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Lula não descarta exploração de petróleo na Foz do Amazonas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou que poderá liberar a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas quando voltar ao Brasil. Ele respondeu à pergunta na saída da entrevista coletiva à imprensa, que aconteceu em Hiroshima, na manhã desta segunda-feira, noite de domingo no horário de Brasília.
Foi o último compromisso oficial no Japão, onde passou o fim de semana para participar como convidado da reunião de Cúpula do G7.
“Se extrair petróleo da foz do Amazonas, que é a 530 quilômetros do Amazonas, é em alto mar, se oferece problema para o Amazonas, certamente não será explorado”, disse.
“Mas eu acho que sim, porque é a 530 quilômetros da Amazônia. Eu vou conversar para saber”, respondeu ao Valor no momento que cumprimentava a imprensa na saída da coletiva.
O tema divide os ministros Marina Silva (Meio Ambiente) e Alexandre Silveira (Minas e Energia).
‘Compreensão com a Argentina’
Na coletiva, Lula disse ter conversado com a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, para que ela tivesse “compreensão” com a Argentina, o principal parceiro comercial do Brasil na América do Sul. Os dois se encontraram no sábado.
O país sul-americano enfrenta uma grave crise econômica com a disparada do dólar, uma inflação em doze meses superior a 100% e a maior seca desde 1929. Por conta disso, não tem conseguido honrar com os pagamentos de empréstimos feitos junto ao FMI
Lula, como havia prometido ao colega argentino Alberto Fernández, pediu que o organismo dê mais tempo ao país vizinho.
“A Argentina é o nosso principal parceiro comercial na América do Sul. Eu conversei com a diretora do FMI sobre a situação da Argentina e pedi que ela tivesse compreensão porque, depois da pandemia, a Argentina enfrentou uma seca. Vamos dar um tempo para a Argentina se recuperar”, disse o presidente a jornalistas em Hiroshima, no Japão.
No início de maio, Lula se encontrou com Fernandez no Palácio da Alvorada, em Brasília, para discutir a crise econômica no país vizinho. Na ocasião, o brasileiro se comprometeu a “conversar com o FMI para tirar a faca do pescoço da Argentina” e interceder pelo país em outros organismos internacionais, como o Banco dos Brics.
Depois do encontro, Lula também voltou a criticar a dolarização da economia mundial. Há cerca de um mês, na China, durante a posse de Dilma Rousseff como presidente do Banco dos Brics, Lula fez um discurso duro questionando a necessidade dos países em realizarem transações em dólar ao invés de usar suas próprias moedas.
Já em Hiroshima, o presidente disse “sonhar” com a construção de uma moeda comum aos países que integram os Brics. Além do Brasil, fazem parte do bloco Rússia, Índia, China e África do Sul.
Na avaliação de Lula, não é possível um país depender de uma moeda que não produz. Ele chegou a citar o euro como exemplo do que pretendia para o bloco de emergentes:
“Há muito tempo tenho dito que era pra gente criar condições para criar moedas entre os países. Não é possível ficar dependendo de dólar para fazer comércio exterior, dependendo de uma moeda que você não produz”, comentou Lula.
“O problema muitas vezes é que o pequeno empresário não confia na moeda do próprio país, então prefere vender em dólar. Eu sonho com a construção de várias moedas entre outros países que façam comércio, que os Brics tenham uma moeda. Como o euro”, disse o presidente.
Guerra entre Rússia e Ucrânia
Lula afirmou ainda durante a coletiva que não medirá esforços para encontrar o presidente da Ucrânia, Volodomir Zelensky, quando entender haver disposição dele e de Vladmir Putir, presidente russo, para discutir a paz.
“O que eu sinto é que nem o Putin nem o Zelensky estão falando em paz nesse momento. Me parece que os dois acreditam que alguém vai ganhar e não precisa discutir a paz.”
O brasileiro disse ainda que conversaria com Putin e Zelensky “na hora que for necessário” , mas que seu representante, em referência a Celso Amorim, foi até a Ucrânia encontrar com Zelensky, e não vê disposição para a paz neste momento.
“Paz só é possível se os dois quiserem”, afirmou ele. “Mas, por enquanto, o que eu ouvi do meu representante não é possível nesse instante.”
Por fim, o presidente brasileiro defendeu uma mudança no Conselho de Segurança da ONU para garantir que as decisões em favor da preservação climática sejam cumpridas.
“Precisamos ter uma governança global muito forte, é por isso que eu reivindico a necessidade de mudar o Conselho de Segurança da ONU, colocando mais países e ao mesmo tempo você tirar o direito de veto, para que você possa decidir uma coisa na COP [Conferência das Partes da ONU] e cumprir aquela coisa”, declarou.
“O dado concreto é que não cumpre. Na questão climática não pode ser assim. A gente tem que decidir e obrigar a todos os países a cumprirem com pena de esses países serem punidos. Aí sim vale você ameaçar a punição de quem não cumpre uma decisão coletiva de um encontro internacional para discutir a questão do meio ambiente”, completou.
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