Lula e Bolsonaro encerram debate final com troca de acusações e sem apresentar propostas

Lula e Bolsonaro encerram debate tenso; "mentiroso" foi a palavra mais repetida
Pontos-chave:
  • Salário mínimo, rachadinha, petrolão, política externa e pílula do aborto marcaram primeira metade do programa

O último encontro do segundo turno das eleições presidenciais entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), na TV Globo, foi marcado por troca de acusações entre os candidatos e falta de propostas para o país. O debate foi dividido em cinco blocos.

No quinto e último bloco do debate da Globo, Lula e Bolsonaro fizeram suas considerações finais. O primeiro a falar foi Lula.

Em 1min30s, Lula agradeceu a Deus e disse ao povo que poderá “restabelecer” a harmonia no país. Disse que possivelmente os melhores momentos do país foram sob sua gestão, porque “não tinha briga, não tinha ódio”. Afirmou que a cultura e a educação funcionavam quando era presidente e voltou a falar que reajustava o salário mínimo acima da inflação quando estava no poder. Pediu voto para “consertar” o país e para o “povo voltar a comer bem”.

Nas considerações finais, Bolsonaro agradeceu a Deus por ‘segunda vida.’

O presidente Bolsonaro lembrou o atentando que sofreu há quatro anos. “Eu quero agradecer a Deus pela segunda vida em Juiz de Fora, não permitindo que minha filha ficasse orfã”, citou.

Além disso, ele recorreu a bandeiras bolsonaristas, como aborto, liberação das drogas e respeito à propriedade privadas. “Mais do que escolher um presidente da República, [eleição] é escolher o futuro da nossa nação. Não queremos a liberação das drogas, o outro lado quer, nós respeitamos a propriedade privada”, enfatizou.

Fim do quarto bloco

Termina o quarto bloco do debate da Globo.

Neste bloco, os candidatos escolheram temas de um telão para fazer perguntas um ao outro. Bolsonaro foi o primeiro a perguntar e selecionou “geração de empregos” como assunto para que Lula responda.

Meio ambiente foi o tema da última pergunta.

Lula escolheu meio ambiente como tema da última pergunta. “Até quando vai continuar política de desmate na Amazônia?”

Bolsonaro leu dados brutos sobre desmatamento, ignorando que o desmatamento cresceu 73% nos três primeiros anos de seu governo. Lula respondeu: “Reduzimos o desmatamento em uma década em quase 80%, enquanto a agricultura crescia 2%”, disse.

Bolsonaro escolheu o tema “criação de empregos” no início do quarto bloco. Ele começou falando que, mesmo com a pandemia, o Brasil criou empregos. Disse que no último mês foram 250 mil.

Lula rebate dados de emprego. O petista lembra que, em seu governos, eram contabilizados empregos formais com carteira de trabalho assinada. O ex-presidente diz que nos primeiros dias de governo, se eleito, vai fazer reunião com todos os governadores para traçar metas para desenvolvimento nos Estados. Lula cita que vai pedir aos governadores a lista de obras emergenciais.

Fim do terceiro bloco

Termina o terceiro bloco do debate da Globo.

Neste bloco, o tema foi livre, e os candidatos puderam debater entre si, tendo cada um banco de tempo de 15 minutos.

Sempre colocadas no centro do debate econômico durante as eleições, as estatais foram brevemente citadas por Bolsonaro. As estatais têm mostrado resiliência na B3 .

Um levantamento feito pela TradeMap em parceria com a Inteligência Financeira apontou que, nos últimos 20 anos, as estatais tiveram retorno acima do Ibovespa.

No terceiro bloco, Bolsonaro voltou a apostar no tema da corrupção. “Posso até falar palavrão e me desculpa, mas não sou ladrão”, provocou. Além disso, Bolsonaro disse que ministros da gestão petista foram “presos” após o fim do governo. Segundo ele, em sua gestão, as estatais deram lucro (leia Confira o desempenho das estatais na bolsa em cada mandato) . Por fim, Bolsonaro tenta relacionar Lula com sequestradores do empresário Abílio Diniz.

