Minha Casa Minha Vida mostra resiliência, apesar de resultados abaixo do esperado

Apesar de resultados aquém, incorporadoras do Minha Casa Minha Vida ainda animam os investidores

As altas expectativas sobre os resultados financeiros das incorporadoras que atuam no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) foram parcialmente frustradas no quarto trimestre, de acordo com os relatórios publicados por analistas que acompanham o setor, apesar do bom desempenho operacional na comparação com o mesmo período de 2023 e também no acumulado do ano.

Tenda, MRV e Plano&Plano decepcionaram alguns analistas ao entregarem resultados aquém do esperado, cada uma por um motivo diferente.

Na Tenda, o desempenho fraco da Alea, sua marca de casas pré-fabricadas, e uma provisão maior para a inflação, atrapalharam a margem e sua receita líquida.

Na MRV, foi a Resia, operação americana, que prejudicou os resultados, já que a incorporação no Brasil vai bem.

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    Na Plano&Plano, a participação maior de empreendimentos do programa paulistano Pode Entrar pressionaram no final a lucratividade.

    Já Cury e Direcional tiveram resultados classificados como “fortes” e “sólidos”, ainda que dentro do esperado.

    Caminho positivo

    Mesmo para as incorporadoras que decepcionaram no trimestre, ficou a mensagem de que elas estão em um caminho positivo. O programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) tem rodado bem, com demanda resiliente, que tem absorvido o aumento de volume produzido.

    Agora, o setor pede algumas alterações na política, consideradas “ajustes finos”, para manter o ritmo desses resultados.

    Setor quer mudanças no teto

    Luiz França, presidente da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) defendeu, em coletiva de imprensa na terça-feira (11), mudanças no teto de preço das unidades do programa, mas só em algumas cidades.

    Hoje, o teto máximo do MCMV é R$ 350 mil, mas esse valor vale apenas para a faixa 3, para rendas de R$ 4,4 mil a R$ 8 mil. As rendas menores, das faixas 1 e 2, ficam sob outros tetos, que vão de R$ 190 mil a R$ 265 mil, a depender da cidade, o que não estaria mais sendo suficiente em determinados municípios.

    Também se pede uma atualização dos valores das faixas de renda, que não são alterados desde 2023. “Não há necessidade de alteração que traga maior volume e demanda, ela já existe”, disse França.

    Faixas menores do Minha Casa Minha Vida

    Essas alterações beneficiariam principalmente incorporadoras que atuam nas faixas menores do MCMV, como a Tenda, que tem 55% dos seus clientes na faixa 1.

    A Pacaembu, incorporadora de grande porte, mas que não é listada, seria outra beneficiada. A empresa, que faz casas no interior do país, tem 68% de clientes na faixa 1.

    “Uma família que seria enquadrada, não entra mais, muda o patamar de juros e ela perde poder de compra”, diz Victor de Almeida, presidente do conselho de administração da empresa.

    Em teleconferência de resultado, o presidente da Direcional, Ricardo Gontijo, criticou a possibilidade de alterar o teto geral do programa.

    “[O MCMV] deveria ser destinado para as famílias de menor renda, quando pensamos no futuro do país e no que é melhor para a sociedade ”, afirmou.

    Expectativas

    Ainda não se sabe quando uma alteração vai ocorrer. Ronaldo Cury, diretor de relações com investidores da Cury, disse esperar algo já no fim deste mês, quando haverá reunião do conselho curador do FGTS. Para Rodrigo Osmo, presidente da Tenda, porém, deve levar mais tempo.

    O otimismo entre as empresas que atuam no MCMV é maior do que no restante do setor. Pesquisa da Abrainc, com 54 empresários, mostra que 97% daqueles que atuam no programa pretendem comprar terrenos nos próximos 12 meses, ante 51% das empresas de médio e alto padrão. Todos os empresários do MCMV planejam lançar dentro de um ano, contra 84% dos de médio e alto padrão.

    A competição pelo consumidor e por mão de obra tem se acirrado em São Paulo, mas há espaço em outras praças. A Pacaembu notou isso especialmente no Mato Grosso, onde o agronegócio faz cidades do interior dobrarem de tamanho e puxa a demanda por moradia.

    A empresa começou a atuar no Estado no ano passado, em Cuiabá e Primavera do Leste. Este ano entra também em Sinop e Lucas do Rio Verde. “O cliente de Mato Grosso hoje é a nossa maior renda média, maior do que São Paulo”, afirmou Almeida, e o que mais paga em aluguel, proporcionalmente à renda.

    O interior de São Paulo ainda é a maior praça da Pacaembu, com 72% dos terrenos da companhia.

    *Com informações do Valor Econômico

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