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O renascimento da Eternit (ETER3): de geração de energia solar em telhas ao agronegócio
Perto de sair de uma recuperação judicial iniciada em 2017, a octagenária Eternit (ETER3) deixou o passado de amianto para trás e está mergulhando fundo na geração de energia solar em telhas. Primeiro começou a fabricar as de concreto, equipadas para gerar energia elétrica em casas de alto padrão. Agora, será vez das telhas solares de fibrocimento, produto inédito no Brasil e que visa a popularizar a fonte de energia, até mesmo em favelas, disse o presidente da empresa, Luís Augusto Barbosa, em entrevista ao Estadão/Broadcast. Barbosa está deixando o cargo este mês e vai para o conselho da empresa. No lugar dele entra Paulo Roberto Andrade, que sai do conselho da Eternit para assumir como CEO.
“Lá em 2017, quando a gente assumiu a empresa e começou a fazer a reestruturação, abrimos várias frentes, como mudar a tecnologia, sair do amianto, que era o grande passivo da companhia e do qual conseguimos nos desfazer em 2018?, afirmou Barbosa. De lá para cá, a Eternit abandonou negócios que não davam lucro, como louça sanitária, metais, caixa d’água, entre outros, e priorizou a área em que era mais forte: as telhas.
Parceria com ONG
Mais leves que as de concreto, lançadas em 2019, as telhas de fibrocimento são mais adaptáveis a casas menos estruturadas. Para demonstrar a viabilidade do novo produto, a Eternit procurou concessionárias de energia elétrica e, em parceria com a ONG Revolusolar, tem buscado moradores nas comunidades Chapéu Mangueira, Babilônia ou Ladeira Ari Barroso, na Zona Sul do Rio de Janeiro, para um projeto piloto.
A ideia é selecionar uma residência, para a qual serão fornecidas e instaladas telhas fotovoltaicas de fibrocimento e entender como será feito o transporte, a eficácia da insolação e outros quesitos técnicos. “A telha vai direto para o telhado: é só tirar a comum e trocar por essa (de fibrocimento)”, diz Barbosa. “É só ligar como se fosse um painel fotovoltaico qualquer, tem um cabeamento, um suporte.”
Minha Casa Minha Vida
Segundo ele, o projeto feito com as comunidades do Rio é uma maneira de mostrar o quanto esse produto pode ser acessível para comunidades de baixo poder aquisitivo. Segundo o gerente de desenvolvimento de Novos Negócios da Eternit, Luiz Lopes, o programa Minha Casa Minha Vida está analisando o produto para saber se é viável sua incorporação às construções populares.
Apesar de as telhas de fibrocimento custarem mais do que as telhas comuns, de cerâmica (conhecidas como telhas de barro, pela cor), a empresa vem demonstrando às construtoras que elas geram dinheiro com a economia na conta de luz, que podem chegar entre R$ 50 e R$ 100 por mês em casas populares.
“A depender do tamanho da casa, às vezes quatro telhas de fibrocimento já dão uma redução significativa na conta”, disse Lopes. De acordo com ele, apesar de a matéria prima da telha ser importada, a tecnologia é nacional e foi patenteada pela Eternit, que pretende exportar o produto.
“A gente tem a patente, fez o módulo, fez uma fábrica (em Atibaia/SP) para construir o módulo. A tecnologia é nacional, a patente é nacional. O que o mundo tenta fazer, eu tenho muito orgulho de ter feito aqui”, afirmou o executivo.
Agronegócio
A Eternit também está de olho no agronegócio. “Temos um piloto grande para o agronegócio, que pode usar em galpão para confinamento de boi, galpão para avicultura, suinocultura”, disse Barbosa. Segundo a empresa, o mercado das telhas fibrocimento fotovoltaicas é o mesmo das telhas onduladas, mas com o adicional de incorporar a geração de energia fotovoltaica.
Também há grande potencial na cobertura de galpões – industriais, comerciais e do agronegócio -, nas construtoras de conjuntos residenciais, para pessoas físicas em construção própria, chegando até as casas mais simples em comunidades, o que poderá auxiliar na inclusão energética discutida pelo governo.
Cada telha tem potência de 142 Wp (watts-pico) ou 0,142 quilowatt (kW). Com essa capacidade, seriam necessárias entre 4 a 6 unidades para atender as necessidades de uma casa pequena. Um outro exemplo de uso do produto é a fábrica da empresa em Fortaleza. A Eternit usou 2.160 telhas fotovoltaicas para cobrir a unidade, que terá capacidade de gerar 41,2 MWh/mês de energia, o suficiente para abastecer 300 casas.
Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar), a primeira telha solar fotovoltaica foi criada há cerca de cinco anos pela Tesla, nos Estados Unidos. No Brasil, o primeiro registro é da Eternit, em 2019, com as telhas de concreto. Com o produto, a empresa entra num mercado que não para de crescer. Hoje são 30 mil megawatts (MW) de potência instalada no País – aumento de 113% em relação a 2021. No total, há 1,95 milhão de sistemas solares conectados a rede.
Com informações do Estadão Conteúdo
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