Haddad: problema para taxar super-ricos é a classe política, não a população
O ministro da Fazenda Fernando Haddad afirmou hoje em conferência na Universidade Sciences Po, em Paris, que o problema para implementar a taxação dos super ricos que ele defendeu no G20 é a classe política, já que “a população está 100% aberta sempre a ouvir uma palavra de bom senso e de racionalidade em busca de um futuro comum”.
Haddad também disse que a proposta é uma “forma de conter a desigualdade sem prejuízo para ninguém, porque nenhuma dessas três mil famílias [que seriam taxadas] vai passar fome”.
O ministro da Fazenda afirmou que taxação de um imposto sobre três mil famílias que, segundo ele, detém US$ 15 trilhões poderia ajudar a financiar o combate a problemas relacionados à crise climática, como as enchentes que acontecerem no Rio Grande do Sul.
“Nós temos que enfrentar essa questão do ponto de vista sócio-ambiental, não é uma questão que vai ser desenvolvida apenas por novas tecnologias”, afirmou Haddad, que também disse que as relações sociais entre os países e dentro deles precisam ser revistas, já que a tecnologia não vai resolver sozinha a tarefa de contornar a crise sócio-ambiental.
Ministro fala em ‘pensar num futuro promissor’ para o Brasil
“Eu penso que nós temos que ter a dignidade de olhar para o nosso passado, aprender com os erros e pensar num futuro promissor que nos inclua a todos e eu não acredito que é falta de dinheiro e de produção de ciência que vai nos tirar do nosso caminho, tá sobrando dinheiro no mundo”, afirmou o ministro.
Haddad disse durante a palestra para estudantes que as propostas brasileiras nos fóruns internacionais têm levado em consideração as disparidades entre as nações.
“Quando você propõe uma taxação de super ricos, você está levando em consideração a questão social”, afirmou.
“Quando você chama a atenção do mundo de que essas questões têm que estar associadas, você joga luz sobre um cainho de solução que nem sempre está claro para os economistas, que segregam os temas, e não de forma mais holística e totalizante”, afirmou Haddad.
O ministro da Fazenda afirmou que, para outros tipos de emergências, como a eclosão de conflitos que podem gerar turbulências na economia global, “o dinheiro aparece com uma velocidade incrível”.
“Ele chega logo, onde quer que seja, para vender toda sorte de armamentos para retroalimentar aquele conflito”, disse.
Haddad também afirmou que tirar o projeto do papel é possível. “Depende nós. Se as nossas democracias não tiverem profundidade para enfrentar questões como essa, é um teste do quanto a democracia pode ir além da questão nacional, do seu interesse pessoal”, afirmou.
*Com informações do Valor Econômico
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