Análise: De protestos antidemocráticos à PEC da Transição, a primeira semana de Lula eleito

Petista retorna à ativa na segunda-feira (7) para começar a definir os ministros, principalmente o da Fazenda, o nome mais aguardado, diz Fábio Zambeli, do JOTA

A semana começou com manifestações em todo o país, bloqueio de estradas e Bolsonaro demorando para reconhecer o resultado das urnas.

Os protestos de apoiadores do presidente duraram até quarta-feira e só perderam força depois que ele gravou um pronunciamento em vídeo pedindo a desobstrução das rodovias.

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Independentemente do alcance, do caráter ilegal por impedir o direito de ir e vir e do prejuízo à economia, o problema desse levante popular pós-eleição é que ele tem pautas antidemocráticas: primeiro, contestar a vitória de Lula, reconhecida pelo TSE, pelo Congresso e por autoridades do mundo todo, e defender uma intervenção militar, o que não está previsto na nossa Constituição.

E é uma oposição que vem para ficar. Mesmo que os manifestantes deixem as estradas, eles vão voltar a se posicionar contra Lula em unidades militares durante os próximos finais de semana. Deve ser assim até a posse do presidente eleito, em menor escala, mas causando sempre ruído.

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Agora, alheia a essa confusão, a classe política se apressou em iniciar a transição. Líderes do centrão procuram demonstrar boa vontade com a equipe de Lula. O presidente eleito escolheu o seu vice, Geraldo Alckmin, para chefiar o processo burocrático de mudança de governo. Ele será supervisionado por petistas como Gleisi Hoffmann e Aloizio Mercadante.

E a prioridade: colocar no orçamento do próximo ano os gastos prometidos por Lula na área social. Em especial o Bolsa Família de 600 reais e o aumento real do salário mínimo.

Para isso, vem mais negociação com o Congresso e uma possível nova PEC, que abriria espaço para essas despesas na peça orçamentária de 23.

Lula, que tirou alguns dias de descanso, retorna à ativa na segunda-feira para começar a definir os ministros, principalmente o da Fazenda, nome mais aguardado pelo mercado.

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(Por Fábio Zambeli, analista-chefe do JOTA em São Paulo)
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