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Lula critica Vale por venda de ativos e diz que acordo de Mariana será fechado em outubro
Empresas citadas na reportagem:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a fazer críticas ao presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo. Sem citá-lo diretamente, Lula acusou a atual direção da companhia de “só pensar” em “vender ativos”.
Neste sentido, o presidente mandou um recado ao futuro novo gestor da mineradora, cargo que será de Gustavo Pimenta, atual vice-presidente-executivo de Finanças e Relações da empresa. Lula disse esperar que a nova direção da Vale seja “mais cuidadosa”.
“A Vale está mudando a direção e eu espero que a nova direção da Vale seja mais cuidadosa, pense mais no desenvolvimento da Vale, porque a atual direção só quer saber de vender ativos. Não quer saber de fazer novas pesquisas, de ter novos minerais”, disse o presidente em entrevista à Rádio Vitoriosa, de Minas Gerais.
Acordo pelas tragédias de Mariana e Brumadinho
Lula falou sobre o assunto ao anunciar que, até outubro deste ano, o governo federal deve fechar um acordo para que a Vale pague pelas tragédias de Mariana e Brumadinho, cidades mineiras que sofreram com o rompimento de barragens ligadas à empresa.
Sobre Mariana, Lula se refere à tragédia ocorrida em 2015, quando houve o rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, que deixou 19 mortos e um dos maiores passivos ambientais da história recente do país.
A Vale divide o controle da Samarco com a BHP Billiton. Brumadinho, por sua vez, sofreu com o rompimento de barragem da Mina Córrego do Feijão, estrutura da Vale que cedeu em janeiro de 2019, deixando mais de 200 mortos.
“Até o começo de outubro a gente vai resolver a questão do acordo com a Vale para resolver o problema de Mariana e de Brumadinho. É uma coisa que se arrasta há 10 anos, vários compromissos, tentativa de fazer acordo, decisões judiciais, e a Vale não cumpre. Agora, vai ter que cumprir”, declarou Lula.
Reunião com governador do Espírito Santo
Nesta semana, Lula se reuniu com o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, no Palácio do Planalto, justamente para discutir a negociação com a Vale. Após o encontro, o governador disse à imprensa que acordo deve girar em torno de R$ 100 bilhões, montante destinado à reparação das áreas atingidas no Espírito Santo e em Minas Gerais.
“O presidente Lula acha que fecharemos nos próximos dias o acordo de Mariana. Os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Jorge Messias (AGU) estão tratando do tema e estão na expectativa de que possamos anunciar o acordo. Está tudo muito bem construído em termos de valores. Então o acordo pode ser firmado antes mesmo do final do ano. Desde 2015, a gente não consegue fechar esse entendimento. Não sabemos o valor exato [do acordo], mas está próximo ao patamar de R$ 100 bilhões”, disse Casagrande.
O governador do Espírito Santos revelou, no entanto, que aproveitou a reunião com Lula para pedir ao governo federal para que o acordo inclua também o financiamento da duplicação da BR 262, que liga Minas Gerais ao Espírito Santo e passa próximo à Bacia do Rio Doce, atingida na tragédia.
“O que tínhamos de pendência para o acordo era a inclusão de municípios do litoral e pescadores, que não estavam incluídos. Mas isso já está resolvido, o que queremos agora é a duplicação da BR 262. Esse investimento da BR 262 pode ser feito também com essa repactuação, já que a BR está na Bacia do Rio Doce. Essa concessão já foi ofertada [para a iniciativa privada], mas não houve interessados”, explicou Casagrande.
Vale diz que ‘segue engajada’ no processo de mediação
Questionada pelo Valor, a Vale respondeu na ocasião que, como uma das acionistas da Samarco, “segue engajada” no processo de mediação conduzido pelo Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6) e busca, junto às autoridades envolvidas, “estabelecer um acordo que garanta a reparação justa e integral às pessoas atingidas e ao meio ambiente”.
“A empresa reitera que as tratativas sobre o tema ocorrem exclusivamente no âmbito do processo de mediação, de acordo e em observância aos princípios norteadores desse tipo de método de solução de conflitos, sob a liderança do desembargador responsável pela condução do procedimento. A Vale reafirma seu compromisso com as ações de reparação e compensação relacionadas ao rompimento da barragem de Fundão, da Samarco”, diz a nota.
Com informações do Valor Econômico
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