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Plano de recuperação da Gol (GOLL4) prevê aumento de capital de cerca de US$ 1,5 bilhão por meio da emissão de novas ações
A Gol (GOLL4) divulgou ao mercado nesta segunda-feira (27) o seu plano financeiro de cinco anos, passo importante e que faz parte do seu processo de recuperação judicial nos Estados Unidos (“Chapter 11”). No documento, a empresa apontou que sua saída do “Chapter 11” deve envolver um refinanciamento estimado de US$ 2 bilhões e uma injeção de capital de cerca de US$ 1,5 bilhão por meio da emissão de novas ações. O grupo destacou ainda que, até 24 de maio, fechou negociação com arrendadores para 113 aeronaves, além de motores reservas.
“Desde o início deste processo, a Gol continuou operando sem interrupções e de forma normal, demonstrando solidez na execução de nossa estratégia comercial e mantendo uma abordagem disciplinada na gestão dos custos. Como comunicamos anteriormente, renegociamos com sucesso os acordos com nossos arrendadores para a maioria substancial de nossas aeronaves e estamos seguindo nosso plano estratégico de investir em nossos motores e aumentar o tamanho da frota operacional e de nossa capacidade, mantendo alta produtividade e eficiência operacional”, disse Celso Ferrer, CEO da empresa, em nota.
O executivo destacou que com o plano publicado, a empresa iniciará em breve o processo competitivo de financiamento para a saída do “Chapter 11”.
Parte do aumento de capital esperado pela empresa, na casa de US$ 1,5 bilhão, será usado para quitar o financiamento na modalidade DIP (uma espécie de empréstimo com quitação prioritária). O recurso levantado foi de US$ 1 bilhão, garantidos por bondholders com vencimento em 2028 e 2026.
A empresa destacou que os termos e condições do aumento de capital ainda vão ser determinados. O grupo ainda irá conduzir um processo competitivo onde outros grupos podem fazer propostas de financiamento mais vantajosas à empresa – e assim disputar por uma maior participação da empresa e até pelo controle.
Nos bastidores, entretanto, a visão é de que os atuais controladores e os detentores de dívida 2028 – que forneceram quase a totalidade do DIP – estão bem posicionados na disputa. Os dois conseguiram acomodar no DIP os bondholders de 2026, que chegaram a questionar o processo de reestruturação, mas firmaram um acordo para retirar todas as suas objeções.
“A empresa observa que o processo competitivo mencionado (de levantar o financiamento) começará no início de junho e deve se estender pelo menos até o final do terceiro trimestre de 2024 e, possivelmente, até o quarto trimestre de 2024. Embora a Gol antecipe um processo de financiamento de saída bem-sucedido, não há garantia de que o processo resultará em quaisquer transações”, disse a aérea.
A disputa pelo fornecimento do recurso de saída do “Chapter 11” é saudável para os negócios, uma vez que vence a melhor proposta financeira para garantir a continuidade da empresa. Na Latam, os principais acionistas antes da reestruturação eram a família Cueto, a Qatar Airways e a Delta Air Lines, que detinham cerca de 46% do capital e foram diluídos para uma participação de 25% – eles até tentaram ficar com uma fatia maior, mas outros credores conseguiram passar na frente.
Dentro das transações previstas no plano, a empresa espera que seus níveis de liquidez atinjam aproximadamente 18% e 25% da receita de 12 meses até o final de 2025 e 2029, respectivamente. O grupo espera ainda um índice de alavancagem líquida (medido como dívida total menos liquidez/Ebitda) de aproximadamente 3,6 vezes, 2,9 vezes e 1,7 vezes em 2025, 2026 e 2029, respectivamente.
O grupo destacou que diante da reestruturação e do investimento na revisão de motores, sua capacidade para 2024 ficará temporariamente abaixo do nível de 2023, o que resultará em um efeito negativo sobre o Ebitda. A estimativa é de melhora já em 2025.
A Gol destacou esperar uma queda das margens Ebitda (expressas em % da receita total) em 2024 para aproximadamente 23% (foi 27% em 2023). O indicador deve se recuperar para aproximadamente 29% em 2025, chegando a cerca de 30% em 2026 e de 34% até 2029. “As margens Ebitda serão impulsionadas, em parte, pela implementação de um programa anual de melhoria de resultado de cerca de R$ 1 bilhão, que permitirá à Gol manter uma vantagem competitiva sobre seus pares no custo unitário”.
Segundo a Gol, em 24 de maio de 2024, a Companhia tinha acordos aprovados pelo Tribunal de Falências dos EUA para 113 aeronaves e 48 motores sobressalentes, que incluem concessões significativas de arrendamento, devoluções antecipadas de aeronaves e suporte significativo para manutenção de motores. “A companhia está agora analisando ofertas competitivas de pacotes de concessão oferecidos pelos arrendadores cobrindo todas, ou substancialmente todas as aeronaves restantes. A companhia espera tomar decisões com relação a essas aeronaves em breve”.
Segundo fontes disseram ao Valor nos últimos meses, o processo de renegociação final do grupo deverá levar sua frota a um patamar entre 125 e 133 aeronaves. No final do primeiro trimestre, a empresa tinha 142 aeronaves. Paralelo, o grupo continua recebendo novas aeronaves, o que deve ajudar a compensar a devolução de parte da frota.
A Gol explicou, de acordo com a legislação norte-americana, os créditos de dívida não garantidos contra a empresa devem ser pagos integralmente antes que o capital próprio tenha direito a receber qualquer recuperação. “Como as obrigações de dívida da companhia excedem significativamente o patrimônio líquido da Companhia, é altamente provável que nossas ações ordinárias e preferenciais existentes tenham valor mínimo ao fim deste processo e, consequentemente, investir em nossas ações implica, portanto, risco significativo”, disse.
A Gol está trabalhando com o escritório Milbank como seu advogado de reestruturação nos EUA, Seabury Securities como consultor financeiro e banqueiro de investimento, e AlixPartners como consultor financeiro. Além disso, Lefosse Advogados está atuando como advogado brasileiro da empresa.
Com informações do Valor Econômico
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