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Jovem bilionário brasileiro vê oportunidades no home office
Henrique Dubugras, o empreendedor brasileiro que entrou para o grupo dos 12 mais jovens bilionários da “Forbes”, diz que apenas três anos atrás era totalmente contra o home office — “Eu achava que era impossível construir a cultura da empresa”.
Sua empresa, a fintech Brex, tinha todos os funcionários trabalhando presencialmente no Vale do Silício. Hoje, o trabalho remoto é a regra na Brex.
Mais do que necessidade para enfrentar uma pandemia, o home office tornou-se uma oportunidade, disse Dubugras, 26 anos, num dos painéis da Brazil Conference, evento realizado pela comunidade de estudantes brasileiros em Boston. Ele participou do painel moderado pelo investidor brasileiro Jorge Paulo Lemann, com um dos fundadores do Tinder, o americano Justin Mateen.
Dubugras e Mateen ressaltaram como o home office expandiu as possibilidades de contratação. “A grande vantagem é a quantidade de talento, porque você pode contratar em qualquer lugar”, disse. A Brex, que Dubugras fundou com outro jovem brasileiro, Pedro Franceschi, quando estudavam em Stanford, contratou nos últimos anos, por exemplo no Brasil.
Ele vê nisso ainda um potencial de disseminação de conhecimento. Os engenheiros formados no Vale do Silício, disse, não são necessariamente mais espertos que os formados no Brasil, mas já são treinados em práticas que um brasileiro pode levar um pouco mais de tempo para aprender. Só que, ao aprenderem as melhores práticas por trabalhar em empresas internacionais que as adotam, esses engenheiros vão poder depois treinar outros e espalhar o conhecimento.
Tanto Dubugras quanto Mateen e Lemann consideram, no entanto, que o home office não é uma vantagem universal, que possa ser aplicada a qualquer negócio. “Treinamento é um problema”, disse Lemann. “Mas o mercado vai encontrar o caminho.”
Dubugras e Mateen veem outros negócios se desenvolvendo a partir do uso disseminado do trabalho remoto. “É aí que está a oportunidade”, disse Dubugras. Ele lembra como serviços prestados por aplicativos como Uber deram origem a diversas outras atividades, que atendem às necessidades dos trabalhadores que fazem as entregas ou transportam passageiros — os efeitos de segunda e terceira ordem.
Vários dos estudantes brasileiros em Boston são potenciais empreendedores. Para essa plateia, a dica de Dubugras foi de gastar mais tempo com clientes e menos com livros de negócios. Ele disse que entender a clientela é a grande chave, especialmente quando as gerações crescem sob mundos completamente diversos.
Para os brasileiros, Mateen sugeriu mais confiança. Ele disse que sua experiência com o Brasil (ele investe em empresas no país) mostra que há talento, inteligência, mas ao mesmo tempo uma visão bastante negativa do país entre os brasileiros — o complexo de vira-lata.
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