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O que é metaverso? Qual a relação com criptomoeda e NFT? Veja perguntas e respostas
Metaverso é um conjunto de ambientes virtuais em 3D nos quais os usuários poderão ingressar com o uso de dispositivos especiais, como óculos e fones de ouvido. Pense numa espécie de realidade paralela, que simulará o mundo físico e na qual as pessoas poderão se comunicar umas com as outras a partir de avatares – representações gráficas de gente de carne e osso. O conceito combina duas vertentes tecnológicas – a realidade virtual e a realidade aumentada – com os recursos de comunicação das redes sociais.
Ambientes 100% criados pelo computador, com os quais o usuário pode interagir, são o foco da realidade virtual. Já a realidade aumentada permite projetar objetos digitais sobre cenários reais. A soma disso tudo anuncia uma era na qual vidas virtuais terão papel tão relevante quanto a realidade física. Pelo menos é o que dizem os entusiastas do metaverso.
Nesta reportagem, o Valor explica o que significa o metaverso, quando ele surgiu, quais são as empresas que já estão nesse mercado, o potencial para as empresas e a relação dessa nova tecnologia com criptomoedas e NFT. Confira abaixo:
Quando surgiu o metaverso? Quem criou?
O termo metaverso é atribuído ao escritor americano Neal Stephenson, que em 1992 usou essa palavra para descrever um mundo virtual habitado por avatares em seu livro de ficção científica “Snow Crash”, publicado no Brasil sob o título “Nevasca”.
A palavra ganhou popularidade no ano passado, depois de o Facebook mudar seu nome corporativo para Meta Platforms, numa alusão ao metaverso.
A decisão de rebatizar a companhia que controla o Instagram, o WhatsApp e o próprio Facebook fez disparar o número de pesquisas sobre o significado do termo na internet e levou o Dicionário Collins a incluí-lo na sua lista das 10 palavras do ano, escolhidas entre 4,5 bilhões de expressões.
Quais são as empresas que já estão no metaverso?
Nós já estamos, de certa maneira, no metaverso. Várias iniciativas, principalmente na arena dos jogos eletrônicos, usam recursos característicos do metaverso.
No Fortnite – game mais popular da atualidade, com 350 milhões de usuários ativos no mundo –, os jogadores participam de batalhas com até 100 participantes, por meio de avatares, e se comunicam uns com os outros em tempo real. Funciona como um jogo e uma rede social.
Outro exemplo é o Roblox, disputado diariamente por 47 milhões de jogadores. Cerca de 9,5 milhões de desenvolvedores criam itens para o universo do jogo.
A ideia de proporcionar uma vida digital paralela não é nova. Em 2003, o jogo Second Life virou febre ao oferecer um ambiente virtual em que avatares podiam trabalhar, adquirir bens e propriedades, fazer amizades, tirar férias, casar-se e até fazer sexo.
Com o tempo, o game não conseguiu manter o interesse inicial e perdeu relevância. Dos 73 milhões de contas criadas desde seu lançamento, a estimativa é que teria, hoje, cerca de 900 mil usuários cadastrados.
Agora, com o barulho em torno do metaverso, o Second Life pode ter uma segunda chance. No início de janeiro, Philip Rosedale, fundador da Linden Lab, que controla o Second Life, voltou à empresa, da qual se afastara há anos, nos papéis de conselheiro estratégico e investidor.
Apesar dessas iniciativas, é consenso que o metaverso ainda está em formação e seu futuro dependerá da capacidade das empresas de criar simulações digitais suficientemente convincentes.
Outro ponto importante é fazer com que os dispositivos de acesso sejam confortáveis e baratos. Grandes companhias já fracassaram nessa tentativa. O Google desistiu dos óculos Google Glass, de realidade aumentada, que decepcionaram o público.
Quais são os planos do antigo Facebook e da Microsoft para o metaverso?
A Microsoft divulgou que o metaverso foi uma das razões que a levaram comprar a empresa de jogos Activision Blizzard, por US$ 69 bilhões, no dia 18 de janeiro – a maior aquisição de sua história. A Activision detém títulos como “Call of Duty”, “Candy Crush” e “World of Warcraft”. Esse último já virou filme. Outras iniciativas convergentes com o metaverso na Microsoft incluem o HoloLens, dispositivo de realidade aumentada.
No Facebook, os acessórios e softwares de realidade aumentada, que levavam a marca Oculus – herdada da empresa adquirida em 2014, por US$ 2 bilhões – serão rebatizados de Meta, o nome da corporação, numa indicação de como essas tecnologias se tornaram centrais para o grupo. Outras gigantes, como Google e Apple, também estão se posicionando no metaverso.
O metaverso é o futuro da internet?
O mercado de tecnologia é marcado por fases que se sucedem a cada dez ou quinze anos e, para muitos analistas e executivos, o metaverso será nada menos que a próxima etapa da internet.
A expectativa desses profissionais é que mundos virtuais e interconectados darão o tom da tecnologia global, da mesma forma que mainframes, microcomputadores e celulares/aplicativos fizeram anteriormente.
É por isso que as “Big Techs” estão correndo para determinar quais serão os protagonistas nesse território.
Qual o potencial do mercado de metaverso?
A consultoria canadense Emergen Research prevê que o mercado relacionado ao metaverso, que teria somado US$ 47,69 bilhões em 2020, crescerá a uma taxa anual de 43,3% entre 2021 e 2028, atingindo US$ 828,95 bilhões ao fim do período.
O foco na convergência entre o mundo físico e o digital e a pandemia de covid-19 são apontadas como alguma das principais razões desse aumento.
As “Big Techs” não são as únicas interessadas nos negócios que gravitam em torno do metaverso. Grandes marcas de bens de consumo também sondam o terreno. Em dezembro, a Nike comprou a startup americana RTFKT, que tem entre seus produtos uma linha de tênis virtuais para o metaverso. O objetivo da Nike é vender tanto itens puramente digitais como seus correspondentes no mundo físico.
Outro exemplo é a grife Dolce & Gabbana, que em setembro leiloou uma coleção de nove peças de alta costura, batizada de Collezione Genesi, pelo equivalente a US$ 5,7 milhões. O item mais disputado, chamado “terno de vidro”, custou US$ 1 milhão e foi o terno mais caro já vendido pela marca italiana de luxo. Os compradores receberão tanto as peças digitais como suas versões físicas.
Qual a relação do metaverso com NFT e criptomoedas?
Os movimentos da Nike e da Dolce & Gabbana, assim como de várias outras marcas, chamam atenção para o NFT, sigla em inglês para os tokens não fungíveis. São códigos numéricos que funcionam como registros de propriedade de bens únicos, que podem ir de obras de arte a itens colecionáveis, como álbuns de figurinha.
O NFT é baseado na tecnologia blockchain, que está na base das criptomoedas, e garante que seu detentor é o proprietário de bens muitas vezes intangíveis.
A expectativa é que o NFT se torne a forma prioritária de negociar no metaverso. Entre o primeiro e o terceiro trimestres de 2021, as transações desses tokens triplicaram no mundo, para mais de US$ 5,9 bilhões, segundo o site Nonfungible.com.
O primeiro tuíte da história foi leiloado no ano passado, por US$ 2,9 milhões, enquanto o curta-metragem “Crossroads”, de 10 segundos, custou US$ 6,6 milhões. Tudo em NFT. Não por acaso, foi a palavra do ano do Collins. Superou o próprio metaverso.
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