Lucio Aldworth, da Eve: ‘Devemos entrar em serviço em 2026, com preço próximo de US$ 5 milhões’
Lucio Aldworth, da Eve: ‘Devemos entrar em serviço em 2026, com preço próximo de US$ 5 milhões’
Em entrevista à Inteligência Financeira, executivo da Eve, controlada pela Embraer, fala do 'frio na barriga' na atual fase do projeto e que 'carro elétrico voador' deve chegar ao mercado em 2026, ao preço de aproximadamente US$ 5 milhões
A Eve, empresa controlada pela Embraer (EMBR3), divulgou no início de maio, um vídeo curto, quase promocional, do primeiro protótipo em escala real de sua aeronave de decolagem e pouso vertical (eVTOL, na sigla em inglês). Foi o suficiente para reavivar a curiosidade global em torno do seu lançamento.
A Inteligência Financeira conversou, em Nova York, com Lucio Aldworth, diretor de relações com investidores da Eve, que participou da Itaú BBA CEO Conference.
Na entrevista, que você confere também em vídeo, Lucio fala sobre os testes de voo, que começam este ano, da campanha de certificação, cuja previsão é para o próximo ano, e do lançamento, previsto para 2026. A Eve emprega diretamente cerca de 200 empregados, mas conta com 600 engenheiros da Embraer alocados no projeto do eVTOL.
Mercado da Eve
Segundo ele, a Eve tem até o momento 2.900 cartas de intenção de compra, com uma valor de lista de US$ 14,5 bilhões. Entretanto, o eVTOL da Eve ainda não tem preço definido. Porém, a estimativa da empresa é que chegue ao mercado custando em torno de US$ 5 milhões.
A autonomia de voo é de 100 quilômetros. Contudo, a empresa avalia que, em um primeiro momento, o eVTOL será usado para translados menores, de até 30 quilômetros. Ademais, o eVTOL da Eve deve transportar de 4 a 6 passageiros. Os primeiros clientes são empresas de aviação executiva. Apesar disso, a Eve não descarta, num segundo momento, a venda ao cliente individual.
Lucio conta que os pedidos, até agora, são de cerca de 30 clientes, de diferentes localidades do mundo. Por exemplo, operadores de helicópteros, empresas de leasing e plataformas de voos compartilhados.
Eve: testes de voo ainda este ano
A Inteligência Financeira teve acesso às imagens do primeiro protótipo em escala real da Eve, que você confere ao longo da reportagem. Atualmente, o eVTOL da Eve é do tipo “lift & cruise“, isto é, possui asas e rotores separados para propulsão vertical e horizontal. Ainda assim, há modelos diferentes (ver abaixo).
“Estamos finalizando o primeiro protótipo em escala real. Tivemos vários protótipos subescala, RIGs e modelos computacionais para simular todas as situações diferentes, nas diferentes fases de voo. A gente deve finalizar a construção deste primeiro protótipo em escala real no final de junho”, diz Lucio.
Assim como eu, você deve ter se perguntado: o que são RIGs? Em outras palavras, os RIGs são sistemas computacionais montados em gabinetes especializados. Nesse sentido, eles tornam possível simular e fazer análises de comportamento do protótipo em ambiente de operação.
Lucio conta que os motores, movidos a bateria, chegam no segundo semestre. “São elétricos, não tem emissão de carbono, (o que garante) muita redução da poluição sonora se comparado ao helicóptero.”
Fase 1: solo
Em seguida, os testes em solo começam no segundo semestre. E a expectativa, diz o executivo da Eve, é começar os testes de voo da aeronave ainda este ano.
“Nós vamos construir ainda outras cinco aeronaves que serão usadas na campanha de certificação“, diz. Esses protótipos de campanha, segundo a Eve, terão todos os componentes e sistemas do veículo comercial. A etapa de cerificação está prevista para 2025.
“A gente espera entrar em serviço em 2026 com as primeiras entregas”, diz Lucio.
Corrida contra o tempo
A Eve não está sozinha na corrida para lançar a primeira aeronaves elétrica. Há concorrentes nos Estados Unidos e na China.
Nos EUA: Beta, Joby e Archer
A norte-americana Beta é um exemplo. A empresa levantou mais de US$ 800 milhões de investidores como Fidelity, o Climate Pledge Fund da Amazon e a empresa de private equity TPG Capital.
Recentemente, a Beta concluiu a construção de uma fábrica em Burlington (Vermont, nos EUA), onde planeja produzir suas aeronaves, que ainda também não foram certificadas pela Federal Aviation Administration (órgão nos EUA, equivalente à Anac brasileira). O primeiro eVTOL de teste da Beta é o CX300, que possui envergadura de 15 metros, grandes janelas curvas e hélice traseira.
Nos Estados Unidos, a Beta é uma de várias empresas que trabalham na aviação elétrica. Na Califórnia, a Joby Aviation e a Archer Aviation também estão desenvolvendo aeronaves movidas a bateria capazes de voar verticalmente. Essas empresas são investidas por financiadores como Toyota, Stellantis, United Airlines, Delta Air Lines e grandes empresas de investimento.
Na China, Prosperity acelera
A China está adiantada na liberação de carros voadores no país. Há algumas semanas, a AutoFlight recebeu autorização para decolar seu eVTOL de cinco lugares chamado Prosperity.
Desde 26 de abril, a empresa vinha aguardando a obtenção do certificado de aeronavegabilidade para o veículo. O documento é fundamental para atestar a segurança das aeronaves durante os voos. A autorização é também necessária para operar o eVTOL comercialmente.
A aprovação veio no dia 4 de maio para permitir o uso do eVTOL como um táxi voador. O objetivo da AutoFlight é utilizar o Prosperity em viagens aéreas de curtas distâncias tanto nas cidades quanto nos translados intermunicipais.