Eletrobras enfrenta cautela em 2025 com preços voláteis da energia elétrica

A Eletrobras, após um lucro histórico, encara 2025 com cautela devido à alta volatilidade dos preços da energia elétrica, influenciada por chuvas irregulares e maior uso de fontes renováveis intermitentes.

Depois de registrar o terceiro maior lucro da história da companhia, de R$ 10,38 bilhões, a Eletrobras vai enfrentar 2025 com cautela diante da volatilidade dos preços da energia elétrica.

O cenário mais turbulento tem sido causado pela redução das chuvas e aumento da geração de eólicas e solares, o que deve levar a maior companhia de geração e transmissão de energia elétrica do país a trabalhar com premissas mais conservadoras de negócios.

O quadro de preços voláteis se dá em meio à descotização das hidrelétricas da Eletrobras: quando foi privatizada, em 2022 a companhia deixou de ter a energia remunerada pelas distribuidoras (cotas) na proporção de 20% ao ano entre 2023 e 2027.

Com essa medida, a Eletrobras pôde negociar a energia das hidrelétricas no mercado livre, no qual o consumidor pode escolher fornecedor da energia e condições contratuais.

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    Em 2024, por exemplo, a Eletrobras elevou em 26% as vendas de energia no mercado livre em 2024, frente a 2023.

    Eletrobras: preços oscilam

    Porém, o preço de liquidação das diferenças (PLD), usado como referência para negócios no mercado livre, tem sofrido variações expressivas, muitas vezes num mesmo dia.

    Por dois anos e meio, até a primeira metade de 2024, o PLD situava-se no piso regulatório de R$ 61,07 por megawatt-hora (MWh), puxando para baixo preços de contratos no mercado livre.

    Por um lado, o cenário é positivo para as usinas da Eletrobras, que busca aumentar o número de clientes. Porém tende a inviabilizar financeiramente eventuais planos da empresa de investir em novas usinas.

    Porém, desde o segundo semestre de 2024, o quadro mudou, com uma seca histórica que vinha reduzindo os reservatórios. Isso fez com que o PLD se descolasse do piso. As chuvas chegaram no fim de 2024, causando nova queda de preços, mas desde fevereiro, a instabilidade retornou com as menores projeções de chuvas.

    Dobro do valor em um mês

    Em informe a clientes, a Paraty Energia apontou que no dia 4 de fevereiro, o preço da energia de hidrelétricas e térmicas na região Sudeste, para início de suprimento em março deste ano. era de R$ 93/MWh. Pouco mais de um mês depois, no dia 11 de março, o valor para este contrato passou para R$ 317/MWh, alta de 241%.

    “Antigamente, alguém sempre diria para ficar tranquilo porque iria chover”, disse Ricardo Simabuku, conselheiro da Cãmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), no evento “Agenda Setorial”, promovido pelo CanalEnergia, na quinta-feira (13).

    Além das chuvas menos abundantes, agravadas por ondas de calor cada vez mais frequentes, a maior presença de eólicas e solares no sistema elétrico tem exigido maior despacho térmico em determinados momentos do dia, como no pôr-do-sol, quando a geração solar sai do sistema.

    Segundo o vice-presidente financeiro e de relações com investidores da Eletrobras, Eduardo Haiama, em 2024, em teleconferência com analistas sobre os resultados do quarto trimestre, na sexta-feira (14), a participação de renováveis intermitentes, como são conhecidas as eólicas e solares, corresponderam a 36,2% da matriz elétrica, contra 11,9% em 2019, cinco anos antes.

    Em paralelo, a relação entre o armazenamento máximo das hidrelétricas frente à demanda bruta de eletricidade em 2019, que era de 4,5 vezes, caiu para 3,7 vezes no ano passado. Isso ajuda a explicar a volatilidade do PLD, disse Haiama. “Na nossa visão, os agentes de mercado estavam com visão enviesada de que o preço estaria baixo [para sempre].”

    Captação da Eletrobras de R$ 32 bilhões

    A Eletrobras priorizou em 2024 a realização de investimentos na modernização e gestão de ativos de geração e transmissão, restruturação administrativa, redução de despesas com passivo do empréstimo compulsório e redesenho da gestão financeira, que resultou numa captação de R$ 32 bilhões no ano passado.

    Esse total captado se deu por meio de diversificação de fontes de financiamento (“funding”) e alongamento de prazos de amortização, de acordo com Ivan Monteiro, presidente da Eletrobras, também na teleconferência. A companhia emitiu títulos de prazos mais longos e melhores taxas, no mercado local, no exterior e por meios de agências de fomento à exportação..

    “Em face de uma nova realidade geopolítica que se apresenta, a gestão de nossa liquidez nos permite suportar todo o nosso programa de investimento atual e futuro, bem como uma atuação financeira com maior grau de liberdade”, disse Monteiro.

    Para 2025, o plano será a busca de equilíbrio na busca de remuneração ao acionista e nos caminhos de crescimento, seja por meio de novos projetos, seja por fusões e aquisições (M&A). A companhia anunciou a distribuição de R$ 4 bilhões em dividendos relativos aos resultados de 2024, maior valor total da história da companhia.

    O plano também inclui a manutenção dos investimentos na modernização dos ativos de geração, na implantação de reforços e melhorias de transmissão.

    Também passa pela garantia de flexibilidade financeira e novas abordagens para um relacionamento de longo prazo com fornecedores e clientes. “Temos muito a realizar para atingir níveis de prestação de serviços exigidos pelos nossos clientes e reguladores”, salientou Monteiro.

    *Com informações do Valor Econômico

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