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Mercado retoma apetite por risco com lucro das empresas nos EUA e percepção de fim de ciclo de juros altos
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No Brasil, apesar do otimismo, os juros futuros fecharam a quinta-feira (13) em alta, o que pareceu contraditório com o tom otimista dos mercados. Entenda
O sopro de otimismo veio do exterior na quinta-feira (13) e contribuiu para o bom desempenho do Ibovespa e para a apreciação do real frente ao dólar. As negociações na bolsa de valores local devem refletir nesta sexta-feira (14) a expectativa pelo fim do aperto monetário nos Estados Unidos e pela queda da taxa básica Selic, na próxima reunião do Copom, no início de agosto. Os bons ventos continuam vindo do exterior, com a temporada de balanços nos Estados Unidos impulsionando o otimismo do mercado.
O banco JPMorgan registrou um lucro robusto de US$ 14,47 bilhões no último trimestre, superando as expectativas dos analistas, enquanto o Wells Fargo também registrou um grande salto nos lucros. Bolsas de Nova York devem refletir nas negociações os bons desempenhos corporativos. Leia completo em: Resultados do 2º trimestre do JPMorgan, Citi e Wells Fargo animam Wall Street nesta sexta (14).
“A alta forte do Ibovespa (na quinta), mantendo a recuperação desde o fim de março, em velocidade rápida desde os 98 mil até a região dos 120 mil pontos, mostra resiliência. Apesar (de o principal índice da bolsa) ter ficado meio de lado nas últimas três semanas. A reforma tributária aprovada na Câmara ampara a visão de que o Copom inicie o corte de juros” diz Felipe Moura, analista e sócio da Finacap Investimentos.
Nos Estados Unidos, a forte desaceleração em junho da inflação ao produtor reduziu as expectativas por aperto monetário adicional do Fed (banco central dos Estados Unidos) após o que espera-se que seja um aumento final de 25 pontos-base final neste do mês.
“Aumenta a expectativa de que o Fed, ao fim da próxima reunião (26 de julho), já possa vir com tom menos duro”, diz Bruna Centeno, sócia e especialista da Blue3 Investimentos.
Juros futuros: sinal amarelo
Apesar do otimismo, os juros futuros fecharam a quinta-feira (13) em alta, o que pareceu contraditório com o tom otimista dos mercados. A explicação, segundo analistas, passa por ‘questões técnicas’.
O economista-chefe da Terra Investimentos, João Mauricio Rosal, afirma que a trajetória altista dos juros futuros aparentemente não teve apoio em fundamentos. Porém, ele não descarta algum desconforto com o comportamento do petróleo que vem subindo nos últimos dias. No Brasil, a Petrobras tem reajustado em baixa os preços da gasolina, limitando o impacto da reoneração tributária sobre o combustível em julho.
Outra questão no radar, diz o economista da Terra Investimentos, é a possibilidade de o governo lançar um programa de desoneração para linha branca. O mercado aguarda os detalhes sobre o eventual pacote, especialmente sobre como será a recomposição de receitas, crucial para as aspirações do arcabouço fiscal.
Follow-on: MRV e BRF com dinheiro no caixa
A MRV precificou na quinta a sua oferta subsequente de ações (“follow-on”) em R$ 12,80, segundo o Valor Econômico. Com isso, a oferta movimentou R$ 1 bilhão, valor que a companhia coloca em seu caixa. De acordo com informações da empresa, os recursos provenientes da oferta serão utilizados para melhorar sua estrutura de capital.
A BRF, dona da Sadia e Perdigão, concluiu sua oferta subsequente de ações, com a injeção de capital total de R$ 5,4 bilhões, com a entrada de recursos do fundo árabe Salic e aumento de posição da Marfrig, do empresário Marcos Molina.
Desenrola Brasil
Os bancos começam na próxima segunda-feira (17) a renegociar R$ 50 bilhões em dívidas de até 30 milhões de pessoas no âmbito do programa Desenrola, uma das apostas do governo federal para limpar o nome dos brasileiros endividados. Além disso, ainda na segunda, entre 1,5 milhão e 1,7 milhão de pessoas negativadas com dívidas bancárias de até R$ 100 terão seus débitos cancelados pelas instituições financeiras, uma das pré-condições impostas pelo Executivo para que os bancos participassem do programa.
Mercado ontem
Ibovespa
O Ibovespa evitou perdas pela segunda sessão na quinta (13), sem esmorecer no fechamento, aos 119 mil pontos – diferentemente de quarta-feira, quando perdeu força e quase entregou o sinal positivo no fim do dia. O Ibovespa oscilou entre mínima de 117.668,13 e máxima de 119.739,09 pontos, fechando em alta de 1,36%, aos 119.263,89 pontos, no maior nível desde o último dia 5. Desde 14 e 15 de junho, a referência da B3 não conseguia emendar dois ganhos diários.
Bolsas de Nova York
As bolsas de Nova York fecharam em alta. O índice Dow Jones fechou com avanço de 0,14%, a 34.395,14 pontos; o S&P 500 ganhou 0,85%, a 4.510,04 pontos, pela primeira vez acima de 4,5 mil pontos desde abril de 2022; e o Nasdaq subiu 1,58% a 14.138,57 pontos.
Em destaque, o papel da Alphabet avançou 4,72%, após o Google lançar o Bard, seu serviço rival ao ChatGPT, na União Europeia e no Brasil. Já a Amazon subiu 2,68% depois de a empresa informar que o primeiro dia do seu Prime Day – campanha de descontos exclusivos para assinantes do Prime -, na terça-feira, 11, foi o melhor em vendas da história.
As empresas do setor cripto dispararam, após decisão judicial parcialmente em favor da companhia de criptomoedas Ripples Labs contra a Securities and Exchange Comission. A gigante Coinbase teve alta de 24,49%% e as mineradoras de bitcoin Riot Platform e Marathon valorizaram 14,96% e 14,47%, respectivamente.
Dólar
O dólar à vista recuou 0,57% em relação ao real, quando encerrou a sessão cotado em R$ 4,7903 – abaixo da linha de R$ 4,80 no fechamento pela primeira vez em julho. Para o chefe da tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, a virada nas expectativas para a política monetária dos Estados Unidos explica o fortalecimento do real e de outras divisas emergentes na sessão. Ele destaca que, entre a divulgação do CPI de junho, na quarta-feira (12) e o fechamento do mercado doméstico na sessão de quinta (13), o DXY caiu mais de 1 ponto e o rendimento da T-Note de 5 anos, cerca de 16 pontos-base.
“Todo o mercado melhorou, o euro está voando, as moedas emergentes estão valorizando e o real subiu. É tudo em cima dessa mudança de perspectiva para a taxa de juros americana”, diz o especialista.
Esse cenário favorece a expectativa de um dólar mais fraco globalmente, que pode manter a moeda americana abaixo de R$ 5,0 até o fim do ano, afirma.
A ver nesta sexta-feira se otimismo se mantem.
Com informações do Estadão Conteúdo
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