Nos segundos finais de seu tempo, Lula diz que no próximo bloco quer investir na discussão de programa de governo e cita infraestrutura, emprego, salário e crescimento. O petista diz que o adversário deveria ter se preparado para discutir propostas para o país.

Já Bolsonaro termina repetindo falsas associações entre Lula e facções criminosas, tema que o TSE já tratou como “fake news”.

Propostas atribuídas a Alckmin são de especialistas

As supostas contribuições econômicas feitas por Geraldo Alckmin à candidatura de Lula, como citou Jair Bolsonaro, são na verdade propostas feitas por um grupo de seis pensadores: Persio Arida, Bernard Appy, Carlos Ari Sundfeld, Sergio Fausto, Francisco Gaetani, Marcelo Medeiros.

Não têm vinculação direta com Alckmin. Lula aparentou não ter conhecimento do assunto e sugeriu um debate entre os candidatos a vice-presidente.

Lula começou perguntando e trouxe o tema da pandemia.

O petista citou que Bolsonaro negou a doença e atrasou a vacina. O ex-presidente lembrou que Bolsonaro cortou recursos do programa Fármacia Popular.

“Por que negar a vacina e esconder o seu cartão de vacina?”, perguntou Lula a Bolsonaro.

Bolsonaro (PL) voltou a dizer que Brasil foi “referência” na distribuição do imunizante durante a pandemia.

Lula pressionou Bolsonaro a falar o que fez na área da saúde. “Lembra quantas ambulâncias comprou, quantas UBSs você fez? Não lembra porque não fez”. Na sequência, disse que o governo deixou de comprar vacina contra covid-19.

Fim do segundo bloco

Termina o segundo bloco do debate presidencial.

No segundo bloco, os candidatos tiveram dois momentos de 20 minutos de perguntas com temas pré-determinados pela produção. Cada um teve 10 minutos de fala em cada participação.

Bolsonaro explora MST

Bolsonaro aproveitou o tema do “respeito à Constituição” para fazer uma sinalização ao agronegócio. Sobre isso, Bolsonaro lembra que que seu governo entregou uma série de títulos de terra para integrantes do MST. “você usava esse pessoal para levar o terror ao campo. Eu tratei com dignidade o assentado”, afirma.

Aborto e troca de acusações

Lula lembrou discurso antigo de Bolsonaro em que diz que o então deputado recomentou “pílula de aborto” para a sociedade brasileira. O presidente disse que isso foi algo que pode ter falado “há 30 anos” e acusou Lula de ser “abortista”.

Lula respondeu ser contra o aborto. Afirmou que sua esposa, Rosângela da Silva, a Janja, também é contra e lembra que é pai, avô e bisavô. Disse que a pecha de abortista “não cola” nele.

O petista cobrou um debate mais propositivo e disse que no próximo bloco falará sobre suas propostas de governo para “tirar proveito desta noite”.

Questionado sobre os sem-terra, Lula disse não ver problemas e citou que em seu governo disponibilizou 51 milhões de hectares de terra para pequenos produtores rurais. “Essa gente fez um bem para o Brasil”, afirma o petista.

Bolsonaro diz que joga ‘dentro das quatro linhas’ e acusa Lula de incentivar invasões

Bolsonaro escolheu o tema “respeito à Constituição” para questionar Lula. O presidente afirmou que joga “dentro das quatro linhas” e disse que “matou no peito” decisões absurdas. Além disso, acusou Lula de ser a favor de invasões de terra e de propriedade privada.

Aumento da pobreza

Lula começou perguntando a Bolsonaro sobre o aumento da pobreza. Um dos grande calcanhares de Aquiles do Bolsonaro está no aumento de preço de alimentos, dado o choque inflacionário que afetou o Brasil, mas também diversas economias do mundo, com a quebra das cadeias de suprimento pela pandemia do covid.

Lula disse que em seu governo o povo tinha dinheiro para comprar comida, viajar, comprar bens de consumo e diz que o país hoje está empobrecido.

“Por que o povo ficou tão miserável depois que ele [Bolsonaro] assumiu a Presidência?, questiona o petista.

