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As copas e seus prêmios milionários
O futebol vem atravessando uma mudança importante na sua estrutura operacional, com o aumento das receitas variáveis, geralmente associadas a desempenho. Portanto, melhores colocações geram mais dinheiro. Ou seja, maiores prêmios do futebol.
E aqui há uma série de debates a serem feitos, mas um vilão identificado: as competições em formato de copa. E isso, aliás, não é apenas no Brasil, é uma temática mundial.
Prêmios do futebol: de olho na performance
Então, quando se fala em receita variável dentro dos prêmios do futebol, aquele que primeiro vem à mente é a parcela de performance que os clubes recebem ao final dos campeonatos nacionais.
Nos países organizados, onde o inconformismo dos clubes possibilitou uma ruptura em relação aos feudos políticos e às federações nacionais, criando-se ligas, normalmente algo entre 25% e 30% dos valores distribuídos aos clubes pela venda de direitos de transmissão é feito a partir da performance na competição.
Por outro lado, no Brasil, a relação entre os clubes e a dona dos direitos de transmissão definiu que 30% da parcela referente a TV aberta e fechada – algo como 22% do total – fosse distribuída pela performance, excluindo da conta os clubes rebaixados a Série B.
Portanto, estamos falando de R$ 475 milhões, sendo que o campeão recebe 10% (R$ 47,5 milhões) do prêmio do futebol e os valores vão baixando conforme a tabela abaixo.
Diferença entre os prêmios do futebol
Temos diferenças. Afinal, estamos falando de uma indústria onde os principais clubes faturam acima de R$ 300 milhões anuais. Uma diferença entre 4º e 9º colocados de R$ 11,9 milhões. O que representa pouco mais de 3% para quem fatura R$ 300 milhões.
Dessa forma, a grande diferença financeira quando falamos em performance está nas copas. Falamos de Copa do Brasil, Libertadores e, por que não, Champions League.
Na Copa do Brasil, por exemplo, a premiação é absurdamente elevada. Além do título, classifica o clube para a Libertadores do ano seguinte. E entrega algo perto de R$ 93 milhões, caso o clube entre na 3ª fase da competição.
A tabela dos prêmios do futebol de 2024 é a seguinte:
Valores das competições
Para clubes de menor capacidade financeira, cuja possibilidade de vencer o Brasileirão é menor, dado a relação entre competitividade e receitas – trarei isso numa próxima coluna – a aposta na Copa do Brasil é sedutora. Mesmo sabendo do risco de não atingir o objetivo, por conta do formato da competição. Afinal, o campeão recebe quase o dobro do campeão brasileiro no quesito performance.
Daí vamos para a Copa Libertadores, principal competição continental de clubes. Na edição de 2024 a Conmebol aumentará os prêmios de participação, mas ainda não definiu os valores por competição. Como referência, vamos aos números de 2023:
Então, o campeão que entrou diretamente na fase de grupos recebeu cerca de US$ 27 milhões, ou algo como R$ 134 milhões. Considerando o aumento de cerca de 6% indicado pela Conmebol, este número vai a R$ 142 milhões (a depender do câmbio).
Portanto, é um valor 3 vezes maior que a premiação de performance do campeão brasileiro. E, repare como a Copa do Brasil tem uma premiação completamente desproporcional: ela paga ao vencedor cerca de 65% da premiação da Libertadores. E já garante ao campeão algo como R$ 19 milhões pela participação na fase de grupos da competição continental. Logo, o prêmio real pago ao campeão da Copa do Brasil é de R$ 112 milhões.
Prêmios do futebol pelo mundo
Este não é um efeito apenas brasileiro e sulamericano. A Champions League distribui valores robustos aos participantes.
A forma de distribuição de dinheiro na competição leva em consideração 3 fatores:
- Performance no ano,;
- Market Pool (relevância do país na arrecada da competição);
- Ranking histórico dos últimos 10 anos.
A partir de 2024/25 a competição terá novo formato e maior premiação. As diferenças são:
2023/24 | 2024/25 diante | |
Performance | € 1,1 bilhão | € 1,6 bilhão |
Market Poll + Histórico | € 900 milhões | € 850 milhões |
Dessa forma, as cotas por market pool e desempenho histórico acabam beneficiando os clubes ricos de sempre, pois estão sempre nas competições. Aliás, o atual ranking da UEFA coloca como 5 primeiros o Manchester City, Bayern, Real Madrid, PSG e Liverpool, e os 5 primeiros países do market pool são Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália e França.
Na parcela de performance, os clubes recebem os seguintes valores:
O campeão tende a receber algo como € 92 milhões (R$ 500 milhões). E se adicionarmos os valores de market pool e desempenho histórico, um clube pode chegar a € 131 milhões, como o Manchester City, campeão da temporada passada, ou € 122 milhões, para o Real Madrid, que ficou nas semifinais.
O valor representou, portanto, 16% das receitas do City. Como comparação, para o Fluminense, a Libertadores deve ter representado algo entre 25% e 30%. Se fosse o Flamengo, seria algo como 12%.
A aposta dos clubes menores
Competições de copa costumam ser importantes financeiramente, mas altamente relevantes para clubes de menores receitas.
Este é um insight importante: clubes de menores receitas sabem que tem menos chances de conquistar o campeonato brasileiro. Por isso, apostam tudo nas copas, seja pelo título, seja pelos prêmios do futebol, que já vimos é bastante relevante.
Há que se ponderar o risco. Competições em copa são difíceis, e nem sempre o mais rico vence. Vide o que aconteceu com Coritiba e Cruzeiro nesta semana, eliminados na primeira fase da Copa do Brasil.
Copas são competições que trazem emoção, que possibilitam o imponderável além do normal. E premiam mais o acerto pontual que o planejamento de longo prazo.
São parte importante, e cada vez mais relevante financeiramente, do que é a indústria do futebol. Só é preciso cuidado para não apostar tudo nelas. Afinal, só um colocará as mãos na taça e no pote de ouro.
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