Quanto o PIB do Brasil cresceu em 2023? Novos dados indicam alta de 3% no ano passado

Números prévios do Banco Central e da FGV mostram uma expansão da economia do país em dezembro

O Produto Interno Bruto do Brasil cresceu 3,0% no ano de 2023, segundo o Monitor do PIB, apurado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). No quarto trimestre de 2023 ante o terceiro trimestre de 2023, a economia cresceu 0,1%. Em relação ao quarto trimestre de 2022, houve expansão de 2,3%.

No mês de dezembro de 2023 ante novembro de 2023, o PIB avançou 0,6%. Na comparação com dezembro de 2022, houve crescimento de 2,1%.

“Em termos marginais, a economia cresceu apenas 0,1% no quarto trimestre, em comparação ao terceiro. Embora com clara tendência de desaceleração nessa comparação, o resultado mostra resiliência da economia apesar das fragilidades de um crescimento anual concentrado e bastante influenciado por commodities”, afirmou Juliana Trece, coordenadora do Monitor do PIB – FGV, em nota.

O Monitor do PIB antecipa a tendência do principal índice da economia a partir das mesmas fontes de dados e metodologia empregadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo oficial das Contas Nacionais.

“A agropecuária foi fundamental para o desempenho do PIB de 2023. Aproximadamente 30% do crescimento de 3,0% da economia deveu-se diretamente a esta atividade, em particular ao desempenho da soja na região Centro-Sul do país. Esse contexto mostra forte concentração setorial e regional e evidencia que o crescimento econômico não foi sentido de modo uniforme no país. Devido ao agronegócio, o efeito do excelente desempenho agropecuário no ano se estendeu para outras atividades econômicas, o que potencializou sua influência na economia”, disse Trece.

“No entanto, cabe também destaque para o desempenho positivo da indústria e do setor de serviços em 2023. Nos serviços, o crescimento foi generalizado, padrão diferente do observado na indústria. Atividades industriais relevantes para impulsionar a economia, como a transformação e a construção, retraíram em 2023. Pela ótica da demanda, o consumo e as exportações cresceram a taxas acima do PIB (3,2% e 9,5%, respectivamente), porém a formação bruta de capital fixo apresentou queda, o que contribuiu para a redução da taxa de investimentos do país”, completou.

Sob a ótica da demanda, o consumo das famílias cresceu 3,2% em 2023, puxado pelo consumo de serviços, apesar da perda de força vista ao longo do ano.

“O consumo de produtos não duráveis também teve uma contribuição expressiva para esse resultado positivo, com crescimento de 3,6%, mantendo-se estável ao longo do ano. Por fim, o consumo de bens duráveis cresceu desde meados do ano, fechando 2023 com 3,8%”, apontou a FGV.

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB) teve uma retração de 3,4% no ano de 2023.

“O desempenho de máquinas e equipamentos preocupa, pois vem acumulando quedas ao longo do ano e fechou com retração de 8,5% no ano. A construção também contribuiu negativamente para esse resultado, com queda de 0,5%. O único componente a apresentar taxa positiva (3,7%) foi o de outros (ativos) da FBCF”, informou a nota do Monitor do PIB.

A exportação de bens e serviços registrou crescimento de 9,5% no ano de 2023.

“Cabe destacar a exportação dos produtos agropecuários, que cresceu 25,3% no ano. Somado a isso, os produtos da extrativa mineral também tiveram desempenho expressivo no ano, tendo crescido 16,7%, contribuindo para elevada taxa de crescimento das exportações”, apontou a FGV.

A importação de bens e serviços caiu 1,1% em 2023, sob a influência negativa dos bens intermediários (-3,9%) e dos produtos da extrativa mineral (-11,1%).

“Por outro lado, a importação de bens de consumo e de serviços contribuiu positivamente para esse componente, evitando maiores quedas”, explicou a FGV.

Em termos monetários, o PIB alcançou R$ 10,740 trilhões no de 2023, em valores correntes.

“Em termos reais, nota-se continuidade da trajetória ascendente desde 2021 tendo sido o ano de 2023 o de maior valor de PIB real da série histórica”, frisou a FGV.

O PIB per capita de 2023 foi de R$ 52.611, mantendo a trajetória de crescimento retomada em 2021, embora ainda em nível ligeiramente inferior ao observado nos anos de 2013 e 2014.

A taxa de investimento da economia foi de 18,1% em 2023.

IBC-Br supera previsões

A economia brasileira avançou 2,45% em 2023, conforme o Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br), divulgado nesta segunda-feira pela autoridade monetária. O dado do IBC-Br foi melhor que a mediana das expectativas do mercado financeiro coletadas pelo Projeções Broadcast, de avanço de 2,30% no indicador no ano. O intervalo de alta de 2,20% a crescimento de 3,00%.

A projeção atual do BC para a atividade doméstica em 2023 é de crescimento de 3,0%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro.

A equipe econômica do governo também projetava expansão de 3,0% no ano passado.

Dado trimestral

Além do resultado acumulado positivo no ano, o IBC-Br também avançou no último trimestre de 2023. Na série com ajuste sazonal, a alta foi de 0,22% ante os três meses anteriores (julho a setembro).

Na comparação com o mesmo período de 2022, a elevação no trimestre foi de 1,80% na série sem ajustes sazonais, informou o BC.

Dezembro

Ainda de acordo com o BC, a economia brasileira avançou em dezembro de 2023, na medição do IBC-Br. O indicador subiu 0,82%, na série livre de efeitos sazonais. No mês anterior, a alta havia sido de 0,09% (dado atualizado nesta segunda-feira).

De novembro para dezembro, o índice de atividade calculado pelo BC passou de 146,43 pontos para 147,63 pontos na série dessazonalizada. O resultado é o pior desde abril do ano passado, quando o indicador pontuou 148,93.

Nessa comparação, o dado do IBC-Br veio em linha com a mediana das expectativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de avanço de 0,80% no indicador no mês. O intervalo das estimativas ia de alta de 0,10% a crescimento de 1,70%.

Já na comparação entre os meses de dezembro de 2023 e de 2022, houve crescimento de 1,36% na série sem ajustes sazonais. Esta série registrou 144,13 pontos no último mês do ano passado, o melhor desempenho para o mês desde 2014, quando ficou em 145,48 pontos.

O indicador de dezembro ante o mesmo mês de 2022 ficou bem acima da mediana de avanço de 0,55% da pesquisa do Projeções Broadcast. As expectativas coletadas no levantamento variavam de queda de 0,40% a elevação de 2,90%.

Conhecido como uma espécie de “prévia do BC” para o Produto Interno Bruto (PIB), o IBC-Br serve mais precisamente como parâmetro para avaliar o ritmo da economia brasileira ao longo dos meses.

Com informações do Estadão Conteúdo