O que Lula disse em dia positivo para o mercado brasileiro?

Presidente brasileiro falou a jornalistas sobre Copom, Galípolo, Haddad, Vale e até relação com Trump

Empresas citadas na reportagem:

Falas do presidente Lula nesta quinta-feira (30) contribuíram para a sessão positiva dos ativos brasileiros. A bolsa de valores teve forte alta, o dólar engatou a nona queda seguida e os juros futuros recuaram. Isso mesmo após novo aumento de 1 ponto percentual da taxa Selic, para 13,25% ao ano.

Entre os principais comentários, Lula minimizou o papel do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, na primeira reunião do Copom de 2025. O mandatário brasileiro deu longa entrevista coletiva a jornalistas no Palácio do Planalto.

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“Num país do tamanho do Brasil, o presidente do BC não pode dar um cavalo de pau de um dia para outro” afirmou Lula.

“Isso [alta dos juros ] já estava demarcado. Nós temos consciência que é preciso ter paciência. Eu tenho certeza que ele irá entregar para o povo brasileiro uma taxa de juros menor”, pontuou Lula. “Tenho certeza que ele vai entregar uma inflação mais baixa”.

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    Então, o presidente reiterou a autonomia do presidente do Banco Central.

    “Galípolo é meu amigo, mas o presidente do BC vai ter autonomia de verdade”, disse. “Quero que o Galípolo saiba que o povo espera uma taxa de juros menor para que o povo tenha mais emprego. Eu não esperava milagre”.

    Estabilidade fiscal

    O presidente Lula disse que, no que depender dele, não haverá mais nenhuma medida fiscal como as que foram apresentadas ao final do ano passado para desacelerar despesas.

    Por outro lado, um pouco antes, o presidente disse que a estabilidade fiscal “é uma questão muito importante para este governo”. E que, se houver a necessidade de novas medidas serem tomadas ao longo do ano, “vamos sentar e discutir”.

    Ao final do ano passado, o governo Lula enviou ao Congresso um pacote de medidas que, por exemplo, desaceleraram o crescimento real do salário mínimo, que agora só pode subir dentro dos limites do novo arcabouço fiscal.

    Lula disse que o déficit fiscal de 2024 foi será de 0,1%. “Déficit de 0,1% é zero”, afirmou. Segundo ele, quem criticou a situação fiscal ao longo do ano passado deveria pedir desculpas ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

    “Tenho muita responsabilidade em casa e com esse país”, falou o presidente. “Já provei isso em oito anos de mandato e vou provar de novo”, comentou. “Queremos fazer o menor déficit possível para que esse país dê certo.”

    Segundo Lula, se o país fizer uma dívida, “será para fazer um ativo novo para que esse país seja maior ainda”. “A gente pensa nisso quando fazemos o orçamento, e ele terá a restrição possível a qualquer gasto, não a investimento”, comentou o presidente.

    Haddad fraco?

    Ao longo da conversa com os jornalistas, Lula saiu em defesa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao comentar críticas do presidente do PSD, Gilberto Kassab.

    Dessa forma, para Lula, Kassab foi “injusto” com o chefe da equipe econômica. Além disso, o presidente ironizou o diagnóstico feito pelo aliado do PSD de que, se fosse hoje, o governo perderia as eleições presidenciais.

    “Quando eu vi a história do presidente Kassab, eu comecei a rir. Quando ele disse que eu perderia a eleição, eu olhei o calendário e vi que a eleição será só daqui a dois anos. Eu acho que o Kassab foi injusto com o Haddad. É importante lembrar que eu posso não gostar de uma pessoa, mas não reconhecer que o Haddad começou coordenando a PEC da Transição porque não tinha dinheiro para governar? Eu acho que o Haddad é um ministro extraordinária”, disse.

    A resposta do presidente tem relação com o fato de que Kassab afirmou ontem que, se a eleição presidencial fosse hoje, Lula seria “derrotado”. O presidente do PSD também disse estar preocupado com os rumos da economia e avaliou como “fraco” o trabalho de Haddad.

