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O que esperar da cerimônia de posse do presidente Lula?
Existe muita expectativa em relação à posse do presidente Lula, que deve ser realizada no dia 1º de janeiro de 2023. Haverá uma multidão de apoiadores (e talvez opositores)? Podemos esperar o comparecimento de grande número de autoridades mundiais? Jair Bolsonaro estará lá para passar a faixa presidencial? Como será o discurso?
Essas são algumas perguntas que muita gente anda fazendo. Como não temos muitas respostas por enquanto, resgatamos fatos e curiosidades da primeira vez que ele tomou posse como presidente. Aquela cerimônia, certamente, é uma boa bússola para sabermos o que podemos (ou não) esperar que aconteça desta vez.
Quando Lula tomou posse a primeira vez?
Foi em 2003 que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomou posse a primeira vez como presidente da República, aos 57 anos.
Aliás, o evento ficou marcado como a maior manifestação popular da história das cerimônias de posse em Brasília. Isso porque cerca de 150 mil pessoas tomaram as ruas e os gramados do Distrito Deferal para participar da comemoração.
Anteriormente a Lula, as cerimônias de posse de Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso, em 1990 e 1995, reuniram cerca de 20 mil e 10 mil pessoas, respectivamente. Por outro lado, em 2019 cerca de 115 mil pessoas participaram da cerimônia de posse do atual presidente Jair Bolsonaro.
Portanto, respondendo uma das perguntas do início do texto, podemos esperar uma multidão (pelo menos de apoiadores) para a terceira cerimônia de posse do presidente Lula. Se haverá opositores no local e se será necessário garantir a separação dos grupos para evitar conflitos, ainda não sabemos.
Vale lembrar que exatos 20 anos separam a primeira da terceira posse de Lula. Desta vez, o petista receberá a faixa presidencial aos 77 anos de idade.
Como foi a posse do presidente Lula em 2003
Com a participação dessa multidão, a posse do presidente Lula há 20 anos foi uma verdadeira festa acompanhada por muita emoção e gritos de “Olê, olê, olá, Lula, Lula!”.
Durante os trajetos no carro presidencial, Lula se mostrou bastante emocionado. Ele acenava, batia palmas e fazia com os dedos gestos simbolizando o “V” (de “vitória”) e o “L” (inicial de seu nome e marca de sua campanha também em 2002).
Muito provavelmente, o presidente deva repetir boa parte dessa cena, incluindo a emoção, os acenos e o gesto que simboliza o “L”. Afinal, o gesto novamente foi marca registrada da campanha em 2022, que convidava os apoiadores a “fazer o L” para demonstrar o apoio ao petista.
Imprevistos e falhas de segurança na posse do presidente
Em 2003, houve também diversas quebras de protocolo e algumas falhas de segurança, que felizmente não acarretaram nenhum incidente grave. É impossível prever esse tipo de acontecimento, mas desde já esperamos que, se ocorrerem, também não causem nada grave a ninguém.
Como muitas pessoas acompanhavam o desfile de Lula em carro aberto, os imprevistos e as falhas de segurança começaram logo no percurso da Catedral, onde a cerimônia de posse é iniciada com uma missa, até o Congresso Nacional.
No início do trajeto, um integrante do destaque dos Dragões da Independência, que escoltava o carro de Lula, caiu do cavalo em frente ao Rolls-Royce presidencial. Apesar do incidente, nada de sério aconteceu com ele.
Outra cena inusitada aconteceu quando o carro presidencial teve de ser empurrado pelos seguranças na saída do Congresso Nacional.
Houve também casos em que pessoas furaram a segurança para se aproximar de Lula. Um militante do PT, por exemplo, conseguiu pular no carro presidencial, mas foi logo afastado pelos seguranças, sem grandes problemas.
O gramado, que fica em frente ao Congresso Nacional, e o espelho d’água acerca de 10 metros da rampa do Congresso, foram invadidos por participantes mais entusiasmados.
Para completar, enquanto Lula descia a rampa do Congresso sozinho, acenando para o público, ele foi agarrado por uma mulher que conseguiu furar a segurança e tirar uma foto com ele.
No dia seguinte à posse, por meio do seu porta-voz na época, André Singer, Lula agradeceu aos organizadores do cerimonial e disse que considerava havia sido uma bela expressão de alegria popular e de solidez das instituições. O porta-voz afirmou ainda que o presidente Lula não se sentiu ameaçado em nenhum momento da posse.
