Espaçolaser (ESPA3) já está de olho no aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda

A Espaçolaser (ESPA3) vê oportunidade de crescer com a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR).

“O aumento da faixa isenção pode nos beneficiar, porque boa parte da nossa base de clientes está nas faixas B e C”, disse nesta sexta-feira o diretor-financeiro e de relações com investidores da companhia, Fabio Itikawa, durante teleconferência sobre os resultados do quarto trimestre de 2024.

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) propôs nesta semana ampliar a faixa de isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil por mês. Pelos cálculos do governo, com a aprovação da proposta 10 milhões de pessoas deixam de pagar IR.

Além disso, o projeto também prevê desconto no imposto para quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7 mil por mês.

Se receber aprovação do Congresso Nacional, a proposta entra em vigor em 2026.

A expectativa de liberação de uma massa extra de recursos para consumo é uma esperança para as empresas do chamado consumo discricionário, setor para o qual os investidores vêm olhando com desconfiança, já que a inflação alta e os juros em elevação ameaçam a renda das famílias.

A Espaçolaser oferece em seu site pacotes de sessões que custam de R$ 350 a R$ 1.403.

Espaçolaser muda estratégia e começa a colher frutos

No caso da Espaçolaser, a mudança no IR pode dar um impulso extra para se levantar de um sofrido processo de recuperação.

Desde sua estreia na B3, em fevereiro de 2021, a companhia enfrentou um aumento acentuado da concorrência.

Como resposta, a Espaçolaser baixou preços, perdeu margens e viu sua situação financeira se deteriorar.

No pior momento, ficou perto de estourar o limite de endividamento acertado com credores (covenants).

Esse conjunto lhe custou uma perda de valor de mercado de 96%.

Nesta sexta-feira, ESPA3 valia R$ 0,73, uma penny stock, jargão do mercado para ações com valor nominal abaixo de R$ 1 e bastante especulativas.

Um ano atrás, Magali Leite assumiu a presidência da companhia, passando o comando da diretoria financeira para o atual CFO, Fabio Itikawa.

Desde então, a Espaçolaser, que se apresenta como maior rede de clínicas de depilação a laser do mundo, vem passando por uma dieta incluindo austeridade financeira e ajustes operacionais.

Magali então cuidou de alongar a dívida e reduzir os custos de endividamento.

Ao mesmo tempo, em vez de seguir se defendendo da crescente concorrência com mais e mais promoções, passou a subir preços para melhorar as margens.

No final de 2024, os resultados começaram a aparecer.

A companhia passou de prejuízo para lucro, melhorou o resultado operacional e reduziu o endividamento (veja quadro abaixo).

“Foi um turning point”, disse o Itikawa em entrevista à Inteligência Financeira.

Itaú BBA elogia Espaçolaser, mas cita longo caminho pela frente

Em relatório após o resultado mais recente da Espaçolaser, o Itaú BBA elogiou o progresso no processo de recuperação, com tendência de lucratividade e reperfilamento.

“A empresa parece estar no caminho certo”, afirmaram os autores do relatório sob liderança de Rodrigo Gastim.

Contudo, o BBA observou que 2025 deve ser um ano desafiador para o setor de consumo não essencial.

“Optamos por permanecer à margem por enquanto”, concluiu o banco, que tem recomendação de manutenção para ESPA3.

Enquanto isso, a Espaçolaser faz planos de seguir expandindo sua rede nos próximos meses, com foco em franquias, que consomem menos capital.

O foco, segundo Itikawa, serão cidades com população de 60 mil a 80 mil pessoas, além de mais expansão nem Argentina, Chile e Colômbia.

Simultaneamente, a empresa planeja seguir melhorando margens, via aumento do ticket médio.

Segundo Magali, ainda há espaço para recomposição de preços ao longo de 2025.

“Ainda não temos sentido queda da demanda”, disse ela na teleconferência.