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Memes contra Haddad: entenda o que fez a campanha viralizar nas redes sociais
Cento e noventa e nove dias se passaram em 2024 até 18 de julho, mas apenas dois, a terça e a quarta-feira, responderam por 16% de todas as menções feitas ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nas redes sociais este ano.
O levantamento da consultoria Bites, feito a pedido do Valor, dá a dimensão do nível de viralização que atingiu a onda de memes sobre a veia arrecadadora do ministro, com uso de inteligência artificial parodiando, em sua maioria, cartazes e cenas de cinema.
Foram nada menos que 320 mil publicações citando Haddad como “Zé do Taxão”, “Taxadd”, Taxman”, “Taxa Humana”, entre outras paródias, apenas em 16 e 17 de julho. Desde 1 de janeiro até 18 de julho Haddad foi mencionado 2 milhões de vezes, o que resulta em uma média de 10.050 citações por dia.
Até na Times Square
De acordo com Manoel Fernandes, responsável pela consultoria, a campanha foi tracionada por perfis alinhados com o bolsonarismo, alguns deles de agentes políticos como as deputadas Bia Kicis (PL-DF) e Carla Zambelli (PL-SP).
Na família Bolsonaro, o senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ) entrou na onda, com uma publicação em sua conta no Instagram. Não houve até sexta publicações do próprio ex-presidente ou do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), do vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) ou da ex-primeira-dama Michele Bolsonaro nesse sentido.
O meme que alcançou maior repercussão foi exibido por alguns segundos em um telão da Times Square, operado pela empresa TSX Entertainment. Dois usuários da rede social X assumiram a autoria da publicação e disseram ter pago valores entre R$ 218 e R$ 250.
A defesa de Haddad nas redes foi impulsionada pela presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR). O ministro da Fazenda faz um uso discreto das redes sociais.
Segundo a Bites, nos últimos sete dias ele registrou apenas 22 mil interações e perdeu 1 mil seguidores. Já Gleisi ultrapassou 426 mil interações e ganhou cerca de 600 seguidores nesse período.
Bolsonaro na mira
A campanha contra Haddad ganhou tração em uma semana em que o bolsonarismo foi atingido por duas decisões judiciais que deixaram exposto o ex-presidente. No dia 8 de julho a Polícia Federal divulgou o relatório que fundamentou o indiciamento de Bolsonaro na venda de joias recebidas como presente enquanto era presidente da República.
No dia 16 o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre Moraes, levantou o sigilo de gravações em que Bolsonaro discute com assessores e advogados de Flavio Bolsonaro formas de interferir nas investigações sobre um suposto esquemas de rachadinha em que o senador teria se envolvido.
Essa espécie de “contra-ataque” por parte da militância de direita é frequente nos momentos em que o ex-presidente está acuado por noticiário negativo.
Uso de IA
A avalanche de memes marca também a entrada definitiva das ferramentas da Inteligência Artificial na disputa política. A difusão de aplicativos e sites que permitem a criação de imagens e vídeos se tornou massificada este ano e viabiliza geração de conteúdo a baixo custo.
Dessa vez a arma contra Haddad foi o humor, não a mistificação. Mas não é impossível, contudo, que se avance para a desinformação, com a veiculação de vídeos e imagens falsas.
Os projetos de lei que tentam regulamentar o uso de ferramentas como a Inteligência Artificial na política estão parados no Congresso, tanto na Câmara quanto no Senado. No início do ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) supriu por meio de uma resolução uma lacuna sobre a regulamentação do tema, mas apenas no âmbito das eleições desse ano.
O TSE estabeleceu a responsabilidade solidária das plataformas digitais sobre a veiculação de conteúdo ” fabricado ou manipulado, parcial ou integralmente, por tecnologias digitais, incluindo inteligência artificial”.
O uso de peças de inteligência artificial só pode ser feito desde que seja informado de modo explícito, sem ferramentas de deep fake ou divulgação de fatos “notoriamente inverídicos”.
O ministro da Fazenda não comentou a campanha. No seu entorno, a ofensiva foi vista com “bom humor” e como desconectada dos fatos.
A criação do “cashback” na reforma tributária e o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda são dois exemplos entre outros citados que iriam contra a imagem de uma política voltada apenas para o aumento da arrecadação.
Com informações do Valor Econômico
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