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Bastidores: Alagoas e interesse na BP levaram Adnoc a desistir da Braskem (BRKM5); PIC segue no páreo
Empresas citadas na reportagem:
A falta de um acordo definitivo sobre os passivos ambientais da Braskem (BRKM5) em Alagoas e o interesse recente em outros ativos de óleo e gás ao redor do mundo, incluindo a gigante BP, levaram a Empresa Nacional de Petróleo de Abu Dhabi (Adnoc) a desistir de comprar a petroquímica brasileira, apurou o Valor.
A Braskem, contudo, segue no radar de outra empresa árabe, a Petrochemical Industries Company (PIC), que recebeu representantes da Novonor no Kuwait, na semana passada, segundo fontes próximas às conversas.
Rumores de que a Adnoc estava desistindo de seguir na disputa pela Braskem começaram a circular há cerca de 20 dias. Naquele momento, a BP já havia recebido uma manifestação de interesse da estatal de Abu Dhabi em uma transação bilionária, de compra de uma fatia de suas ações ou de seu controle.
Segundo fontes próximas às tratativas entre Novonor e Adnoc, as conversas evoluíram bem, com sinais claros de que poderia haver finalmente um acordo, até o fim de novembro.
A antiga Odebrecht ainda não estava satisfeita com determinados termos da oferta, mas pela primeira as diferentes partes envolvidas na potencial transação convergiam para o mesmo ponto: o de assinar um contrato de compra e venda.
O rompimento da mina 18 de sal-gema da Braskem em Maceió, em dezembro, e a exposição que o caso ganhou, culminando na instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), contudo, jogaram um balde de água fria no interesse da Adnoc.
Para a estatal árabe, o que assustou não foi o afundamento do solo em bairros de Maceió em si, mas a insegurança gerada pela interferência política nas discussões em torno dos acordos de reparação firmados pela petroquímica e a ausência de uma solução definitiva, que possa impedir, por exemplo, questionamentos sobre responsabilidade em caso de novos eventos no futuro. Até agora, a conta da Braskem em Alagoas está em R$ 15,5 bilhões.
A Adnoc fez em novembro nova oferta não-vinculante de compra do controle da Braskem, detido pela antiga Odebrecht, por R$ 37,29 cada, ou R$ 10,5 bilhões. A proposta também foi apresentada aos credores da Novonor — Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) —, que detêm as ações da Braskem em garantia a dívidas de cerca de R$ 14 bilhões.
Para que a venda da Braskem evoluísse, a Adnoc teria de apresentar uma oferta vinculante (com compromisso de compra) ao término da diligência prévia que conduzia. Nesse momento, então, a Petrobras teria de indicar qual seria a sua posição na transação.
Segunda maior acionista da petroquímica, com 36,1% do capital total (e 47% das ações com direito a voto), a estatal tem direito de comprar a fatia da sócia Novonor — 38,3% do capital total e 50,1% das ONs — ou de vender sua participação junto com a antiga Odebrecht. O comando da estatal chegou a indicar recentemente que dividiria a gestão da petroquímica com um potencial novo sócio.
Além da dúvidas quanto aos próximos passos da Petrobras, não está claro como os bancos credores da antiga Odebrecht vão reagir a mais uma baixa na tentativa de anos de venda da Braskem. Em junho de 2019, a LyondellBasell abandonou negociações exclusivas justamente causa da revelação do afundamento do solo em Maceió e das incertezas quanto ao desenrolar do problema geológico.
Apesar da desistência da Adnoc, a PIC segue conduzindo uma “due diligence”, em processo ainda inicial, segundo fontes.
Procurada, a Novonor informou em nota que segue engajada “a fim de levar adiante o processo, em linha ao compromisso assumido com suas partes relacionadas”. Já um porta-voz da Adnoc confirmou que a estatal se retirou das negociações para compra da fatia da antiga Odebrecht na petroquímica.
Com informações do Valor Pro, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico
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