- Home
- Mercado financeiro
- PIB
- Fazenda reduz projeção de alta do PIB do Brasil em 2023, de 3,2% para 3%
Fazenda reduz projeção de alta do PIB do Brasil em 2023, de 3,2% para 3%
O Ministério da Fazenda reduziu a projeção de alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023. De acordo com a grade de parâmetros divulgada nesta terça-feira (21) pela Secretaria de Política Econômica (SPE), a estimativa para a expansão da atividade em 2023 passou de 3,2% para 3%. Para 2024, a revisão também foi para baixo, e a projeção para a expectativa de crescimento foi para 2,2%, ante 2,3% – estimativa usada na elaboração da peça orçamentária do próximo ano, que aguarda aprovação no Congresso Nacional.
De acordo com o Boletim Macrofiscal deste mês, o recuo na projeção de alta do PIB deste ano repercute a revisão na expectativa de crescimento da economia do terceiro trimestre, que caiu de 0,1% em setembro para 0,0%. Pesaram também as projeções menos otimistas para o setor de serviços no restante do ano. A Fazenda ponderou que, apesar dessas alterações, a perspectiva ainda é de aceleração no ritmo da atividade no último trimestre de 2023, motivada pelo crescimento de alguns subsetores menos sensíveis ao ciclo e pela resiliência do consumo das famílias, em função do aumento da massa de renda real do trabalho e das melhores condições no mercado de crédito.
Para a projeção do ano cheio, esse menor crescimento esperado para o setor de serviços foi parcialmente compensado por um aumento na projeção de alta para a indústria, destacou a SPE. Para o setor agropecuário, a projeção de crescimento em 2023 permaneceu em 14%. Para a indústria, o crescimento esperado avançou de 1,5% para 1,9%, enquanto para serviços a projeção recuou de 2,5% para 2,2%.
Segundo a SPE, com o resultado projetado para o terceiro trimestre, o PIB deverá desacelerar de 3,2% para 2,8% no acumulado em quatro trimestres. Nessa mesma métrica de comparação, o PIB agropecuário deverá acelerar de 11,2% para 12,4% do segundo para o terceiro trimestre, o PIB industrial passará de 2,2% para 1,9% e o PIB de Serviços deverá desacelerar de 3,3% para 2,5%.
“Para o terceiro trimestre de 2023, a perspectiva é de desaceleração da atividade. Indicadores coincidentes, sobretudo relacionados à evolução da atividade em serviços e vendas, apontaram para menor crescimento nesse trimestre. Na comparação interanual, projeta-se crescimento de 2,0% para o PIB do terceiro trimestre, ante alta de 3,4% no segundo trimestre”, explicou a secretaria.
Especificamente sobre o setor de serviços, a Fazenda pontuou que a desaceleração nos meses de julho, agosto e setembro (cuja expectativa de crescimento na margem foi revisada de 0,5% para 0,1%) acontece em decorrência dos resultados abaixo do esperado observados na PMS para Transportes terrestres; Armazenagem; e Serviços prestados às famílias em agosto e para Serviços Técnicos-Profissionais em setembro.
“Na PMC, também desapontou o desempenho de vendas de produtos alimentícios no atacado em agosto. Em parte, esses resultados repercutem o fim dos spillovers positivos vindos da forte colheita agrícola no primeiro semestre desse ano. Na comparação interanual, projeta-se desaceleração de 2,3% no 2T para 1,3% no terceiro trimestre, repercutindo, ainda nessa base de comparação, menores taxas de crescimento projetadas para Outros serviços; Informação e comunicação; e Atividades financeiras e queda para Comércio”, pontuou a Fazenda.
Diferentemente de 2023 e 2024, as projeções da SPE sobre a variação do PIB foram mantidas em 2025 (2,8%), em 2026 (2,5%), e em 2027 (2,6%). No último relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira, 20, os analistas de mercado consultados pelo Banco Central projetaram uma alta de 2,85% para o PIB de 2023. Para 2024, a estimativa no Focus é de alta de 1,50%. As projeções de mercado para os anos de 2025 e 2026 estão em 1,93% e 2,00%, respectivamente.
Previsão do IPCA 2023 cai a 4,66%
O Ministério da Fazenda também revisou para baixo a projeção para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2023 – enquanto que, para 2024, a expectativa para o índice subiu. De acordo com a nova grade de parâmetros macroeconômicos da SPE, a estimativa neste ano passou de 4,85% para 4,66%, abaixo do teto da meta estipulado para 2023, que é de 4,75%.
Já para 2024, a estimativa de IPCA foi de 3,40% para 3,55%. O último boletim macrofiscal da SPE havia sido divulgado em setembro.
No documento, a SPE argumenta que, em relação a este ano, o processo de desinflação ocorreu mais rápido do que o inicialmente projetado, principalmente para os componentes subjacentes, levando a inflação para dentro do intervalo proposto pelo regime de metas já em 2023.
Mas, para o próximo ano, a estimativa para inflação medida pelo IPCA avançou em 0,15 ponto porcentual (pp), motivada pelo reajuste de ICMS anunciado pelos Estados, além de mudanças pontuais no cenário projetado para o câmbio e para os preços de commodities. A SPE destacou que, nessa previsão, já estão compatibilizados os efeitos do El Niño nos preços de alimentação, energia e etanol.
Após três meses de aceleração e um alívio no IPCA de outubro, a expectativa inflacionária para 2023 passou para 4,55% no Boletim Focus divulgado ontem. Para 2024, foco da política monetária, a projeção foi para 3,91%. A meta de inflação para 2023 é de 3,25%, com teto de 4,75%. No caso de 2024, a meta é de 3,00%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos.
O Ministério da Fazenda revisou também a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) – utilizado para a correção do salário mínimo. De acordo com a nova grade de parâmetros macroeconômicos da pasta, a expectativa para o indicador neste ano passou de 4,36% para 4,04%. Para 2024, a projeção foi revisada de 3,21% para 3,25%.
A revisão em -0,32 ponto porcentual para o INPC deste ano reflete a incorporação de valores já divulgados para o Índice em setembro e outubro, apontou a SPE. No ano, a inflação para consumidores com renda mensal de até cinco salários mínimos deverá ser inferior àquela medida pelo IPCA em mais de 0,60 ponto, “evidenciando que o processo desinflacionário vem ocorrendo de maneira mais pronunciada para as menores classes de renda”.
Já a estimativa da Fazenda para a alta do IGP-DI em 2023 foi novamente revisada para recuo, de -3,00% para -3,30%. “Desde o último Boletim, os preços agropecuários do IPA-DI surpreenderam para baixo, voltando a apresentar deflação acentuada em setembro como reflexo da forte queda nos preços de bovinos, leite e ovos. Em outubro, a alta do IPA também foi abaixo da esperada já que a queda nos preços da soja e do leite compensou parcialmente a alta sazonal da batata e a elevação da inflação de bovinos”, apontou.
Para o próximo ano, o nível estimado permaneceu em 4%.
Com informações do Estadão Conteúdo
Leia a seguir