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Após veículos elétricos, China busca dominar mercado de carros autônomos com inteligência artificial
Com os veículos elétricos (EVs), a China ultrapassou o resto do mundo. Agora, busca repetir o feito com a condução autônoma.
A concorrência se intensifica no “software” de assistência ao motorista – caminho para condução totalmente autônoma – entre “startups” como a XPeng e campeões nacionais de tecnologia.
Para acelerar inovação e reduzir custos, são utilizadas técnicas de IA para imitar padrões de condução humana e navegar carros em diversas situações de tráfego.
Embora os modelos mais recentes ainda exijam que o motorista humano permaneça alerta e, às vezes, assuma o controle do carro.
A tecnologia chinesa ainda não está amplamente disponível nos Estados Unidos, mas a atenção americana já está crescendo.
O governo Biden investiga se veículos conectados, carregados com “software” chinês para monitorar motoristas e se conectar a redes, representam um risco à segurança nacional.
Setor ajuda nas ambições globais da China
Afinal, dominar essas tecnologias é importante para a China, que busca realizar suas ambições de se tornar potência automotiva global, desafiando o Ocidente e o Japão.
Comparada aos EUA, onde a Tesla está na vanguarda da tecnologia de assistência ao motorista, a China oferece vantagens para empresas, que podem acelerar progresso.
Cerca de metade dos novos carros vendidos no país são veículos elétricos ou híbridos “plug-in”.
A tecnologia avançada de condução consome eletricidade devido aos computadores sofisticados a bordo que realizam cálculos em frações de segundo
Aliás, veículos eletrificados fornecem uma fonte de energia mais estável do que as baterias de chumbo-ácido em carros a gasolina, dizem analistas do setor.
Abertura a veículos autônomos
Assim, os consumidores chineses, muitos deles relativamente novos na direção, estão mais abertos a ceder o controle do veículo para um computador.
Em uma pesquisa realizada em 2023 pela PwC, 85% dos consumidores chineses disseram que se sentem confortáveis com condução autônoma que não requer supervisão humana.
As empresas estão de olho tanto nos sistemas de assistência ao motorista em carros de consumo quanto em robotáxis em direção à condução totalmente autônoma.
Ministérios em Pequim e governos locais têm introduzido diretrizes com o objetivo de desenvolver a indústria de carros autônomos.
Michael Dunne, que dirige sua própria consultoria automotiva, disse que os governos locais estavam ansiosos para ajudar as empresas a testar a tecnologia. “O ecossistema da China é projetado para acelerar a comercialização da condução autônoma”.
Tesla é inspiração
A Tesla serviu de inspiração para a indústria de veículos elétricos da China, desde seus interiores minimalistas até seu modelo de vendas diretas.
Agora, ela faz o mesmo pela assistência ao motorista, embora, desta vez, a mais recente tecnologia da Tesla ainda não esteja disponível na China.
A Tesla disse em 5 de setembro que planeja introduzir a tecnologia na China no primeiro trimestre de 2025.
A Tesla e empresas chinesas estão se concentrando na tecnologia de assistência ao motorista alimentada por IA, que pode responder a novas estradas e cenários.
Essa tecnologia é chamada de sistema de ponta a ponta porque usa único modelo de IA para absorver entradas de sensores e decidir como dirigir.
O treinamento é feito com dados, incluindo vídeos de carros dirigidos por humanos, o que permite que ele simule como as pessoas dirigem.
Aliás, em teoria, isso permite que o sistema responda espontaneamente a novas estradas e cenários.
Embora muitos no setor digam que ainda há desafios de segurança, especialmente em situações de condução incomuns.
Setor busca soluções ponta a ponta
Os principais fabricantes de automóveis e empresas de tecnologia do país estão intensificando seus planos para a condução por IA de ponta a ponta.
Assim, a XPeng, uma das maiores “startups” de EVs da China, introduziu sua versão em maio.
A BYD, maior montadora do país em vendas de veículos, está trabalhando com a Huawei, empresa de telecomunicações e “smartphones” alvo de sanções dos EUA.
O primeiro carro da BYD usando “software” de condução ponta a ponta, um SUV para andar em estrada de terra, deve ser lançado este ano. A Nio, outra “startup” de EVs, também anunciou planos semelhantes.
No primeiro trimestre de 2024, mais da metade dos carros vendidos na China estavam equipados com sistemas de assistência ao motorista de nível 2 e nível 2+, de acordo com a Canalys.
A tecnologia de nível 2 pode lidar com direção, aceleração e frenagem sob certas condições, enquanto o motorista permanece pronto para assumir o controle.
Testes acontecem em todo país
Sistema da XPeng foi testado em 4 milhões de milhas de estradas chinesas e pode ser usado em todo o país.
Isso em contraste com seu programa anterior de assistência ao motorista, que era limitado a algumas cidades com mapas de alta definição.
Contudo, um novo carro com o sistema custará apenas US$ 22 mil.
Em teste recente, o motorista – funcionário da XPeng – assumiu o controle várias vezes no trajeto de 16 quilômetros por estradas congestionadas e ruas laterais tranquilas.
Num momento, o carro, fazendo uma curva à esquerda, continuou avançando durante um sinal vermelho para conversões à esquerda até o motorista assumiu o controle.
Uma porta-voz da XPeng disse que o carro ainda estava dentro da área de espera para conversões à esquerda quando o motorista assumiu o controle.
Na maior parte do tempo, o carro dirigiu sem intervenção humana, atingindo uma velocidade máxima de cerca de 72 quilômetros por hora. As frenagens e curvas foram suaves.
“Não é para substituir os seres humanos. É para ajudar o motorista”, aliviando a fadiga, disse Liyun Li, que lidera o centro de condução autônoma da XPeng.
Tarifas afastam tecnologia dos EUA
Li disse que a XPeng gasta cerca de US$ 500 milhões por ano em computação de IA e recrutamento de talentos, dois terços do orçamento de pesquisa e desenvolvimento.
Os consumidores americanos provavelmente não experimentarão nenhuma das tecnologias chinesas por enquanto devido às tarifas proibitivas sobre EVs chineses.
A XPeng disse que espera levar seu “software” de assistência ao motorista para outros mercados internacionais.
Então, as restrições dos EUA ao acesso da China a chips avançados representam um desafio para a indústria automotiva chinesa.
Embora os EUA não proíbam atualmente a exportação da série Orin da Nvidia e de certos chips da Qualcomm usados em veículos chineses, isso pode mudar.
No entanto, a indústria de chips da China está crescendo. Tanto a XPeng quanto a Nio projetaram seus próprios chips, como a Tesla já faz.
Com informações do Valor Econômico
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