Presidente do Congresso compara Lula a personagem de Morte e Vida Severina
Na primeira posse de Lula, o senador Ramez Tebet (PMDB-MS), pai de Simone Tebet (MDB), era o presidente do Congresso. Ele comparou a vida de Lula à do personagem do poema “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto. Para quem não se lembra, o poema narra a história de um retirante que foge da seca de Pernambuco em busca da sobrevivência em Recife.
“O país escreve um novo capítulo na sua história, ao empossar um brasileiro que conhece o Brasil por vivência própria, por sua vida severina”, disse Tebet, em seu discurso.
Atualmente, o presidente do Congresso Nacional é o senador Rodrigo Pacheco (PSD). Se ele estará tão inspirado quanto Tebet em seu discurso na posse de Lula, pois bem, saberemos em breve.
Discurso de posse do presidente Lula
O discurso de posse do presidente Lula no Congresso Nacional tinha diversas páginas e foi bastante formal. O presidente falou por 44 minutos, como era previsto, sendo diversas vezes interrompido por aplausos.
Na fala, ressaltou a importância de acabar com a fome no Brasil, tema que resgatou nesta campanha de 2022.
Confira algumas das suas frases mais marcantes:
- “Enquanto houver um irmão brasileiro ou uma irmã brasileira sofrendo com a fome, teremos motivos de sobra para nos cobrir de vergonha”;
- “Defini entre as prioridades de meu governo o programa de segurança alimentar, que leva o nome de Fome Zero. Se, ao final de meu mandato, todos os brasileiros tiverem a possibilidade de tomar café da manhã, almoçar e jantar, terei cumprido a missão da minha vida”;
- “Vamos criar as condições macroeconômicas para que haja crescimento sustentável responsável, além de fazer um combate implacável à inflação.”;
- “A esperança finalmente venceu o medo, e a sociedade decidiu que estava na hora de trilhar novos caminhos.”;
- “Estamos começando uma nova história, como nação altiva, nobre, afirmando-se corajosamente ao mundo como nação de todos, de raça, de etnia, de crença. Este é o país do novo milênio por sua riqueza cultural, amor a natureza, competência intelectual, pelo calor humano, mas, sobretudo, pelos dons e poderes de seu povo.”
Transmissão da faixa presidencial
Lula recebeu a faixa presidencial das mãos do então presidente Fernando Henrique Cardoso no parlatório do Palácio do Planalto. Depois de 40 anos, foi a primeira vez que um presidente eleito passa a faixa a um sucessor também eleito pelo voto direto.
Foi também a primeira vez em que a troca de faixa ocorreu diante do povo, no parlatório – e não dentro do Palácio, como era o costume. Na época, Fernando Henrique Cardoso afirmou que o objetivo da mudança era simbolizar que a passagem havia sido democrática.
Depois de passar a faixa, o próprio Fernando Henrique tomou a iniciativa de levantar a mão de Lula, que foi saudado pela plateia.
Ainda não sabemos se Jair Bolsonaro comparecerá à cerimônia de posse para transmitir a faixa presidencial à Lula.
Discurso de Lula à multidão
No discurso à multidão, já com a faixa presidencial, Lula foi bem mais emocional do que havia sido no Congresso.
Em sua fala, lembrou de antigos petistas e não-petistas mortos. “Companheiros que morreram pela democracia e pelas liberdades”, como ele definiu. “Não sou resultado de uma eleição, sou resultado de uma história, sou o sonho de uma geração e de gerações que vieram antes da minha”, disse.
Apesar do tom emocional, Lula não chorou durante o discurso. As lágrimas vieram apenas pouco antes da descida da rampa do Planalto, quando o presidente se deparou com Roseana Garcia, viúva do prefeito de Campinas Toninho, que havia sido assassinado. Ele pediu que os seguranças abrissem caminho porque queria abraçá-la. Depois do abraço, enxugou as lágrimas com um lenço.
Presença internacional na posse do presidente
Em 2003, participaram da posse de Lula 288 integrantes de delegações estrangeiras, entre eles nove presidentes e três chefes de governo. Marcaram presença, com seus presidentes ou secretários gerais, organismos como BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), o Bird (Banco Mundial), a Unesco, a OEA (Organização dos Estados Americanos) e o alto comissariado da ONU (Organização das Nações Unidas) para os Direitos Humanos.
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