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Sedex na lotérica e FGTS nos Correios? Estatais assinam acordo para compartilhar estruturas
Empresas citadas na reportagem:
A Caixa Econômica Federal e os Correios assinam nesta terça-feira (12) acordo para compartilhamento cruzado de suas estruturas físicas para prestação de serviços bancários e de envio e recebimento de encomendas.
Numa mão, serviços ligados a programas sociais, como o Bolsa Família, e a benefícios trabalhistas, como seguro-desemprego, PIS e FGTS, serão prestados em agências dos Correios.
Inicialmente estarão disponíveis serviços como desbloqueio e atualização cadastral de contas, além de autorização de saques de benefícios sociais.
A parceria prevê que gradualmente a Caixa Econômica monte equipes de atendimento para trabalhar dentro de agências da estatal de correspondências e encomendas.
“Há um processo de bancarização ainda a ser feito no país”, disse o presidente-executivo da Caixa, Carlos Vieira, à Inteligência Financeira.
Caixa e Correios: uma Mega-Sena e um Sedex, por favor
Ao mesmo tempo, lotéricas da Caixa Econômica passarão a atuar também como pontos de envio e coleta de encomendas dos Correios.
No fim de 2023, a Caixa tinha rede física de 4,3 mil agências e postos de atendimento, além de 22,2 mil lotéricos e correspondentes.
Já os Correios têm mais de 10 mil agências e está em todos os municípios brasileiros.
Segundo os Correios, o acordo permitirá a otimização da estrutura física das duas instituições, o que contribuirá para redução de custos.
Assim, os Correios adotam modelo similar ao do Mercado Livre, que usa pontos comerciais locais como pontos de coleta e entrega de encomendas.
Pelos termos do acordo, também serão compartilharão os espaços culturais de ambas.
Cartada para tentar virar o jogo
O anúncio ocorre no momento em que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva tenta fortalecer os Correios, que voltou a ter prejuízos.
Na parceria com a Caixa, a companhia receberá remuneração pelo uso de seu espaço para prestação de serviços do banco.
Na segunda-feira (11), o governo também anunciou que enviará um projeto de lei ao Congresso para fortalecer os Correios no segmento de e-commerce.
O objetivo é revisar a legislação de serviços postais e eliminar regras que só se aplicam à estatal e criar uma regulação para o setor.
Com isso, o governo quer fazer os Correios competirem em igualdade com gigantes do comércio eletrônico, como Mercado Livre e as chinesas AliExpress e Shopee.
Futuro do pretérito
Os Correios eram uma das estatais federais que o governo anterior, de Jair Bolsonaro, pretendia privatizar.
Nesse sentido, o governo então tomou medidas de redução de custos para reverter um ciclo de vários anos de prejuízos da estatal e aumentar o interesse de potenciais investidores.
Assim, em 2021 os Correios registraram lucro de R$ 3,7 bilhões, o dobro do alcançado no ano anterior.
Em 2022, porém, a empresa voltou ao vermelho, com prejuízo de R$ 809 milhões.
Com a eleição de Lula, o plano de privatização foi engavetado.
Nos primeiros nove meses do ano passado, a perda líquida foi de R$ 828 milhões.
Nas últimas décadas, os Correios tiveram parcerias similares com o Bradesco e depois com o Banco do Brasil por meio do Banco Postal.
Com a crescente preferência do público pelo bancos digitais, contudo, a parceria foi descontinuada em 2019.
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