Arthur Lira, presidente da Câmara: ‘texto do arcabouço fiscal vai ter que vir prudente e responsável’

Governo poderá apresentar proposta antes da reunião do Copom, em 21 e 22 de março. Lula ainda não tem base consistente no Congresso, diz Lira
Pontos-chave:
  • Em evento com setor comercial em São Paulo, presidente da Câmara dos Deputados passou recados para o governo federal e defendeu aprovação do semiparlamentarismo

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta segunda-feira (06) que a proposta de novo arcabouço fiscal a ser enviada pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o Congresso deverá ser “prudente” e “responsável” para ser aprovada pelos parlamentares.

“O texto do arcabouço fiscal vai ter que vir médio, prudente, responsável”, afirmou Lira, ao participar de um evento na Associação Comercial de São Paulo, na capital paulista.

Lira também afirmou que o governo federal não tem hoje uma base consistente na Câmara e que a gestão do presidente Lula precisa entender que o Congresso tem hoje “uma atribuição mais ampla”. Para ele, o governo atual —em suas palavras, eleito com uma “margem de votos mínima” — precisa negociar “com bom senso”. A independência do Banco Central, a Lei das Estatais e o marco regulatório para as agências reguladoras foram citados por Lira como exemplos que deveriam ser compreendidos pelo governo do PT como sinais de mudança dos tempos desde a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Recados indiretos

Lira disse ter negociado com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para que a proposta da âncora fiscal seja “prudente”. O acordo foi feito, segundo o parlamentar, no fim do ano passado, para a aprovação da PEC da Transição.

O arcabouço fiscal poderá ser apresentado pelo governo nos próximos dias, antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 21 e 22 de março, segundo o ministro da Fazenda.

Em uma palestra cheia de recados indiretos ao governo Lula, Lira reclamou das críticas ao Banco Central e à taxa de juros. O deputado questionou quais foram os benefícios trazidos pelos ataques ao BC, à reforma trabalhista e à privatização da Eletrobras e afirmou que o governo precisa falar para além de seus os apoiadores.

“Alguns sinais a gente precisa deixar de falar para as nossas bolhas, seja elas quais forem”, afirmou Lira, sem citar diretamente Lula. O presidente da República tem criticado a atuação do presidente do BC, Roberto Campos Neto, e tem dito que poderá rever a independência da autarquia.

Durante a palestra, Lira afirmou que a Câmara busca “construir saídas” para votar a reforma tributária e disse que o texto que está em debate na Casa vai ser ‘revisitado” e rediscutido para diminuir as resistências. “Vai ser um jogo de paciência”, disse.

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