Copom deve ler com cautela dados sobre prévia do PIB bem acima do esperado

IBC-Br, divulgado pelo Banco Central, registrou alta de 0,9% em janeiro na comparação com o mês anterior, bem acima do 0,3% esperado

A divulgação da prévia do PIB (IBC-Br) nesta segunda-feira (17) acende um novo alerta no mercado. Depois de anunciado o PIB de 2024, parte dos analistas entendeu que estava deflagrada a desaceleração da economia. Agora, os dados vão no sentido contrário.

Após a divulgação do PIB de 2024, o Bank of America, por exemplo, havia apontado riscos na manutenção de um crescimento anabolizado em 2025. O banco citou “emprego de políticas de crédito, fiscais e parafiscais para estimular a atividade” como perigos no horizonte. A aceleração econômica veio já no primeiro mês de 2025.

O IBC-Br, divulgado pelo Banco Central, registrou alta de 0,9% em janeiro na comparação com o mês anterior, acima das expectativas do mercado. O consenso do mercado era de alta de 0,3%.

No acumulado dos últimos 12 meses, o IBC-Br registra alta de 3,8%. Vale mencionar que o PIB de 2024 subiu 3,4%.

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    “Este dado do IBC-Br sinaliza que o PIB do primeiro trimestre de 2025 ainda deve registrar um crescimento elevado”, diz Rafael Perez, economista da Suno Research.

    Na mesma linha, o economista da AZ Quest Lucas Barbosa diz que “o dado de hoje afasta um pouco as expectativas de uma desaceleração mais abrupta da atividade no primeiro trimestre”.

    Dados: Banco Central/ organização: Banco ABC

    No início do mês, durante uma conferência em Lisboa, organizada pelo Banco de Portugal, Diogo Guillen, diretor de Política Econômica do BC, ressaltou o fato de que indicadores de curto prazo, como o IBC-Br, com frequência, representam mais ruído do que sinal sobre o real estado da economia.

    Na ocasião do evento, Guillen apresentou um gráfico que mostrava como o IBC-Br pode sofrer modificações significativas entre a data de sua primeira divulgação e as divulgações seguintes. Isso porque o índice está sujeito a uma série de revisões.

    Desaceleração no horizonte

    O Itaú aponta que o Brasil registrará crescimento nos primeiros meses de 2025. O banco ´prevê a a economia crescendo 2,2% em 2025 e diz que o desempenho melhor em janeiro se repetirá em fevereiro. Contudo, a alta está em linha com a “expectativa de desaceleração gradual ao longo do ano”.

    A XP tem previsão um pouco menor: 2% de alta do PIB para 2025. A instituição também vê crescimento importante no primeiro trimestre deste ano, alta de 1,2% contra o trimestre anterior e de 2,7% na comparação com os primeiros meses do ano anterior.

    Apesar da força que deve mostrar ainda nos três primeiros meses de 2025, a atividade doméstica deve desacelerar ao longo do ano, diz a XP. As causas da desaceleração serão inflação mais alta, condições financeiras mais apertadas e menor impulso fiscal.

    Daniel Xavier, economista do Banco ABC, diz que o PIB 2025 deve ter uma “distribuição mais volátil ao longo do ano. O crescimento de 1,2% no primeiro trimestre deve ser sucedido por uma queda de 0,1% no segundo tri”, avalia.

    O economista espera volatilidade no setor agrícola, que deve exibir alguma acomodação mais adiante depois da forte alta que deve ser registrada nos primeiros meses de 2025.

    Agro e estímulos fiscais devem sustentar PIB no 1º tri, dizem analistas

    Segundo o IBC-Br, essa manutenção da economia aquecida está relacionada diretamente com a safra recorde, “principalmente de soja, que concentra quase 60% de sua produção entre janeiro e março”, destaca Perez.

    O economista da Suno também destaca o êxito de algumas ações do governo para manter a roda da economia girando mesmo com os juros em alta. Ele destaca a liberação de R$ 12 bilhões em recursos do FGTS.

    Dados: IBGE/ organização: Banco ABC

    Agora, existe a perspectiva também de que o crédito consignado privado acrescente alguma força ao PIB ao “afetar positivamente o consumo das famílias a partir do segundo trimestre”.

    O JP Morgan também destacou o fato de o crescimento de janeiro ter vindo “acima do esperado”.

    “Esperamos que a atividade real continue a se beneficiar do estímulo fiscal”, disse o banco. Foram destacadas as “transferências fiscais federais para famílias de baixa renda com alta propensão a consumir, aumentos generosos no salário mínimo e sólido crescimento da renda real disponível das famílias”.

    Mas o banco destaca também aspectos que pesam contra o desempenho da economia brasileira, como a manutenção do aperto monetário e altos níveis de endividamento das famílias.

    Além disso, há ressalvas quanto à baixa taxa de desemprego no país, que tende a afetar a produtividade em um período prolongado.

    Assim, “a atividade econômica no Brasil continua em nível elevado” e os números mantêm “o Banco Central em postura de cautela”, alerta Barbosa, da AZ Quest.

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