Você já parou para pensar que educação é, ao mesmo tempo, uma deficiência histórica do Brasil e um negócio que tem produzido muita riqueza, inclusive na bolsa de valores? Talvez o maior exemplo disso seja a Cogna Educação, antiga Kroton.
Trata-se do maior grupo do setor no país, com ações negociadas na B3 e muitos números superlativos. Vamos a alguns:
É uma empresa avaliada em R$ 5,25 bilhões;
Tem 3 milhões de alunos;
Detém 7 unidades de negócios: Cogna Educação, Pitágoras Ampli, Kroton, Platos, Saber, Vasta Educação, Somos Educação;
São 60 marcas no total, tais como Editora Ática, Scipione, Red Baloon;
Presença em todos os Estados brasileiros;
Parceria com 5 escolas no Japão e 1 no Canadá;
Nona maior empresa do setor no mundo.
Evidentemente, um negócio desse tamanho e com tanto êxito é resultado do trabalho de muita gente. Mas uma, em especial, se destaca: o chairman Rodrigo Galindo, que era o CEO da companhia até março de 2022, depois de ficar 11 anos no cargo.
Rodrigo Galindo: ‘O erro contribui para inovação’
Antes de Galindo falar sobre o presente e contar um pouco do futuro da Cogna, convém lembrar rapidamente sua história.
Seu pai e sua mãe trabalhavam no ramo de educação. Em 1998, a família fundou a Universidade de Cuiabá. Já em 2007, aos 31 anos, Galindo assumiu a liderança do negócio como diretor-presidente. Por último, em 2011, o vendeu à Kroton Educacional por R$ 200 milhões.
O comum em casos como esse é que, ao longo do tempo, representantes da empresa comprada deixem a companhia. Não foi o caso aqui. Nem de longe. Já no final de 2011, Galindo assumiu o cargo de CEO da Kroton Educacional.
A partir de então, empreendeu uma agenda de expansão e aquisição de outros negócios que fez a Kroton se tornar a maior empresa privada do ramo de educação no mundo.
Diante de um processo tão grandioso como este, será que há espaço para o erro? Galindo afirma que sim, e cita como ponto de partida o processo de digitalização da Cogna, que se iniciou em 2018.
“Quando se entra num processo de verdade de transformação para uma cultura digital, aprende-se rapidamente que o erro faz parte do processo”, afirma. “A inovação só vem quando você permite o erro. E uma cultura inovadora só se constrói numa cultura que permite o erro”, afirma.
Mesmo com tantos desafios na carreira, Rodrigo Galindo conseguiu um tempo, em maio de 2022, para meditar no Sri Lanka.
“Eu queria marcar um momento da minha carreira importante que era sair da posição de CEO da Cogna, que é a empresa em que trabalhei minha vida inteira, para ir para a posição de chairman. Então, resolvi fazer uma viagem de autoconhecimento para o Sri Lanka”, conta.
Galindo lembra que o local escolhido por ele era um retiro de meditação, yoga, medicina ayurvédica e acupuntura. “Quando você entra no retiro, tira os sapatos e não os usa mais. Foram sete dias de contato com a natureza, comendo comida vegana. Coisas que fazem você se desprender um pouquinho do dia a dia”, conta.
O empresário comenta que a experiência o ajudou a validar muitas coisas que vinha fazendo, ao mesmo tempo em que contribuiu para fazê-lo rever outras ações e atitudes.
“Talvez a mais importante das descobertas é que educação é o que me move. Eu realmente acho que a gente transforma um país e uma sociedade por meio da educação. É muito gratificante pensar que não joguei os 30 últimos anos da minha vida fora”, analisa.
E o bate-papo para o Visão de Líder não ficou somente nestes assuntos. Rodrigo Galindo também falou sobre aprendizados difíceis, como a negativa do CADE para a fusão da empresa com a Estácio, em 2017; a perspectiva a longo prazo para o Brasil; a união com startups; e o futuro da educação, entre outros temas.