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Americanas (AMER3) teve aprovação do aumento de capital por maioria dos acionistas, dizem fontes
Em assembleia geral extraordinária de acionistas nesta manhã, a Americanas (AMER3) aprovou por maioria o aumento de capital social da companhia, no valor de, no mínimo, R$ 12,2 bilhões, e, no máximo, R$ 40,7 bilhões. Isso corresponde à emissão de, no mínimo, 9,4 bilhões de papéis, e no máximo, de 31,3 bilhões, ao preço de R$ 1,30 por ação.
Desse montante, R$ 12 bilhões devem vir dos sócios de referência, como já acordado, enquanto os bancos credores devem aportar uma cifra semelhante.
Ainda foi aprovada e emissão de 3,1 bilhões (mínimo) e 10,4 bilhões (máximo) de bônus de subscrição, atribuídos como vantagem adicional aos subscritores das novas ações, na proporção de um bônus de subscrição para cada grupo de três ações subscritas.
Ainda foi aprovado o grupamento da totalidade das ações ordinárias da companhia, na proporção de 100 ações ordinárias para 1 ação da mesma espécie. Todas as matérias tiveram apoio de mais de 50% dos acionistas, diz fonte.
A oferta deverá, a partir de agora, ser preparada para lançamento ao mercado, e com base em dados publicados pela Americanas, sem exercício do direito de preferência da base de acionistas, o trio de referência — Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira — deve passar de uma participação atual de 30,1% para 49,3%.
Já os bancos credores sem garantia ficarão com uma posição acionária de 48,2%.
Ao se considerar o exercício de 10% do direito de preferência dos acionistas, Sicupira, Lemann e Telles ficariam com 46% da empresa e os bancos credores com 45%.
Os bancos portanto, passam a ter a posição de credores, e de sócios relevantes na rede, e, ao mesmo tempo, de agentes financeiros, já que no dia a dia, a empresa pode recorrer a eles, e a outros bancos, para cotar linhas de crédito.
No acordo com credores financeiros, os R$ 12 bilhões dos acionistas não serão aportados de forma integral.
Isso porque, desta soma total, R$ 5 bilhões são financiamentos na modalidade DIP, que se tratam, na prática, de um empréstimo extraconcursal. Dessa linha total do DIP, R$ 1,5 bilhão já foram aportados na operação após início da crise no grupo, por conta da falta de crédito para o dia a dia do negócio. Os outros R$ 3,5 bilhões vão para os primeiros pagamentos a serem feitos dentro do plano.
Sobram, então, R$ 7 bilhões. Desta soma restante, R$ 2 bilhões irão para um leilão reverso (vencem os que oferecem os menores preços) da dívida de credores, e R$ 6,7 bilhões para recomprar dívidas com desconto. Logo, no final são R$ 8,7 bilhões, acima dos R$ 7 bilhões restantes.
A diferença deve vir da recomposição do capital de giro nas negociações com fornecedores, apurou o Valor.
Informações anexadas ao acordo de apoio ao plano de recuperação judicial, assinado em novembro pelos bancos credores Bradesco, Itaú Unibanco, Santander e BTG Pactual, mostram que as instituições não terão cadeiras no novo conselho de administração — elas, basicamente, estão em comum acordo com os nomes a serem indicados. O mandato será de dois anos.
O plano já teve a aprovação dos credores em 19 de dezembro, e depois dessa fase, ainda faltava a votação em assembleia para deliberara capitalização que faz parte do plano.
A votação do plano em dezembro contou com apoio de 91,14% dos credores com dívidas sem garantias, que representam 97,19% dos créditos.
A companhia entrou com o pedido de recuperação na Justiça em 19 de janeiro, alegando “inconsistências” nos seus números e depois, investigação de advogados da empresa identificou fraude por parte da ex-diretoria por meio da criação de números fictícios, utilizando operações de riscos sacado e verba de propaganda paga pela indústria.
Até o momento, a investigação independente, com equipe de um comitê não ligado à empresa, ainda não terminou, quase um ano e meio após início da crise na rede. Também não houve condenação criminal ou civil de envolvidos na possível fraude mencionada pelo grupo.
Em relação à atuação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no caso, o órgão não informou publicamente nenhuma condenação no caso até agora. Não há inquéritos concluídos.
Em março, a CVM não aceitou proposta de acordo com os executivos das Lojas Americanas, Sergio Rial e João Guerra Duarte, relativo a falhas na divulgação de dados quando foram anunciados os problemas na empresa, em janeiro. Rial fez uma apresentação no BTG Pactual no dia pós o anúncio das “inconsistências” e tratou de informações relevantes sem informar em fato relevante.
Alem disso, ainda há mais investigações sem atualização ao mercado.
Em agosto de 2023, o procurador do MPF-RJ (Ministério Público Federal no Estado do Rio de Janeiro) José Maria de Castro Panoeiro afirmou à CPI da Americanas que o órgão negociava um acordo de delação premiada com ex-executivos da companhia, mas desde então, não trouxe novas informações sobre o caso.
Questionado pelo Valor sobre o andamento da investigação, e os dados obtidos com a delação, o MPF não se manifestou até o momento.
Pela apresentação do plano em reunião com credores em dezembro, a fraude somou R$ 25,2 bilhões, que teria sido promovida pelos ex-diretores da empresa, segundo a Americanas.
Em termos de passivos, eram R$ 49,9 bilhões em créditos sem garantias, chamados quirografários (incluindo aqueles fechados entre as empresas do grupo), e outros R$ 180,2 milhões em aberto com microempresas e empresas de pequeno porte.
Das dívidas com empregados e pequenas empresas, que somam em R$ 263,1 milhões, R$ 114,5 foram quitados, e os saldo de R$ 148,6 milhões foram pagos após a homologação do plano, ocorrida em fevereiro.
No grupo dos valores sem garantias estão os bancos, com a maior parte da soma. No fim do ano passado, com o fechamento de um acordo com as instituições, sendo o Safra o último a aderir, a Americanas conseguiu apoio de credores referentes a 57% da dívida da companhia. A empresa não tem dívidas com garantia real.
Com informações do Valor Pro, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico
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