Gleisi critica alta da Selic, mas poupa Galípolo

Ministra pede política monetária compatível com a realidade brasileira

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffman, disse nesta sexta-feira que as recentes altas da taxa Selic aprovadas pelo Comitê de Política Monetária (Copom) não são fruto da atuação da nova direção do Banco Central, comandada por Gabriel Galípolo. Ela disse que as altas “já estavam contratadas” e que espera que, a partir de agora, a instituição promova uma política monetária “mais compatível com a nossa realidade”.

“O aumento da taxa de juros já estava precificado. Está na ata do Copom de dezembro. O BC já previa um aumento de mais 2 pontos percentuais na taxa de juros. Isso não é uma atuação da direção agora, isso já estava precificado”, disse Gleisi em entrevista à CNN.

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    “Minha posição sempre foi crítica a essa política de juros. Acho a política monetária muito contracionista. Tenho expectativa de que o BC agora considere a realidade econômica do país, considere a questão da inflação, para ter política mais compatível com a nossa realidade.”

    Segundo Gleisi, “o Brasil está indo bem na economia”, com crescimento acima de 3%, alta da renda e no emprego e “as contas em ordem”.

    “Ou seja, a gente tem condições de ter uma situação melhor na política monetária. É a minha expectativa com as futuras decisões”, afirmou.

    Na última reunião do Copom presidida por Roberto Campos Neto, em dezembro de 2024, a taxa de juros do país subiu um ponto percentual para 12,25% ao ano. O comitê ainda antecipou ajustes da mesma magnitude nas duas reuniões seguintes. A decisão foi unânime.

    Na ocasião, Gabriel Galípolo, que hoje é presidente do BC, era diretor de política monetária e dos nove membros do Copom, quatro foram indicados por Lula. Em entrevista coletiva no fim do ano, Galípolo afirmou ainda que não via um ataque especulativo contra a moeda brasileira.

    Em janeiro, na primeira reunião liderada por Galípolo, o Copom, como antecipado, elevou, pela terceira vez consecutiva, os juros para 13,25% ao ano. Dos 9 membros do Copom, sete foram nomeados por Lula. Nesta semana, na segunda reunião, o BC aumentou em mais um ponto percentual a Selic, para 14,25%, também de forma unânime.

    Integrantes do governo vêm minimizando o papel de Galípolo nessa tendência, afirmando que ele não pode dar um “cavalo-de-pau” na política monetária e que está seguindo o “guidance” (ou orientação) explicitada na ata de dezembro e que, contrariá-la, tiraria a previsibilidade da atuação do BC.

    Questionada, Gleisi disse acreditar que a meta de inflação brasileira, de 3% com banda de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, é “bem justa”. Mas negou que haja descontrole inflacionário no país, mesmo que os índices estejam acima da banda máxima da meta. E afirmou que não é apenas a política de juros que vai resolver o problema.

    “Não acho que seja o caso de fazer essa discussão de mudança. E não acho que a inflação, mesmo estando acima da banda da meta, esteja absurdamente estourada”, afirmou.

    “Acho que as medidas estão sendo tomadas. E não acredito que seja só a política de juros que vá resolver isso. Porque necessariamente não é uma inflação só de demanda. A gente tem, por exemplo, a alta sazonal de alimentos e outros itens por fatores que a gente não controla. Por exemplo, o clima, as mudanças climáticas, as crises climáticas. Eu acho que logo, com o câmbio se ajustando, isso vai ter um impacto na inflação.”

    *Com informações do Valor Econômico