Análise: Erros de Bolsonaro facilitam corrida de Lula pelo voto útil

Campanha do presidente corre para produzir novos fatos políticos que mudem a tendência, que é hoje favorável a Lula, diz Fábio Zambeli, do JOTA

Bolsonaro não conseguiu transformar as viagens internacionais que fez em apoio político na reta final da campanha. As participações dele no funeral da Rainha Elizabeth Segunda, em Londres, e na assembleia geral da ONU, em Nova York, provocaram mais controvérsia do que benefício eleitoral para o presidente.
E como falta pouco para a eleição, a campanha de Bolsonaro corre contra o tempo para produzir novos fatos políticos que mudem a tendência, que é hoje favorável a Lula, que segue crescendo nas pesquisas.

Novas reduções nos preços dos combustíveis, especialmente do diesel e do gás de cozinha, foram anunciadas pela Petrobras. Esse efeito da deflação, a queda geral nos preços, já começa a causar impacto em parte do eleitorado, sobretudo na classe média.

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Mas entre os eleitores de baixa renda, que são os mais decisivos para a eleição, Lula tem conseguido ampliar seu apoio, o que indica pouca efetividade do auxílio Brasil de 600 reais na popularidade de Bolsonaro.

Na campanha do PT, todos os esforços estão concentrados na captura do voto útil. Uma tentativa do partido de convencer eleitores indecisos, de Ciro Gomes e Simone Tebet a optarem por Lula numa tentativa de liquidar a eleição já no próximo domingo, dia 2 de outubro.

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Alguns movimentos foram importantes nesse sentido, como o apoio de Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda, anunciado esta semana. Meirelles, embora não seja uma figura popular, empresta à candidatura de Lula um verniz de responsabilidade fiscal e moderação na economia, que ajuda a convencer uma parte do mercado e dos formadores de opinião.

Apesar do empenho dos apoiadores de Lula, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso preferiu não engrossar a frente ampla pelo voto útil e soltou uma nota em que basicamente pede que os eleitores votem em qualquer candidato, menos Bolsonaro.

E como a campanha chega à sua semana decisiva, muitas novas pesquisas serão divulgadas, mas o mais importante para os candidatos será o debate da TV Globo, marcado para quinta-feira, à noite. É ali naquela arena que será travado o embate final desse primeiro turno.

(Por Fábio Zambeli, analista-chefe do JOTA)
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