    Por conta disso, Lula também procurou fazer uma defesa do atual arcabouço fiscal.

    “Ele [Haddad] coordenou um mecanismo estupendo. Conseguimos um milagre com uma política de reforma tributária. Só por isso o Haddad devia ser elogiado pelo Kassab. Não vai ter eleição agora, então estou tranquilo. Deixa a eleição chegar para saber se o governo irá perder”, rebateu.

    Isenção maior do Imposto de Renda

    Durante a coletiva, Lula disse que em breve o governo enviará ao Congresso Nacional o projeto de lei que amplia a faixa de isenção para declaração do Imposto de Renda (IR). Mas, que antes, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está fazendo um “ajuste de compensação” para viabilizar a proposta.

    O projeto do IR foi anunciado no fim do ano passado, junto com o pacote fiscal. No entanto, ao contrário das medidas de contenção de despesas federais (pacote), não foi encaminhado ao Legislativo ainda.

    “Logo, logo vamos dar entrada no projeto de isenção de IR. Está só sendo feito um ajuste de compensação pelo Haddad”, revelou Lula, em entrevista à imprensa, no Palácio do Planalto.

    Encontro com presidente da Vale (VALE3)

    Simultaneamente, o presidente afirmou que agora a Vale dialoga com o governo, após ter encontro com o presidente da empresa, Gustavo Pimenta, na última terça-feira (28) no Palácio do Planalto.

    “Eu tenho noção da importância da Vale para o Brasil. Muita noção”, destacou o presidente. “Tenho noção de que a Vale foi governada por um período de forma muito, mas muito irresponsável. A Vale não conversava com o governo os projetos que ela pode participar nesse momento de transição energética, nesse momento de a gente explorar os minerais críticos”.

    Entretanto, Lula pontuou uma mudança de conduta por parte da empresa. “Agora a Vale se dispõe a ter um novo comportamento. Nós tivemos uma reunião. Fiquei muito contente com a impressão que me passou o presidente da Vale. Discutimos várias coisas para que a Vale volte a produzir e voltar a ser a primeira ou segunda no mercado internacional. O Brasil é importante para Vale, mas a Vale também é importante para o Brasil”, disse.

    O presidente ainda declarou que havia uma “tensão maluca” antes do governo com a Vale. Acima de tudo, por conta de não terem chegado a um acordo de reparação do rompimento da barragem de Mariana.

    “O Acordo de Mariana estava parado há 9 anos, achavam impossível, e conseguimos fazer o acordo funcionar. Temos que ter cuidado, porque o dinheiro [do acordo] começou a surgir e temos que estabelecer como o BNDES [Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social] vai fazer com que esse dinheiro chegue na ponta”, afirmou Lula.

    Donald Trump

    Finalmente, Lula afirmou que, caso o presidente americano, Donald Trump, cumpra a promessa e taxe produtos brasileiros, “haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos dos Estados Unidos”. “É muito simples”, falou Lula.

    Lula disse que “nós temos que procurar manter isso”, em relação à balança comercial com os EUA, e “melhorar’. “Quero exportar mais se for necessário”, falou o presidente.

    Ele falou que “não se preocupa” se Trump “vai brigar”. “Ele só tem que respeitar a soberania dos outros países”, comentou. “É isso que eu espero: civilidade”.

    O chefe do Executivo brasileiro também falou que “não há nenhum interesse agora” quando questionado sobre uma primeira conversa com o presidente Donald Trump. “Se eu for convidado para o G7, a gente vai se encontrar. Na ONU, a gente vai se encontrar, mas isso se ele não desistir da ONU também”, comentou Lula.

    “Eu acho que desistir do Acordo de Paris é uma regressão para a civilidade humana”, falou o presidente em referência a uma das primeiras decisões do mandatário dos EUA.

    No início de sua resposta em relação a Trump, Lula comentou que ele foi eleito para governar os Estados Unidos, “mas eu fui eleito para governar o Brasil”. Ele também contou que enviou uma carta ao republicano.

    Com informações do Valor Econômico

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