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A nomeação de Elon Musk para o Departamento de Eficiência do governo Trump levanta preocupações sobre conflitos de interesse, com mais de 20 investigações federais em andamento contra Musk. Especialistas destacam a incerteza da parceria entre Musk e Trump, ambos com perfis fortes que podem colidir. Musk pode usar sua posição para influenciar investigações e expandir sua visão política e social.
Nesse sentido, há dúvidas sobre o papel que Musk terá no governo e de que forma sua participação poderia interferir em investigações em curso contra o bilionário.
Uma das maiores incertezas é a longevidade dessa parceria entre Trump e Musk. Uma vez que ambos são figuras polêmicas e que podem entrar em rota de colisão.
Trump escala Musk
Trump, que assume a Casa Branca em 20 de janeiro de 2025, nomeou como cosecretário da pasta o também magnata Vivek Ramaswamy. O departamento liderado por Musk e Ramaswamy será encarregado de melhorar a “eficiência governamental”.
Kate Conger e Ryan Mac, repórteres de tecnologia do jornal “tHE New York Times” e que escreveram um livro sobre o Twitter (que passou a se chamar X depois de comprado por Musk), destacaram que a entrada de Musk no governo traz um risco ao funcionamento das instituições no país, em especial as agências reguladoras.
“É improcedente o potencial conflito de interesses. Há pelo menos 20 investigações federais em múltiplas agências em andamento contra Musk. Caso tenha alguma questão na FAA (a agência nacional de aviação civil dos Estados Unidos), que supervisiona a SpaceX, ele vai conseguir influenciar? A gente não sabe. Mas esse potencial é assustador”, disse Mac.
Parceria incerta
Mas a longevidade da parceria entre os dois ainda é incerta. Tanto Musk quanto Trump têm perfis fortes, caraterística que pode pôr os dois em rota de colisão.
“Isso é algo que vimos muito no Twitter. Elon começou a investir no Twitter e foi convidado ao Conselho. Mas ele era uma das dezenas de vozes na sala. Elon não gostava disso e comprou a companhia”, disse Conger, destacando ver um cenário para uma colisão de personalidades.
Conger destacou que por muitas vezes a aquisição do Twitter por Musk é apontada como negativa para o bilionário diante da desvalorização da empresa, com anunciantes saindo da plataforma. Mas Musk, no fim, teria tirado valor do negócio de outras formas.
“Há muitas coisas nesse acordo que se a gente fosse jogar pelas regras normais ele jamais teria acontecido. Mas as coisas são diferentes para Elon. Com esse acordo, ele ganhou valor com a compra do X menos do lado monetário e mais para um valor político e social”, disse a jornalista.
Conger acrescentou que Musk tem sido capaz de usar o X para turbinar sua visão política e alcançar um espaço relevante à mesa com líderes globais.
“Musk tem conseguido pegar os dados do Twitter e transformar isso em valor. Agora ele está usando a base de dados e treinando a sua IA, a xAI”, disse a jornalista. A xAI tem um “valuation” estimado na casa de US$ 40 bilhões hoje, segundo a imprensa internacional. “Isso compensa as perdas com o Twitter”, disse.
O que esperar de Musk no governo?
Em coletiva com jornalistas, Bradley Tusk, CEO e cofundador da Tusk Ventures, observou que é difícil precisar o que Musk representará para o futuro dos Estados Unidos agora que ele estará no governo.
“A metade do que ele [Musk] fala é sem noção. E a outra metade é genial. Então é difícil avaliar”, disse Tusk, destacando que se Musk conseguir tornar o governo mais eficiente seria uma vitória para o país. “Não tenho certeza de qual será o resultado”, destacou.
Já Christian F. Nunes, presidente da National Organization for Women (NOW), mostrou uma visão mais crítica à entrada de Musk no governo.
“Ele [Musk] criou espaço para muita desinformação”, disse Nunes. “O que vai guiá-lo? Será em benefício do país ou em benefício próprio? Fico em dúvida sobre o que ele vai fazer”, disse, em conversa com jornalistas.
O Web Summit em Lisboa, que reúne cerca de 70 mil pessoas, termina nesta quinta-feira (14).