projeção atual.”
Contudo, o Banco BV afirma que pode haver uma redução no ritmo de cortes da Selic a partir de junho, quando o Copom se reunirá novamente.
“Mantemos nossa avaliação de que a evolução do cenário inflacionário e da atividade econômica deverá justificar uma redução do ritmo em julho”, diz Roberto Padovani, economista-chefe do BV.
“Assim, mantemos nossa projeção da Selic encerrando o ano em 9%, com ciclo de corte se estendendo para 2025 até 2025”, projeta Padovani.
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