A MRV vê um movimento positivo de Estados aderindo a programas voltados para habitação de baixa renda, e que funcionam de forma suplementar ao federal Minha Casa, Minha Vida, com cheques (subsídios) para ajudar as famílias a conseguirem comprar a casa própria.
Em teleconferência com analistas, para comentar os resultados do terceiro trimestre, nesta quinta-feira (14), Eduardo Fischer, co-CEO da MRV&Co, afirmou que esses programas permitem que a empresa continue subindo seu preço de venda acima da inflação e reduzindo a participação do pro-soluto, o financiamento feito diretamente ao cliente pela incorporadora, geralmente usado para a entrada do imóvel, nas vendas. No trimestre, a modalidade representou 12,5% do valor dos imóveis, enquanto há um ano estava em 17%.
Fischer disse não ver motivo para que os programas estaduais percam força, e lembrou que algumas cidades também estão criando propostas do tipo. “Economicamente, faz todo o sentido, é peso pequeno dentro [do orçamento] dos Estados, para benefício político muito grande”.
Rafael Menin, também co-CEO da MRV&Co, alertou que o cenário macro no país está complicado, com “fiscal mal-cuidado” e curva de juros subindo novamente, mas que, por outro lado, o setor de baixa renda está protegido, com taxas de juro pré-determinadas.
Fischer afirmou, ainda, que a empresa perdeu um concorrente importante nos últimos 60 dias: os imóveis usados, que chegaram a consumir um terço do “funding” (financiamento) do FGTS para habitação. Após ajustes, esse consumo caiu pela metade, disse. “Nos ajuda bastante”.
Para Menin, há espaço para que a margem bruta de novas vendas continue crescendo — atualmente está em 37,5%, no indicador ex-juros — e a MRV terá “a melhor rentabilidade do setor em algum momento do próximo ano”, com a melhor margem bruta.
Operação nos Estados Unidos
A subsidiária americana da MRV&Co, Resia, tem enfrentado um cenário mais adverso, com juros relativamente altos no país, mas a perspectiva é de queda, o que deve melhorar a rentabilidade dos empreendimentos e torná-los mais atrativos aos compradores, segundo os executivos.
A Resia constrói prédios residenciais para locação e vende-os para investidores.
A dúvida, afirmou Menin, é sobre qual será a cadência de queda dos juros.
Perguntado sobre o impacto da eleição de Donald Trump, Menin disse que ainda é difícil fazer estimativas, mas que já se fala em “maior eficiência do Estado e tributação um pouco menor”.
A companhia tem R$ 3 bilhões em projetos em andamento na Resia e espera vender todos nos próximos seis trimestres. O quarto trimestre pode ter a venda de um empreendimento, como ocorreu no terceiro período.
Segundo Menin, a empresa tem trabalhado na aproximação com o mercado de capitais, seja a nível de projeto ou da “holding”. “Vemos interesse cada vez maior de fundos querendo participar dos projetos”, afirmou.
A Resia está passando por um corte de custos. Foi feita uma redução de 30% nas despesas gerais e administrativas e uma nova redução está prevista, disse Menin. A empresa também quer reduzir seu banco de terrenos, avaliado em R$ 16,9 bilhões, pela metade nos próximos 12 meses. “Com algum ‘delay’ [atraso] sobre a MRV Brasil, vamos ter Resia com muito mais qualidade operacional, em alguns anos”, afirmou Menin.
*Com informações do Valor Econômico