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Natura&Co (NTCO3): o que esperar das ações após a venda da Aesop para a L’Oreal? Veja como o mercado avalia o negócio
Empresas citadas na reportagem:
A venda da Aesop para a L’Oréal por US$ 2,5 bilhões está na parte de cima das estimativas de geração de valor para a Natura &Co (NTCO3) e deve reverter a dívida da companhia em caixa líquido de R$ 2,21 bilhões, diz o Citi.
As ações da companhia chegaram a disparar perto de 10% nos primeiro negócios da sessão desta terça-feira (4) na B3, mas inverteram o sinal durante a tarde e passaram a operar no campo negativo. Por fim, os papéis fecharam em queda de 3,10%, cotados a R$ 13,15.
Os analistas liderados por João Pedro Soares escrevem que os múltiplos da transação em 19,3 vezes o valor sobre o Ebitda ficaram dentro da faixa de 15 a 20 vezes que eles projetavam no caso de venda total da Aesop.
O banco aponta que a estrutura da operação é vantajosa para a Natura &Co, recebendo um pagamento único no fechamento da transação, acelerando o processo de desalavancagem financeira.
A empresa vai conseguir reverter sua dívida líquida, que no fim de dezembro estava em R$ 7,44 bilhões, em caixa líquido. Os analistas também veem que a operação ajuda a reduzir os múltiplos das ações da Natura &Co de 7,8 para 5,3 vezes.
O Citi tem recomendação neutra para Natura &Co, com preço-alvo em R$ 13, valor 4,21% menor que o fechamento de segunda-feira (4).
‘Preocupações sobre alavancagem’
A Natura &Co vai se beneficiar da venda da Aesop para a L’Oréal por US$ 2,5 bilhões, acabando com as preocupações do mercado sobre sua alavancagem financeira e dando foco nos seus negócios principais, diz a XP.
Os analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt escrevem que o valor da operação é maior que o esperado, com múltiplo de 20 vezes o Ebitda em 2023 e 16 vezes em 2024, significativamente acima ao da Natura &Co.
“Acreditamos que os investidores agora se concentrarão na estratégia de longo prazo, com a integração da Avon e da Natura assumindo o centro das atenções, enquanto uma possível venda da The Body Shop poderia ser trazida à discussão”, afirmam.
A corretora pondera que a perspectiva de resultados da Natura &Co continua fraca no curto prazo, mas os múltiplos das ações agora ficam muito baratos com a venda da Aesop, mostrando um potencial de valorização robusto.
A XP tem recomendação de compra para Natura &Co, com preço-alvo em R$ 22, potencial de alta de 62,1% sobre o fechamento de segunda.
‘Foco em reestruturação
A venda da Aesop por US$ 2,5 bilhões está em linha com o valor esperado pelo mercado, ajudando a aliviar a alavancagem da Natura &Co e permitindo que a empresa avance no seu processo de reestruturação, diz o Goldman Sachs.
Os analistas Irma Sgarz, Felipe Rached e Gustavo Fratini escrevem que a operação vai garantir que a companhia reverta sua dívida líquida em caixa, assumindo que não haja cobrança tributária por ganhos de capital.
“Acreditamos que a mudança na estrutura de capital pode impulsionar a geração de fluxo de caixa livre perto da estabilidade ou até mesmo para o campo positivo já em 2023”, comentam.
Operacionalmente, a Natura &Co vai conseguir focar na reestruturação da The Body Shop e na integração da Avon com a Natura. A perspectiva negativa do setor ainda pode pesar nas ações.
O Goldman Sachs tem recomendação neutra para Natura &Co, com preço-alvo em R$ 14, potencial de alta de 3,16% sobre o fechamento de ontem.
‘Desafios permanecem’
A venda da Aesop apoia o plano estratégico da Natura &Co em reduzir alavancagem e focar na reestruturação operacional da companhia, como a integração da Avon e Natura na América Latina, diz o BTG Pactual.
Os analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Victor Rogatis escrevem que a companhia terá caixa líquido de R$ 1,6 bilhão com a finalização da operação e os múltiplos das ações vão cair para 7,5 vezes o Ebitda.
“Vemos com bons olhos os esforços para simplificar a estrutura em meio a um cenário desafiador, mas em termos de fundamentos, o curto prazo permanece desafiador, com margens sob pressão e fraqueza nas receitas”, comentam.
O BTG Pactual tem recomendação neutra para Natura &Co, com preço-alvo em R$ 18.
‘Termos atrativos’
A venda da Aesop foi feita a termos atrativos, perto das perspectivas mais positivas do mercado, o que deve ajudar a Natura&Co melhorar significativamente a sua estrutura de capital e avançar na reestruturação operacional, diz o Santander.
Os analistas Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo escrevem que o valor de US$ 2,5 bilhões pela L’Oréal avalia a Aesop em 16,6 vezes o Ebitda, mais que o dobro dos múltiplos da Natura&Co.
“Com um balanço mais robusto, acreditamos que a otimização da Avon International aconteça em um ritmo mais rápido que o esperado”, comentam. Outras iniciativas, como mudanças na The Body Shop e integração da Avon com a Natura devem ser aceleradas.
O Santander tem recomendação neutra para Natura &Co, com preço-alvo em R$ 12,20.
‘Potencial de valorização’
A venda da Aesop para a L’Oreal sugere um potencial de valorização para a Natura&Co, avalia o UBS BB em relatório. O banco destaca que o montante implica um múltiplo de 4,7 vezes o valor de empresa da sobre as vendas e um múltiplo de 23,8 vezes o valor da empresa sobre o Ebitda da Aesop em 2022.
“Com essa avaliação, vemos potencial de alta significativa para o Natura&Co, com os negócios restantes sendo negociados em torno de 5 vezes o valor da empresa sobre o Ebitda esperado para 2023, em comparação com a média global do grupo de 12,6 vezes”, comentam os analistas Vinicius Strano, Guillaume Delmas e Rodrigo Alcantara.
Por outro lado, eles ponderam que a Aesop tem sido o ativo de melhor desempenho do Grupo Natura, com crescimento de receita cambial constante em média de 18% nos últimos quatro anos, margem Ebitda de 21,7% no ano fiscal de 2022, representando 7,5% das vendas e 25% do Ebitda da Natura&Co em 2022.
Os analistas ressaltam que a Aesop acelerou os planos de expansão, incluindo o lançamento de duas lojas físicas na China, juntamente com a plataforma Aesop.com e uma operação doméstica T-Mall. Além disso, a marca avançou na diversificação de categorias com a expansão em fragrâncias.
“Embora a venda da Aesop deva limitar o potencial de ganhos de longo prazo da Natura&Co, ela também permitirá que a empresa diminua a alavancagem rapidamente e aumente a lucratividade de curto a médio prazo”, observam os analistas.
Eles comentam ainda que, com as mudanças de gestão, o Grupo Natura tem se tornado cada vez mais focado no controle de custos, na geração de caixa e na reestruturação de seus ativos na América Latina.
“Enquanto isso, a Natura&Co está reduzindo e buscando melhorar os retornos de seus ativos mais problemáticos, The Body Shop (TBS) e Avon International. Daqui para frente, as melhores condições de liquidez da empresa também devem permitir caixa para investimentos na integração das consultoras e representantes Natura e Avon na América Latina”, dizem.
O UBS BB tem recomendação neutra para as ações da Natura&Co, com preço-alvo de R$ 17, o que representa um potencial de valorização de 20% em relação à cotação atual.
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