- Home
- Mercado financeiro
- Política
- Se for escolhido relator, Alcolumbre deve delimitar período para retirada do Bolsa Família do teto
Se for escolhido relator, Alcolumbre deve delimitar período para retirada do Bolsa Família do teto
Forte candidato a se tornar relator da proposta de emenda à Constituição (PEC) da Transição, o senador Davi Alcolumbre (União-AP) já avisou a interlocutores que discorda da sugestão do governo eleito de retirar o Bolsa Família do teto de gastos de forma indeterminada, como foi apresentado ontem em minuta entregue ao Congresso Nacional. Na prática, caso Alcolumbre realmente assuma a responsabilidade pela PEC, a tendência é que a proposta traga um prazo para essa medida.
A ideia de propor a retirada do Bolsa Família do teto por prazo indeterminado, entretanto, é uma estratégia política da equipe de transição. A gestão petista teve intenção de criar uma “gordura” justamente por conta da resistência que parlamentares do Centrão têm em relação à proposta inicial do PT de aprovar a excepcionalização do programa de transferência de renda por quatro anos.
Como a minuta entregue ao Legislativo fala em caráter permanente, a base aliada de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem agora uma “margem de negociação” para aprovar os tais quatro anos de prazo. Apesar disso, a base bolsonarista deve pressionar para que essa excepcionalização do teto aconteça somente em 2023.
Alcolumbre está descontente com relator
Inicialmente, a ideia era que o relator do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI), também assumisse o controle da PEC, mas isso provocou reação de senadores descontentes com o protagonismo do senador do Piauí. O próprio Davi Alcolumbre ironizou essa expectativa ontem, durante coletiva de imprensa para apresentação da minuta da PEC. “Ele já é relator do Orçamento, não pode ser relator-geral da República”, disse.
Também desagradou alguns senadores a tendência de Castro de anunciar que iria incorporar na PEC todos os desejos do governo de transição. No entendimento de pessoas próximas a Alcolumbre, a PEC precisa ser um texto conjunto do Senado com a Câmara dos Deputados e Castro já estaria “acatando tudo do novo governo”.
Ausência de Rodrigo Pacheco
O Valor apurou que outro fator que levou Castro a perder a relatoria foi a decisão dele de anunciar ontem que o texto da PEC seria apresentado no Senado, sem a presença de Rodrigo Pacheco, que está retornando de participação na 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP27), no Egito. Isso porque o combinado era que a apresentação da PEC fosse feita somente com a presença de Pacheco na Casa.
Diante da situação, Castro e a equipe do governo de transição resolveram explicar que, na verdade, o que estava sendo entregue não era a PEC em si, mas um conjunto de sugestões, por meio de uma minuta.
A tendência agora é que a PEC só seja protocolada quando Pacheco já estiver no Brasil, o que deve acontecer somente a partir de segunda-feira.
Leia a seguir