Bolsonaro citou dados do Ipea. “Quando assumimos tinha 5,1% de pessoas em extrema pobreza, agora temos 4%.”

Lula reiterou a sua posição. “Hoje temos 24 milhões de pessoas na extrema pobreza, 33 milhões de pessoas passando fome. o Preço do alimento básico tá muito caro, é só ir no supermercado.”

Fim do primeiro bloco

Termina o primeiro bloco do último debate presidencial entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro. O primeiro bloco teve tema livre e debate direto entre os dois candidatos a presidente. Leia os principais destaques.

O ex-presidente Lula (PT) mostrou que conseguiu afinar a estratégia para o confronto com o presidente Bolsonaro (PL) em relação ao debate anterior. Bolsonaro manteve a tática do ataque sistemático contra o petista lembrando as acusações de corrupção. Desta vez, entretanto, Lula não ficou na defensiva, e conseguiu reagir tentando mudar o tema.

O petista pauta a discussão sobre a política externa, confrontou o presidente sobre o reajuste do salário mínimo e da merenda escolar. No debate anterior, o primeiro do segundo turno promovido pela Band, em vários momentos, Lula se mostrou acuado diante das acusações de corrupção feitas pelo adversário, e demorou a responder.

‘Dinheiro para o bolso’

Lula trouxe para o debate denúncias de corrupção envolvendo a família Bolsonaro. Disse que o presidente e sua família levaram “dinheiro para o bolso” , cita o caso da compra de imóveis em dinheiro vivo pelo clã Bolsonaro e as denúncias de” rachadinha”. O petista disse que Bolsonaro tem 35 processos contra ele e que terá de responder por isso. “”Se prepare porque o povo sabe quem é mentiroso”.

Ao ser chamado de bandido, Lula disse que Bolsonaro acabou de tentar esconder o ex-deputado Roberto Jefferson. O ex-presidente afirmou que o aliado de Bolsonaro recebeu a Polícia Federal a tiros. Na resposta, o petista disse que o povo quer saber de propostas e perguntou o que Bolsonaro vai fazer para reinserir o Brasil no cenário internacional.

Jair Bolsonaro iniciou o debate com Lula anunciando um novo piso do salário mínimo de R$ 1.400. O atual patamar do salário mínimo é de R$ 1.212.

Bolsonaro negou que, caso reeleito, acabaria com o 13º salário e férias, alegando que a campanha do PT teria divulgado na campanha eleitoral que o candidato do PL extinguiria estes benefícios do trabalhador.

O debate será dividido em quatro blocos, e cada postulante precisará administrar um banco de tempo durante o uso da palavra.

Na primeira e na terceira parte, Lula e Bolsonaro podem fazer perguntas de tema livre um para o outro. Cada concorrente terá 15 minutos de fala e precisará controlar esse tempo entre perguntas, réplicas e tréplicas.

No segundo e no quarto bloco, serão dois momentos de 20 minutos de perguntas entre os candidatos com temas pré-determinados pela produção. Cada um terá 10 minutos de fala em cada participação.

Ao final do último bloco, os dois terão um minuto e 30 segundos para as considerações finais.

No primeiro turno, o debate da TV Globo, que é tradicionalmente o último confronto entre candidatos antes da eleição, foi marcado pela aliança de Padre Kelmon (PTB) com Bolsonaro e os diversos pedidos de resposta feitos pelo candidato à reeleição e por Lula.

Em 2 de outubro, o petista largou na frente na disputa presidencial com 57.259.504 dos votos válidos (48,43%), contra do atual chefe do Executivo, que obteve 51.072.345 votos (43,20%).

Nas redes sociais

Os candidatos a Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), usaram o Twitter na noite desta sexta-feira (28) para convidar os eleitores para assistirem o debate da TV Globo. Lula usou uma ilustração que mostra pessoas assistindo ao debate em um balcão de lanchonete.

Já Bolsonaro publicou um vídeo satírico, com uma montagem de imagens do debate da TV Bandeirantes no segundo turno, no início do mês.

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